12 - Hogwarts, 1996

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Quando o jantar acabou, Slughorn os manteve presos na sala. Conversava com todos e não parecia querer acabar com a festa.

Mattheo fez com que Angel ficasse ao seu lado o tempo todo, e notou em como Hermione e o Potter a encaravam. Essa obsessão deles com ela martelava teorias em sua cabeça. Ele tinha uma noção de que Harry Potter era um hipócrita preconceituoso que, embora só se encrencasse com o Malfoy, julgava todos da Sonserina.

Mas por que Potter não desvia o olhar dela?

Angel sorria abertamente, os arranhões que ele havia visto mais cedo em seus braços, tinham sumido. Ela conversava com Zabini, antes que o moreno se afastasse para dar em cima de uma Sonserina mais nova, e ela voltasse a atenção para ele.

— Quer ir embora? - sussurra, seus dedos brincando com a pulseira cheia de pingentes.

Ele olha ao redor, sentindo-se cansado daquele lugar. Ela se levantou e ele a seguiu, em direção à saída. Slughorn chamou por ele, mas o garoto apenas o ignorou antes de seguirem pelos corredores escuros da escola.

— Mattheo, gosta de flores? - ela diz após um tempo.

— Algumas. Por que? - olhou para ela, sua silhueta pouco visível com a iluminação ruim. Ele percebeu por seu tom que está sorrindo. — Porque quero te mostrar um lugar.

Ela tomou sua mão, guiando-o para o sentido oposto da comunal. Eles desceram os andares, até que ela o puxou para uma salinha escura e abriu a janela, o luar inundando o cômodo.

Um armário de vassouras?

Ela se apoia na janela aberta, passando a perna direita e em seguida a esquerda, pulando-a. Do lado de fora do castelo, a única coisa que o garoto conseguia ver é sua testa, por causa da altura.

— Vem! - sussurra, fazendo um movimento com os braços. Ele suspira, pensando se vale mesmo o esforço, e pula a janela com um movimento, vendo-a sorrir.

Ela sorria bastante.

Angel agarra sua mão, puxando-o pelo campo. Passando pelo lago, indo em direção às estufas, parando em frente à estufa número nove.

Ela tira uma chave de dentro do sutiã, e somente esse ato faz com que o corpo do garoto se acenda por inteiro. Ele ouve a tranca destravar, e ela abre a porta, entrando em seguida.

Ele a segue, ficando desnorteado com o cheiro forte de dama-da-noite que há ali.

Ela sussurra um feitiço, e as velas que estão apoiadas no teto se acendem, dando à ele a visão de uma floresta de flores.

As damas-da-noite preenchem todo o lugar, no chão, nas paredes e em jardins suspensos do teto. As pétalas brancas brilham com a luz das velas, molhadas. Possivelmente há um sistema de irrigação por aqui, pensa ele.

Angel se vira para ele, sorrindo. — Esse é meu lugar secreto.

Mattheo arqueia uma sobrancelha, intrigado. — Por que me trouxe aqui?

Não é possível ver a expressão em seu rosto quando ela responde. — Seu cheiro é de cigarro, alguma bebida alcoólica e rosas brancas. Imaginei que gostasse de flores.

Ela ziguezagueia por entre as tiras de terra do chão, corredores brancos e cheirosos. — Eu sempre gostei de damas-da-noite. Elas têm esse cheiro fresco de algo triste...

— Elas têm um cheiro de morte. - ele se ouve dizer. Ela se vira para ele, com os olhos meio arregalados. — É, podemos dizer que sim. - e sorri.

Ela corre por entre as flores, rindo. — Eu amo isso aqui!

O garoto a segue, notando que alguns brotos ainda não haviam aberto as pétalas.

Ela para, ofegante. Sua voz soa triste. — Quando eu era uma criança, meus guardiões diziam que seria melhor se eu tivesse morrido na barriga da minha mãe. - começa, com um sorriso fraco em seu rosto - Por muito tempo eu acreditei que tinha sido eu a matá-la, no parto. Mas depois... Bom. - olhou para ele, inspirando fundo - Eu ia até o cemitério, olhava as lápides e me perguntava se eu teria uma dessas quando morresse. Ou ficava com inveja dos corpos debaixo da terra, porque eles tinham o que eu queria ter.

Mattheo apenas ouviu, uma empatia imensa envolvendo seu corpo. — Mas eu gostava do cemitério, principalmente por causa do cheiro das flores. Um lugar tão triste, que sempre estava tão colorido por causa das plantas... - ela olha para um lote das flores brancas, arrancando uma folha seca que estava na terra. — Eu amava o cheiro das damas-da-noite.

Ele resistiu à vontade de contar para ela. Contar sobre as rosas brancas e as sessões de tortura.

Nunca teve vontade de contar isso para ninguém.

Ela suspira. — É o meu cantinho. Eu precisava disso, sabe? Embora a Saori seja minha colega de quarto e a minha melhor amiga, eu queria ter um lugar só para mim.

— Nunca contou sobre essa estufa para ninguém? - perguntou, e ela faz que não com a cabeça. — Não sei o porquê de eu te trazer aqui. Mas alguma coisa me disse que você precisa de um lugar assim também. Então não me incomodo de dividir. - respondeu.

Ele solta o ar que não percebeu segurar. Ela agora está sorrindo, e o encara. — Se eu sumir durante o dia, estarei aqui. E normalmente venho para cá quando as aulas acabam. Tem alguns pedaços de terra lá no fundo que estão sem nenhuma semente, se quiser plantar alguma coisa.

— Mas você não prefere as damas-da-noite? - perguntou, olhando para o fim da estufa, tentando ver tais pedaços de terra, mas não encontrando nada além de flores brancas no horizonte.

Ela dá de ombros, seguindo seu olhar. — Faz seis anos que esse lugar só sente o cheiro delas. Plante um perfume diferente dessa vez.

𑁍

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A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora