27 - Hogwarts, 1996

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Ele não aguentava mais.

A pressão, as ameaças. Saber que a vida de seu pai, sua mãe, estava em suas mãos. Por que ele?

Snape estava sério na sua frente, esperando que o loiro se acalmasse. — Você precisa se concentrar, Draco.

Ele sentia a sala abafada. Sentia o suor nas têmporas. Suas mãos tremiam e seu coração estava disparado no corpo. Mattheo estava no canto da sala, ainda ofegante. Quando Snape ofereceu à eles, aulas particulares de Legilimência e Oclumência, o loiro não sabia que seria tão cansativo assim.

Mattheo sentou-se novamente quando Snape voltou o olhar para ele. — Riddle, você precisa esquecer a garota. Pensar em esquecer dela, só faz com que se lembre dela. - as feições de Snape estão duras quando ele abaixa o tom de voz - Tem sorte que eu já sabia da informação que você descobriu. Mas se o seu pai descobrir sobre aquilo, você sabe das consequências.

E Mattheo sabia. Outra traição. Não contar sobre o parentesco de Angel com Potter.

Draco observou os dois, sem entender. Mas ele não queria também. Seu cérebro parecia líquido dentro da cabeça. Snape checou um relógio que havia sobre sua mesa e suspirou. — Amanhã, no mesmo horário. - dispensou os garotos.

Os dois saíram da sala do professor, trocando um olhar que significava muita coisa. Mattheo foi em direção às escadas, para o sétimo andar, enquanto Draco enrolava. Trinta segundos depois, seguiu o mesmo caminho que o moreno havia feito, encontrando-o na sala precisa.

— Eu tive um plano. - Draco começou, mostrando ao garoto um colar de contas azuis.

— Quer amaldiçoar o colar? - Riddle arqueia as sobrancelhas - Isso pode dar muita merda.

Draco suspira, passando a mão pelo cabelo. — Eu não consigo pensar em mais nada, Mattheo. Minha mãe me enviou uma carta ontem... - disse, preocupação cintilando nos olhos do loiro - Seu pai está ficando na mansão. Em casa, Riddle. Ele só está lá para me mostrar o poder que tem sobre mim...

Ele estava desmoronando.

Não queria matar alguém. Não queria matar Dumbledore, porra.

Mattheo desvia o olhar do loiro, desconcertado. Ele não sabe o que fazer para consolá-lo. Nunca teve consolo, como saberia?

O apeito que Draco vinha sentindo no peito há semanas, como uma pontada extrema de dor no lado direito da costela. Ansiedade.

A Borgin & Burkes ainda não havia consertado a merda do armário, e ele já não sabia mais o que fazer. Pensa, merda!

Ele sabia o que aconteceria caso não fizesse nada. O cadáver que vinha infiltrando seus sonhos há semanas, sua mãe, morta no chão, enquanto Voldemort sorria para ele, pisando na cabeça da mulher que estava caída no chão, os braços, pernas e cabeça e dedos, em ângulos muito, muito errados.

Ele já não conseguia comer. Tudo que descia por sua garganta lhe dava culpa. O que ele faria com o homem que entregava essa comida para ele... O que ele faria com o homem que havia permitido ele de estudar em Hogwarts, de conhecer seus melhores amigos...

— Malfoy, se recomponha. - Mattheo segurava seus braços contra o corpo rígido do loiro. Ele havia feito de novo. Tinha mergulhado na própria mente e pior, na frente de alguém. Ninguém podia saber o quão afetado ele estava com essa merda toda, Voldemort poderia usar isso contra ele.

Ele inspira fundo, se livrando do agarre de Mattheo. — Semana que vem nós vamos para Hogsmeade. Vou entregar o colar para alguém.

— E como pretende fazer com que a pessoa entregue à Dumbledore?

O loiro sorri, fingindo confiança. — Não vai ser por espontânea vontade, certamente.

𑁍

Mattheo estava começando a perceber suas ações sobre Angel. Como ele a queria para si, a todo o tempo. Como odiava que olhassem para ela com segundas intenções, merda! Ele queria, pela primeira vez, matar os idiotas, matar alguém que fazia isso. Ela era dele.

Ele a observa enquanto a loira escrevia no pergaminho, para terminar alguma lição. Ela era linda... e dele. Angel levanta a cabeça, olhando ao redor de si, e sorri quando vê Mattheo escorado na pilastra da comunal.

— Oi. - movimentou a boca sem fazer som algum. Ele revirou os olhos, idiotice. Ela riu, mostrando a língua para ele, e ele só pensava em como seria bom ela usar essa língua para outra coisa.

Ela bufou, voltando a escrever no pergaminho. Mattheo sentiu uma presença ao seu lado, não fazendo muito para perceber que era Zabini. — Ela é um booom pedaço de buceta. - diz, e Mattheo sente uma vontade imensa de arrancar o pau do moreno. - Quer dividir? - Zabini ri, e foi a gota d'água. Mattheo se vira para ele, sua mão indo de encontro com a garganta de Blaise, enforcando-o. Seus narizes quase encostando; Blaise engole em seco, os olhos arregalados.

— C-Calma cara, é na amizade... - gagueja. Ele nunca viu o amigo agir tão descontroladamente assim. Mattheo está com os olhos vidrados, assasinos.

Fazia tempo que ele não usava aquela expressão. Mas dessa vez, não foi ensaiada.

— Ela é minha, porra. - sua voz sai num rosnado. Zabini levanta os braços, o medo escorrendo pelas costas do moreno. Mattheo se afasta, Blaise passa a tossir pela falta de ar. — Caralho, foi mal... - a voz do moreno está falha pelo enforcamento. Mattheo sai da comunal, indo em direção ao quarto, dando uma última olhada em Angel, que lia pacificamente, antes de subir.

Ele precisava pensar. Acendeu um cigarro, soprando a fumaça para fora da janela enquanto observava em como a água já havia subido. Em breve, o lago cobriria tudo, e ele não conseguiria fumar no quarto. Odiava essa época do ano.

Uma batida na porta. Mattheo molhou a ponta do cigarro na água do lago, jogando a bituca no cesto de lixo que havia embaixo de sua mesa. Quando abriu a porta, Draco tremia.

— Eu não consigo fazer isso.

𑁍

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A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora