118 - Mansão Nagasaki, 1997

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Mattheo não havia descido para o jantar naquela noite. Nem para o café, na manhã seguinte.

Angel não escutava um único som saindo do quarto do moreno, mesmo que passasse horas com a orelha grudada na parede de seu quarto; eles eram vizinhos, afinal. Ela ouviria alguma coisa. Em algum momento.

Uma vez ao dia, um de seus amigos, fosse Saori, Pansy, Theodore, Lorenzo ou Draco, aparatavam até as pequenas vilas mais próximas de onde estavam - que ainda sim, era longe - e compravam os suprimentos que faltava.

Eles não estavam sendo caçados, então não era um perigo tão grande assim. Porém, sempre se vestiam de forma diferente e escondiam a cor do cabelo.

Angel tentou ocupar o vazio em seu peito fazendo as coisas na casa. Ela limpava, arrumava, cozinhava... tudo para ficar mais cansada antes de dormir.

Porque era no meio da noite...

Tinha acontecido na segunda noite ali. Ela acordou suada, mas gritou e chorou ao sentir o suor. Parecia sangue. E seu corpo parecia doer por inteiro, e ela estava deitada de novo naquela mesa, e seus amigos nunca haviam ido buscá-la, e tinha sido tudo um sonho...

Pansy e Saori quebraram a fechadura para poder entrar, envolveram a loira nos braços e a apertaram até que a tremedeira passasse.

E Mattheo ouviu tudo. O coração se estilhaçou em milhares de vezes. Ele queria estar ali, com ela. Queria abraçá-la e beijar os lábios que tanto amava, e chorar com ela e pedir desculpas.

Mas quando ela gritou, e ele morreu mais um pouco por dentro, Mattheo chorou.

O choro mais doloroso e silencioso que alguém poderia dar.

Nem o vento da janela poderia lhe entregar ar o suficiente para que se acalmasse. Então ele se deitou contra a parede que dividia com o quarto de Angel, e chorou.

Até que ela parasse de gritar, e o quarto ao lado estivesse em silêncio. Até que ele, por estar horas sem comer, se sentisse tonto pela adrenalina repentina e se apoiasse no chão, buscando ar para o cérebro, e fosse fumar.

Ele fumou um, dois, três, quatro cigarros. Mas a nicotina era como cinzas em sua boca. Não tinha gosto e não dava prazer.

Pois não era ela.

Mascarava a fome, pelo menos.

Ela está melhor sem mim. Vai viver melhor se eu estiver fora de sua vida. - era o que ele dizia para si. Está tudo bem. Mais uma semana... mais uma semana só para ter certeza se ela está bem. Depois, eu vou embora.

Ele havia planejado isso no momento que a viu. Tudo o que Mattheo trouxe e causou à ela... não poderia acontecer de novo.

Ele não merecia o amor dela. Havia tentado matá-la, matar a sua garota, e mesmo assim...

Eu te amo, Mattheo.

Isso estava acabando com ele, mas machucaria ela ainda mais. Se Angel continuasse amando ele, se ela ficasse ao lado dele...

Ele não conseguiria ver tudo de novo. Não conseguiria vê-la naquela mesa. Pouco estava se fodendo para a tortura que passou naquele lugar; o que mais doeu foi vê-la lá, deitada, e não conseguir fazer nada para mudar.

Para salvá-la.

Por favor Mattheo. Não me leve de volta para lá.

Ah, Angel.

A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora