35 - Hogsmeade, 1996

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O dia nublado arrepiava a garota, que havia escolhido um sobretudo preto, pesado e grosso para vestir. Saori estava contando algumas moedas para levar à Hogsmeade.

— Vaaaaamos, Sa! Que enrolação! - choramingou Angel. Ela havia combinado com Mattheo de se encontrarem na porta da escola às dez, e já eram nove e cinquenta.

— Calma, Angel. Eu preciso ver o quanto vou gastar hoje, para não comer minha mesada toda de uma vez... - respondeu a japonesa, guardando alguns galeões na bolsa e colocando o resto de sua mesada de volta ao pequeno cofre que possuía - Vamos. Feliz?

A loira agitou rápido a cabeça, tomando a mão da amiga ao sair correndo do quarto. Elas se desviaram de alguns alunos para cortar caminho pelo segundo andar. Desceram as escadas correndo, ofegando ao chegarem na fila de alunos.

Os terceiranistas estavam ansiosos, conversando animadamente. Elas procuraram por Mattheo no meio das crianças, vendo-o encostado na parede, fora da fila. Angel sorriu, indo em direção à ele, mas parando quando Saori lhe deu um puxão.

— Não vou para lá. O Malfoy está ali.

Angel revirou os olhos. — Sa, você deveria parar de pegar as dores da sua irmã. Sabe como meu irmão exagera nos detalhes...

— Eu sei, tá legal? Só não quero me envolver com um babaca como ele.

— Pare de julgar as pessoas pelo que você ouviu dos outros, Sa... - a loira suspirou - Olhe, sua irmã está ali. - apontou para Naomi, que conversava com Hermione - Eu já havia dito para Mattheo que nos encontraríamos aqui, então realmente preciso ir lá.

Saori suspirou - Não, tudo bem. Quero ficar com você, vamos comprar doces para estrear a primeira visita do ano.

A loira sorriu — Tá bom.

Elas foram até o grupo de meninos, que conversavam. Mattheo estava fumando, assim como Nott. Draco parecia cansado e nervoso, com a pele pálida demais, quieto e encostado na parede. Berkshire e Zabini riam de algo.

— Oi gente. - Angel cumprimentou-os, envergonhada. Zabini olhou para ela, abraçando seus ombros com o braço.

— Loirinha! Que bom te ver. Como acordou hoje? - zombou. Eles haviam ficado conversando até de madrugada na comunal noite passada. Em algum momento da noite, Mattheo havia se juntado a eles, mas não falou muito. Draco sentia-se tão exausto e ansioso, que foi direto para o quarto.

— Oi, Zabini. - ela saiu do agarre do moreno, indo para o lado de Mattheo, que a observou com um meio sorriso.

— Oi atrevidinha. - ele falou, resistindo ao impulso de colocar uma mecha de seu cabelo para trás da orelha.

— Oi Mattheo... - ela sorriu, olhando ao redor para checar onde seu irmão estava antes de deixar um beijo rápido sobre os lábios dele.

— Japonesa! - Blaise gritou ao reparar em Saori, que estava brincando com os muitos anéis que possuía nas mãos.

— É. - a morena respondeu sem muito humor. Angel revirou os olhos para a amiga, voltando o olhar para Mattheo, percebendo que o garoto parecia distante.

— Está tudo bem com você? - perguntou, apertando a mão do moreno. Ele voltou o olhar para ela, confuso.

— O que?

— Está tudo bem? - ela disse devagar, preocupada. Ele lançou um olhar rápido para Draco, que o observava do canto mais afastado que se encontrava.

— Sim. - suspirou, tomando os lábios da garota em um beijo - Sim, é só cansaço.

Ela se afastou, apreensiva. Olhou para o Malfoy, que parecia tão avoado quanto o moreno, as peças se juntando lentamente em sua cabeça. O que eles tinham?

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Quando Saori e Angel entraram no Três Vassouras, o ar quente atingindo-o como um abraço de cobertor, ele passou a se sentir apreensivo. Ao extremo.

Suas mãos tremiam com a ansiedade, e sentia o loiro respirando pesadamente atrás de si. Os garotos sentaram-se ao redor das duas, ele ficando ao lado da atrevidinha. Mattheo respirou fundo, vendo brevemente o embrulho no casaco de Draco.

— Riddle, eu vou... - começou o loiro, mas Angel interrompeu-o.

— Podem falar vocês dois. - ela sussurrou, seu corpo debruçando-se sobre o de Mattheo. O loiro engoliu em seco, os olhos arregalados como os de uma criança sendo pega na bagunça.

— O que você quer dizer? - Draco perguntou, afastando-se um pouco e se recostando na cadeira.

— Estou dizendo que vocês andam muito estranhos, cheios dos segredos e das sumidas. Olha aqui Mattheo, se você comer dos dois, me avisasse antes. - ela lançou um olhar divertido para o moreno, que revirou os olhos. - E então?

Mattheo bufou. — Não é da sua conta, Pot... Fallen. - ele se corrigiu com uma tossida forçada - É um assunto nosso.

— Ah... - ela semicerrou os olhos, desacreditada - Tudo bem, então.

Angel voltou a se sentar, entrando na conversa que Saori tinha com Nott. Draco lançou um olhar para o moreno, e fez um gesto em direção ao banheiro, que ficava em um corredor à parte. Mattheo fez um breve aceno, voltando a atenção vaga para as pessoas na mesa.

Draco levantou-se, dizendo ir ao banheiro. Mattheo reparou no olhar que Angel deu ao loiro, mas ignorou. Eles voltaram a conversar, o suor passando a escorrer o corpo elétrico do menino.

Ele suava. Draco suava tanto que sentia seus pés dançarem no sapato de couro. Ele entrou silenciosamente pela porta, checando ao redor do banheiro feminino, conferindo que estava vazio. Ele esperou atrás da porta, tremendo. Seu coração retumbava cada vez mais alto em seus ouvidos, abafando os sons de fora. Ele passou a focar a atenção no corredor, acordando de um estado vegetativo quando passos se aproximaram da porta.

Draco se afastou, a porta do banheiro feminino foi aberta e imediatamente ele lançou um feitiço Imperio na pessoa que entrou. Reconheceu a amiga de Cho Chang. — Você deveria entregar isso à Dumbledore, como um presente de Severus Snape. Mas perderá o presente a caminho de Hogwarts. Não. Entregue. - ordenou conforme as ordens de seu professor, seguindo o plano de Mattheo.

Ela disse que sim distante, sua consciência longe de seu corpo. Logo que a garota saiu, ele sentiu seus pulmões funcionarem novamente.

Draco saiu, entrando rapidamente no banheiro masculino para jogar água em seu rosto pálido. Inspirou fundo antes de sair, dando de cara com Angel, que acabava de sair do banheiro feminino. Ela parecia pálida e ofegante.

Uma breve olhada, viu que Mattheo continuava na mesa. Ele voltou a encará-la, que o observava com preocupação.

Merda.

Ela ouviu tudo.

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A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora