149 - Clã Nagasaki (Japão), 1997

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Angel estava no limite. A cada dez minutos, Pansy fazia algo discretamente e atrapalhava toda a postura de Zabini. Como um movimento errado dela, e o fizesse cair.

Além dos olhares que ardiam de ódio, deixando o clima bem esquisito.

Lorenzo intercalava a atenção entre os dois com uma expressão divertida. Mattheo bufava sempre que Angel corrigia sua postura - ele realmente não queria estar ali - e Zabini estava começando a se estressar.

Na milésima vez que Pansy "perdeu o equilíbrio" e deu um pisão no pé de Blaise, foi a gota d'água.

— Porra, Parkinson! Tá contra a gravidade hoje?

— Por quê?! Seu pau tá subindo agora?!

— Que porra isso tem a ver, cacete?!

— Eu não sei, Zabini. Você sabe?

— Qual teu problema garota?!

O grupo de Saori estava imóvel do outro lado da sala. Angel foi para perto de Mattheo, ansiosa para saber o que aconteceria a seguir. Lorenzo andou calmamente até a mesinha com a jarra d'água, enchendo um copo para si, e para Theodore que foi para perto dele.

— Meu problema?! Qual o meu problema?!

— Sim, caralho! O que deu em você hoje?!

— Em mim?! Porra, Zabini, você tá cego mesmo, caralho!

— O que você quer que eu veja, porra?!

— Que eu estou com ciúmes de você com a garota, seu imbecil!

Ela gritou, e a confissão pareceu ecoar pela sala. — Como é que é? - a voz dele estava incrédula e baixa.

— Exatamente o que você ouviu.

— Você não tem esse direito, Parkinson.

— Quê?

— Foi você quem terminou as coisas entre nós. Você quem mentiu e deixou que a loirinha e o Riddle fossem sequestrados. Você foi a ruína da merda que a gente tinha.

Pansy inspirou fundo. A respiração falhando e lágrimas brotando nos olhos. — Não me culpe por tentar ser quem eu achava que queria ser.

— E quem você queria ser?! Uma puta?!

— Eu queria ser livre, caramba!

— De onde surgiu essa necessidade tão absurda pela liberdade, porra?!

— Da minha infância controlada. - ela falou baixinho. Ele ficou quieto, e ninguém parecia propenso a respirar. Pansy ofegou, soluçando - Eu queria ser livre, porque nunca tive a chance. Queria poder fazer o que eu quisesse antes de ter a certeza do que eu queria. Eu... Estava com medo de entrar em um relacionamento, e me arrepender depois, porque existia a chance de terminarmos e eu poderia usar o tempo perdido vivendo minha adolescência. Eu só estava... Com medo.

Blaise rolou a língua pela boca, desviando o olhar. — Do mesmo modo, você deveria ter nos contado sobre a Potter.

— Não deveria. - Angel falou baixinho - Eu pedi para que ela ficasse quieta. Eu sabia no que estava me metendo... pelo menos eu achei que soubesse. A culpa não é dela.

— Já parou para pensar em como ela se sentiu depois de tudo? - Saori perguntou, falando tão baixo que mal passava de um sussurro - Saber que se ela tivesse dito algo, Angel e Mattheo estariam bem melhores agora? Que eles não teriam passado por tamanho inferno? Blaise... pense na culpa que ela sentiu quando você disse isso para ela.

Pansy ofegou, mais lágrimas escorrendo. Ele ainda não a encarava nos olhos. — Blaise... - ela sussurrou, quase implorando. Mas ele não a olhou.

A morena ofegou novamente, as lágrimas escorrendo com ainda mais força.

Pansy abaixou a cabeça e saiu da sala.

Angel e Saori se entreolharam em uma conversa silenciosa antes de seguirem a amiga.

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Ela se jogou na cama, chorando como uma criança. A garganta rasgava em soluços e respirações falhas. A fronha já estava úmida pelas lágrimas grossas.

Segundos depois, Angel e Saori trancavam a porta do quarto e se sentavam ao lado da amiga.

— Eu nunca quis fazer por mal. Você pediu para eu não dizer nada, e eu não disse. E-Eu não queria que você... que vocês...

— Ei ei ei. - Angel puxou a amiga pelo ombro, fazendo-a se sentar e olhar para ela - Eu não culpo você.

— Mas ele culpa...

— Não foi ele a ser torturado. Acho que os únicos que deveriam se ressentir são Angel e Mattheo. E nenhum deles a odeia. - Saori tomou a mão da amiga com carinho.

— Eu só queria ter um pouco mais de tempo sendo livre, sabe? E-Eu gostava da minha vida...

— Pan. O que aconteceu na sua infância? - Angel perguntou com cuidado.

A morena lambeu os lábios; os olhos e as bochechas estavam vermelhos, assim como a boca. Ela tremia levemente e as lágrimas ainda escorriam. — Meu pai traía minha mãe desde que eu nasci. Como ela não conseguia controlar ele, ela acabava me controlando. O que eu comia. O que eu vestia. O que eu falava, lia, estudava, escutava, consumia. Tudo. Era tão sufocante... ela tinha uns surtos, em que checava todos os livros que eu tinha no quarto para conferir se estavam de acordo com seu gosto. Jogava minhas roupas fora, se não gostasse mais delas. Gritava comigo na mesa do jantar porque eu comia demais, e aconteceram episódios em que ela tacava o prato para a parede. Meu pai não interferia... porque ele não ligava muito para mim. E então, eu fui para Hogwarts. E pude fazer todas as merdas que nunca havia ousado tentar.

Angel e Saori sentiam o coração apertar. Pansy sempre fora tão cheia de vida, de liberdade e arrogância, que elas nunca imaginariam...

— Eu tive medo. Medo de me entregar por completo. De abrir mão da minha antiga vida para me relacionar com ele. Chegaria um momento em que Blaise saberia tudo sobre mim. E essa coisa de intimidade pode dar a sensação de sufoco. Eu não queria sufoco. Mas agora, vendo ele tão distante, o jeito que as coisas ficaram... Me arrependo de não ter aguentado o tal sufoco.

Saori mordeu o lábio, abraçando a garota. Angel envolveu as duas em um abraço triplo, apertando-as com força.

— Ah, Pan! Nós sentimos tanto... - a loira chorou baixinho - Não tem nada que possamos fazer agora, mas estamos aqui, okay?

— Calma, que tudo vai se ajeitar. - Saori sorriu fraco contra a amiga, abraçando-a ainda mais forte.

Tudo iria se ajeitar.

A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora