47 - Hogwarts, 1996

401 40 7
                                    

Ele estava suando. Sua cabeça doía como se mil martelos tivessem acertado-na, e ele sentia que desmaiaria. Mas Mattheo... o filho da puta estava bem. Corado pelo esforço, suando um pouco, mas bem.

Snape indicou uma cadeira para Draco. — Sente-se. Descanse um pouco enquanto eu treino com o Riddle. - disse, e Draco não tentou refutar. Ele despencou na cadeira, sua pressão caindo. A mão tremia quando apoiou a varinha na mesa, inspirando fundo. Um copo de água apareceu sobre a madeira, que ele bebeu com gosto. Ele apoiou o vidro, a visão começando a embaçar e tudo girar e...

Mattheo inspirou fundo, vendo Draco apoiar a cabeça no encosto da cadeira e... apagar. Completamente.

Estavam treinando Oclumência há uma hora. Entre si.

E, embora a defesa fosse fácil, a parte da Legilimência era algo assustador. Chocar sua magia contra a mente de alguém, serpentear pelas memórias e lembranças; ver tudo pelos olhos da vítima, como se estivesse vivendo aquela cena...

Mattheo era muito bom naquilo.

Bom demais para sua segurança.

Snape apenas encarou o loiro apagado, e voltou a atenção para ele. — Quero que me bloqueie e ricocheteie meu ataque.

Mattheo se ajeitou - a posição física influenciava muito - e ergueu a varinha. Snape atacou, o choque de sua magia atingindo sua mente, e memórias curtas de sua infância, de sangue e pedaços de corpos e gritos, gritos e gritos...

Mattheo contra atacou.

Sua magia foi fortíssima ao se chocar contra Snape: havia permitido que o professor invadisse sua mente para abaixar a guarda, assim, ficaria um alvo fácil. Ele não sabia o que queria ver nas memórias do homem, mas algo o puxava cada vez mais fundo, cada vez mais secreto...

Ele estava em uma casa. Estava frio e um cheiro pútrido impestiava o ar. Havia um bebê no berço, e ele chorava, mas as imagens estavam embaçadas. Como se óleo estivesse por cima da tela. Ele olhou ao redor, vendo uma mulher caída no chão. Morta.

Passos soaram do corredor, e ele apenas assistiu quando Severus entrou no quarto. O olhar do homem foi para a mulher morta no chão, e um soluço - um soluço - escapou dos lábios do frio professor. Ele se jogou no chão, agarrando a mulher enquanto chorava e chorava...

A visão começou a ficar mais clara. A mulher morta possuía cabelos ruivos. Snape abraçava o cadáver enquanto chorava e gritava, até que...

A barriga começou a brilhar. Severus interrompeu o choro, olhando para a barriga coberta pela blusa de mangas, que emitia um brilho estranho. O professor levantou a camiseta, a pele da mulher realmente brilhava. Ele deve ter entendido o que estava acontecendo, pois deitou-a no chão, murmurando feitiços e, chocando Mattheo, a barriga dela começou a ficar transparente. A carne e os músculos continuavam ali, mas não passavam de sombras. E, como se toda a carne tivesse virado o vidro mais claro, era possível ver tudo que havia dentro do corpo dela. Os órgãos. O coração que não funcionava.

Um bebê.

Snape realizou o parto. Foi rápido, limpo. Um corte certeiro na parte inferior da barriga e retirou o feto, que ainda não estava completamente formado. De alguma maneira, a bolsa ficou intacta. O professor fez um feitiço, e por todo o quarto, os sons do coraçãozinho da pequena criatura começaram a ecoar.

A memória mudou. Agora, estavam no Hospital St. Mungus, e Snape observava o bebê incubado. Havia uma placa na maca da criança.

Angel Fallen, 6 meses de gestação

O fôlego de Mattheo ficou preso na garganta. Ele estava vendo ela... o nascimento dela

Pelo que se pareceram anos, Snape ia até o hospital, visitar a criança. De seis meses foram para oito; recém-nascido; dois meses, cinco, oito; um ano e meio. Três anos.

Até o dia em que Snape entrou no quarto. Ele não sorria mais. Pegou a criança no colo, a menininha sorria ao abraçá-lo. "Tio Spape!" - foi o ela gritou e abraçou a perna dele quando ele chegou. Ele notou em como o professor engoliu em seco e se abaixou, para ficar na altura dela.

— Angel... meu anjinho, minha esperança. - ele sussurrou - Você se lembra que eu havia dito que ficaria aqui no hospital só até ficar totalmente curada do seu dodói?

Ela riu, fazendo que sim com a cabeça exageradamente. — Então, querida. Chegou o dia. Você vai voltar para casa.

Ela fechou a cara, confusa. — Mas você não vai vir comigo, tio Spape?

A garganta de Severus oscilou. — Não sou... não sou sua família, meu anjinho. Só salvei você.

E eles continuaram falando enquanto Mattheo se sentia sendo puxado para fora das lembranças. Ele chegou a ver levemente quando Snape e a pequena Angel estavam parados de frente à uma casa simples, e um casal gritava com o professor sobre aquilo - Angel - ser impossível de estar vivo pois...

Ele voltou para a sala de Snape. E o professor estava pálido, os lábios tremiam. — Como... - a voz do homem soou falha e fraca - Você não deveria ter visto isso. - ele disse, apontando a varinha para Mattheo, e ele sabia que o professor queria apagar sua memória.

— Eu já sabia. - ele disse, engolindo em seco. Snape piscou, o único sinal de surpresa que demonstraria. — Como é? - indagou o professor, e Mattheo se encostou na parede, tentando processar... tudo.

— Eu já sabia. Sei quem ela é. - respondeu, olhando para o professor.

— Há quanto tempo? - ele perguntou, escondendo o nervosismo dentro de si. O que aquele garoto poderia representar, o que poderia fazer com ela, sabendo que ela é irmã do Potter...

— Pouco mais de um mês. - Mattheo disse por fim. Snape considerou as opções. Por que ele ainda não havia dito nada a seu pai? Ao Lord das Trevas?

Como se ouvisse a pergunta que ecoava na cabeça de Snape, Mattheo fechou a cara. Um olhar mortal e odioso encarando o professor. — Eu posso ser muitas coisas, mas não sou um monstro. Se acha que eu entregaria alguém, que eu entregaria a minha mulher para aquele homem...

Snape se surpreendeu. — Está se envolvendo com ela. - isso era algo que ele não sabia. Sempre ficara de olho na garota, mesmo quando ela ainda morava com aquelas aberrações que chamava de tios. Como pôde deixar isso passar...

Mattheo ficou em silêncio, uma confirmação. Snape explodiu. — Se é tão nobre, Mattheo Riddle, como ousa se envolver com a única pessoa que seu pai sentiria prazer de torturar até a morte? Expondo ela desse jeito, para o próprio prazer?!

Snape sabia que deveria estar pensando em como o garoto havia descoberto. Mas nada disso importava agora. Não com essa informação...

Mattheo expôs os dentes. — Não ouse dizer que eu estou expondo ela ao perigo por um jogo de ego, Severus Snape. - o tom que o garoto usou fez com que o homem parasse. A ira gélida, o puro ódio que brilhou naqueles olhos tão jovens, o veneno que embebedou as palavras... - Não ouse dizer que eu compactuaria com Voldemort. Nunca. - cuspiu o nome do pai - Ela é minha. - cada sílaba envolta por uma possessividade absurda - E ninguém, ninguém vai ferí-la enquanto eu estiver consciente da minha vida.

Eles se encararam em silêncio, ambos absorvendo as últimas palavras de Mattheo. — Pelo menos nessa parte, Severus, temos algo em comum. Eu daria minha vida para protegê-la do meu pai, e sei que faria o mesmo.

E com isso, o garoto saiu da sala. Nehum dos dois, no calor da discussão, percebeu que Draco havia acordado.

𑁍

Deem seu voto! ★
Comentem! ✍︎︎

A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora