135 - Mansão Nagasaki, 1997

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𑁍

Três dias depois, e as malas estavam arrumadas. As bolsas magicamente infinitas que Snape havia dado a elas estavam repletas de novas poções e antídotos. As roupas de todos estavam dobradas no vazio imenso de uma delas, poções e livros em outra, e todo o resto na última (todo o resto significa as tralhas e muitas, muitas garrafas de bebida roubadas da adega).

Narcisa ficaria na mansão. Ela disse que não poderia ir até o Japão, não quando eles ficariam na casa da família principal da "dinastia" japonesa. Digamos que os Malfoy e os Nagasaki já tiveram uma história complicada em um passado distante, o que não impedia a antipatia.

— Eu vou ficar bem. E estarei aqui quando vocês voltarem. - a mulher havia dito, abraçando Draco com força e em seguida, Angel.

Ela amava aquela mulher. Sentir o amor de uma mãe era a melhor sensação de toda sua vida.

O grupo andou até os limites da propriedade, onde o feitiço do Fiel do Segredo acabaria. Eles passaram pelo portão, dando três passos além.

E quando se viraram para a mansão que estava atrás de si, ela havia desaparecido.

Draco suspirou. Foi uma dor deixar sua mãe para trás, mas ele sabia que seria para a proteção dela.

Saori inspirou fundo, puxando os amigos para dentro da floresta densa que envolvia a propriedade da mansão, até uma clareira.

As árvores eram tão altas que não era possível ver a copa. Pinheiros densos e de troncos grossos, cujas agulhas se entremeavam, impedindo a passagem de luz.

O espaço da clareira era pequeno, mas com espaço o suficiente para que os oito coubessem em um círculo apertado.

— Vou fazer o feitiço do meu clã, que nos permite aparatar para uma distância longa, contanto que alguém da família esteja no outro lugar. - ela murmurou, tirando a varinha do bolso. Agachou-se, desenhando com o dedo na terra seca que era o chão, símbolos estranhos e escrevendo coisas em japonês.

Saori terminou, limpando as mãos no casaco preto pesado que usava, e deu a mão para Angel. — Deem as mãos e se segurem com força. Quando o feitiço começar, não soltem. Por nada.

Eles deram as mãos, apertando-se com força e ansiedade. Pansy, ao outro lado de Saori, segurou no pulso que a japonesa segurava a varinha.

Eles estavam conectados em um círculo, e com uma última olhada, Saori começou a murmurar coisas em latim, grego e japonês. Os símbolos no chão brilharam com uma luz vermelha e fraca, mas que queimava os olhos.

Todos fecharam os olhos quando a luz ardeu mais forte. Saori falava o feitiço cada vez mais rápido, a varinha começou a emitir uma vibração sobre sua mão. Uma espiada, e soube que o objeto brilhava com a mesma luz do chão.

— Se preparem. - ela avisou, agora praticamente gritando o feitiço. Um vento fantasma correu pela clareira, tão gélido e ardido que arrepiou até os ossos de todo mundo. A luz do chão e da varinha da japonesa pulsou, e a vibração atingiu o corpo de cada um.

Era como se eles estivessem flutuando. Como se suas almas estivessem saindo do corpo e viajando por entre os mundos, os universos. A sensação era de calmaria ao mesmo tempo que corria uma euforia imensa pelos corpos.

Eles começaram a girar. Ainda na clareira, mas não sabiam disso por estarem de olhos fechados. Flutuaram, os corpos ficando paralelos aos chão ao girar cada vez mais rápido.

O vento cortava um som fantasmagórico pela clareira, deixando tudo mais assustador. Os dedos se envolveram com mais força, todos temendo que, por algum motivo, se separassem.

A luz atingiu o ápice, se abrissem os olhos naquele momento, ficariam cegos. Ela brilhou tanto que queimou os galhos mais próximos dos pinheiros, fazendo as agulhas caírem chamuscadas no chão. Mas eles continuaram intactos, ainda girando em uma roda suspensa no ar quando a luz os envolveu em um abraço quente.

Interrompendo a ventania dolorosa, o vermelho-brilhante foi como um cobertor sobre eles. Pararam de girar tão rápido, a velocidade parecendo diminuir, quando na verdade eram eles quem estava ficando menor.

Os corpos ficaram minúsculos, sendo espremidos pela magia para que coubessem naquele espectro de dobras entre os mundos, e finalmente atravessassem.

O ar mudou. Estava mais frio, porém mais leve. Não o ar denso e pesado que tinha aquela clareira.

Os pés tocaram o chão em alguns sons abafados pelo que parecia ser neve. Saori abriu os olhos, inspirando o cheiro de sua antiga casa.

— Podem soltar as mãos. - ela avisou, e todos abriram os olhos. Eles arquejaram, olhando ao redor para o campo enorme coberto por neve, e a imensa casa japonesa - a única construção que conseguiam ver.

Eles se soltaram, os dedos doíam pela força. Uma olhada para o chão, e Saori viu as marcas que havia desenhado no chão da clareira brilhando fraco sobre a neve antes de derreter o gelo e sumir, formando uma poça pequena.

Ela chutou neve sobre a poça, escondendo os resquícios de magia, e virou para trás, onde sabia que os assistiam.

— Estou aqui, como ordenou. Pode abaixar as varinhas, okāsan. - ela falou para o nada.

Os amigos arquejaram quando dezenas de pessoas vestidas de preto começaram a aparecer, abaixando as varinhas e interrompendo o feitiço de invisibilidade. No centro delas, uma mulher linda, com cabelos castanhos e lábios pintados em vermelho os encarava com uma expressão séria.

— Não sabia que viria, Saori. Estávamos nos preparando para ir visitá-la.

Saori se arrepiou com a ideia de que seus pais invadiriam a mansão de sua avó. Era sua casa. Não deles. Eles não tinham esse direito.

A garota deu de ombros. — Eu sempre obedeci vocês.

A mulher não tinha traços japoneses, pois ela mesma era inglesa. Seu pai, Katsuo, e sua mãe, Micarlla, haviam se conhecido em Hogwarts, na Corvinal.

E, pelo que sua avó havia dito, nos túneis abaixo das comunais. O perto da japonesa se apertou ao lembrar das memórias daquele lugar.

Micarlla olhou para o grupo atrás da filha sem demonstrar as emoções. — Venham. Seu pai está nos esperando.

A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora