34 - Saori, 1991 (passado)

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Haviam malas em seu dormitório. Até aquele momento, ela não dividia ele com ninguém.

Uma garota loira, com olhos castanhos grandes entrou, olhando ao redor, admirada. Ela se virou para Saori, sorrindo e corando. — Oi. Eu sou a Angel. Angel Fallen.

Ela estendeu a mão para a japonesa, que aceitou. — Saori Nagasaki.

Angel foi até a parede dos fundos, feita de vidro, completamente submersas na água do lago naquela época do ano. — Isso é... louco.

Saori observou a menina com diversão. — De qual ano você é? - Angel suspirou, enrolando um pouco para falar. — Eu meio que sou do primeiro, mas estou no segundo.

— Como assim? - Saori sentou-se em sua cama, pegando um dos livros que estavam sobre a mesinha de canto. Angel riu, parecendo desconfortável. — É uma looonga história.

A japonesa entendeu que a menina não queria dizer, então ficou quieta. — Amanhã... - a loira começou após um tempo - Pode me ajudar a chegar nas salas? Eu não peguei o tour que os monitores fizeram...

Ela havia pulado um ano, e não estava presente no tour? Quem era aquela garota?

— Claro. - Saori respondeu - De onde você veio?

Angel pensou um pouco. — Também é uma longa história.

Elas ficaram em silêncio, e Saori reparou que Angel lia um livro usado na primeira série. — Você... chegou a fazer o primeiro ano em outra escola?

A loira congelou, a respiração fraca. Ela reparou em como a nova menina parecia nervosa. Ela limpou a garganta, corando. — Não... - murmurou - Estou com medo de falhar por causa disso.

Saori olhou para a garota, vendo um pouco de si nela também. Ela sorriu, deixando o livro de lado. — Tudo bem. Eu posso te ajudar com a matéria e com os feitiços.

Angel sorriu, e o sorriso dela era lindo e inocente. — Obrigada, Saori.

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O problema, é que ambas as garotas eram muito fechadas. Angel mal pedia a ajuda de Saori, preferindo ir até a biblioteca e ficar por lá horas e mais horas, a incomodar alguém. E Saori não sabia como se comunicar. A loira era quieta dentro do quarto, mal fazia algum barulho. Ela decidiu deixá-la.

Havia acabado de se despedir de sua irmã, que novamente havia se metido em encrenca com o Malfoy novamente. Ele estava começando a passar dos limites, e a japonesa odiava que sua irmã a proibisse de fazer algo. Ela entrou no quarto, estranhando as janelas fechadas. Angel parecia gostar da luz verde aquosa que entrava durante a tarde.

Ela usou um feitiço simples para abrir as cortinas, vendo a cama desarrumada da colega de quarto. Essa pequena bagunça já era estranha. A menina sempre deixava tudo tão arrumado, que nem parecia viver ali. Saori foi andando até sua cama, seu coração parando na boca quando viu um corpo deitado no chão, ao lado da cama de Angel.

Ela correu até a menina caída no chão, sangue cobrindo os braços, pescoço e barriga da garota desacordada. — Ai meu kami... - murmurou, preocupada - Garota! Garota, acorde! - sussurrou, chacoalhando a loira. Mas ela não demonstrava nenhum sinal de consciência.

A morena pegou o corpo pequeno da menina, colocando-a sobre a cama, checando seus pulsos, com arranhões enormes que já coagulavam, o pescoço, com marcas de unhas que não sangravam mais. Com cuidado, Saori subiu a blusa de Angel, prendendo o fôlego com o corte que passava em sua barriga. — Ai meu deus, menina. O que você têm feito consigo mesma? - murmurou, voltando a blusa no lugar - É melhor você estar aqui quando eu voltar com a curandeira, Angel. E é melhor estar vivíssima, por que eu vou te dar uma bronca das grandes.

A japonesa saiu correndo pela comunal, empurrando os alunos para chegar o mais rápido possível até a enfermaria. A Madame Pomfrey conversava com Dumbledore quando ela entrou correndo. — Ah, meu deus, senhorita Nagasaki. Que pressa é essa? - a mulher perguntou, preocupada.

Saori ofegava, a preocupação pela colega de quarto crescendo a cada segundo. — Preciso que venha comigo até o dormitório. - suspirou - É urgente.

Dumbledore não fez perguntas. A curandeira deu uma última olhada para o diretor antes de seguir a aluna pelos corredores cheios de Hogwarts. Quando Saori destrancou o quarto, sentiu-se um pouco aliviada ao ver o corpo, ainda inconsciente, na cama.

— Misericórdia! - exclamou a curandeira - Há quanto tempo ela está assim? - foi em direção à Angel, usando a varinha para limpar o sangue seco do pescoço e braços.

— Eu não sei. Mas há um corte por baixo da blus... - mas a Madame Pomfrey já havia levantado a camisa de Angel, exclamando um "Pelos bons céus!". Por dez minutos, passou limpando e cicatrizando as feridas da garota.

— Ela não perdeu tanto sangue assim, foi um milagre. Sabe o que aconteceu com ela? - a mulher perguntou após terminar o trabalho. Saori negou, abalada. — Não. Eu entrei e a vi no chão. Corri direto para a senhora.

A curandeira suspirou, sentando-se na cadeira da mesa de estudos que havia no quarto. — Ficarei aqui até que ela acorde. Vá comer algo, querida. Você está pálida.

Saori saiu do quarto, ainda enternecida.

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Quando ela voltou, Madame Pomfrey estava em pé, segurando a mão de Angel, que conversava com a mulher. A loira olhou para a porta, sorrindo fraco. —Oi.

Saori soltou o ar com uma risada. — Oi.

— Desculpe por causar tanta preocupação. - murmurou a loira - Eu só... - mas ela se calou quando duas figuras apareceram com um estalo no quarto. Saori pulou para trás com o susto, ao ver Dumbledore e... Harry Potter?

— Angel. Você está bem? - o menino foi até a cama da garota, parecia preocupado - Dumbledore me contou que você estava mal. O que houve?

Mas a loira fez um gesto de dispensa com a mão. — Estou bem agora, Harry.

O menino desvia o olhar, congelando ao ver Saori. — Não sabia... que tinha alguém aqui. - murmurou, olhando para Dubledore. O diretor olhou para Saori, e voltou a encarar o menino.

— Acho que já foi o suficiente por hoje, Harry. Vamos. - disse estendendo a mão para o menino, que aceitou. Com outro estalo, eles sumiram. Madame Pomfrey falou algo com Angel, entregando-lhe um frasco, e dando um sorriso para Saori antes de sair.

A japonesa encarou Angel, que havia fechado os olhos. — O que aconteceu com você?

Angel estava exausta. Não conseguia ser boa o suficiente nas matérias, pois havia pulado uma série inteira. As crises estavam tão frequentes, que um simples arranhão ou mordida já não fazia mais efeito. Ela fechou os olhos, as lágrimas enchendo seus olhos. Além de tudo, ela precisava fingir que não era quem era, precisava esconder seu nome e sua história. Precisava ignorar seu irmão, que, mesmo não gostando muito dela, ela o amava.

— Se eu te contar uma coisa, você promete nunca contar à ninguém?

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A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora