39 - Hogsmeade, 1996

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A japonesa estava pálida. O ar parecia ter se condensado ao redor das amigas enquanto Saori processava o que Angel havia dito.

— Como é...?

— Calma. Deixa eu te dizer o que aconteceu hoje mais cedo, no Três vassouras. - a loira interrompeu a amiga, e contou tudo que havia escutado no banheiro feminino, sobre Draco ter lançado uma maldição na menina corvina e sobre o estranho pacote. Também explicou em como Mattheo e ele andavam estranhos e cheios de segredos e tensão, e em como ela havia reparado na respiração do Malfoy, que estava tão desregulada como a dela costumava ser quando sua ansiedade estava atacada.

Saori escutou tudo em silêncio, pensando e usando toda sua inteligência para tentar encaixar as peças. — Então... você acha que ele é um comensal e precisa entregar algo para Dumbledore, mas ele ordenou à corvina para que perdesse esse algo? - concluiu ela quando Angel terminou de falar. A loira fez um breve gesto, concordando. Saori chacoalhou a cabeça em uma dispensa silenciosa, encostando na parede de tijolos atrás de si. — Isso não faz sentido. Na verdade, faz. Mas não entendo porque Mattheo estaria envolvido.

— Ele é o filho do Vol... - a voz foi sumindo quando a japonesa lançou-lhe um olhar apreensivo - Daquele-que-não-deve-ser-nomeado. É meio compreensível que esteja ajudando o Draco com a missão. Talvez até supervisionando ele pelo pai.

— Mas mesmo assim... - os olhos da morena estavam distantes enquanto ela pensava - O que será que eles precisam entregar para Dumbledore? E se... Angel, e se for algo perigoso? - voltou o olhar para a loira, que pensava - Será que Dumbledore sabe disso?

— Se não souber, vai continuar assim. - Angel respondeu, e a amiga encarou-a com assombro.

— Como assim, Angel?! - Saori exasperou, esquecendo sua teoria sobre o que seria o pacote - Se isso machucar alguém, se pudéssemos ter impedido algo...

— Não dá, Saori. - ela sussurrou, e seu tom sôfrego fez a amiga calar o discurso - Se formos até Dumbledore e acusarmos o Draco por algo que ainda não temos certeza de ser verdade, vamos sair com o nome manchado. Mas o pior, é que podemos estar certas. E se for isso, se pensarmos bem, vamos entender que isso deve ser pior do que parece. Sei que você odeia o Malfoy, mas lá no fundo até você sabe que ele não se aliaria ao Lorde das Trevas por pura e espontânea vontade.

— Não sei, não. - retrucou a japonesa com veneno.

— Sabe sim. - Angel respondeu no mesmo tom - E se isso não fosse o suficiente, Mattheo está nessa merda também. - a garganta da loira oscilou com um soluço, e lágrimas passaram a se formar nos olhos da garota - Ele vai ser um cúmplice direto, Saori. Eu só comecei a perceber o comportamento do Draco, porque ele estava com o Mattheo. Ele... Mattheo já tem os inimigos dele na escola; imagina se passassem a acusá-lo de algum crime, que nem sabemos se é verdade.

Saori hesita, respirando fundo e olhando ao redor antes de voltar a encarar a amiga. — Vai mesmo encobrir um possível crime, Angel?

A loira engoliu em seco, a garganta oscilando ao concordar com a cabeça. — Eu sei... lá no fundo, eu sei que estou fazendo a coisa que devo. Na verdade... - sussurrou - Acho que eles precisam da nossa ajuda.

Saori encarou-a pelo que pareceram minutos, e suspirou, bufando uma risada em seguida. — Merda, Angel. Você provavelmente está nos tornando criminosas... - um longo período de silêncio - Primeiro, precisamos descobrir o que eles estão tentando fazer. Saber... em que merda estamos nos atolando. - riu sem graça - E depois nós podemos... ajudá-los indiretamente.

A loira começou a sorrir, a ansiedade e animação em pensar que estão fazendo muita merda embrulhando seu estômago. — Mas eu estou te avisando, Angel Potter, se acabarmos fodidas nisso tudo, eu arranco suas tripas. - Saori disse em um tom severo, e a amiga abraçou-a, rindo.

— Acha que estamos fazendo a coisa certa? - sussurrou Angel, tão baixo que mesmo ela mal ouvia as palavras.

— Acho... que você gosta muito do Riddle, se está disposta a se enfiar em algo que possivelmente vai acabar com você, sem nem mesmo pensar no que seu irmão vai pensar sobre.

E, reparando com um assombro, Angel percebeu que Saori estava certa. Em momento algum ela lembrou do irmão, e no que ele imaginaria sobre suas escolhas.

Ela só conseguia pensar que deveria ajudar Mattheo, apesar de qualquer coisa.

𑁍

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A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora