71 - Hogwarts, 1996

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Saori observava a amiga provocar Mattheo na pista de dança. Ela viu de soslaio Draco se aproximar dela, em silêncio. Ele estava muito gostoso naquela camisa social preta e calça da mesma cor.

— Oi. - disse baixinho, e ela se virou para ele.

— Oi. - respondeu confusa. Oi? Só oi?

Ele exalou, maravilhado. — Merda, Saori, você está...

Ela esperou enquanto ele olhava seu corpo inteiro. Em seguida, o loiro fez contato visual, fazendo-a se arrepiar. — Linda. Ferozmente linda.

Ela riu fraco. — Ferozmente?

Ele bufou. — E põe ferocidade nisso.

Ela encarou o vestido, contemplando a peça antiga. — Era da minha avó.

O 'era' foi o suficiente para que ele entendesse o peso das palavras. Eles ficaram em silêncio, esperando.

— Aí... - ela disse baixo e ele olhou para a garota, reparando pela primeira vez ser tão pouco mais baixa que ele - Você conhece uma sala que tenha essa pedra? - perguntou a ele, estendendo o a mão com um anel. A pedra de esmeralda brilhou contra a pouca iluminação. Ele sorriu.

— Acho que sim. Por que? - ele sabia, na verdade. Mas queria arranjar uma desculpa para conversar com a japonesa, mesmo que só mais um pouco. Ela sorriu fraco.

— Minha avó estudou aqui. Ela me disse... - riu, chacoalhando a cabeça - Não importa. Só que eu sempre procurei a sala pela comunal, mas nunca encontrei.

A ideia fez um "plim" na cabeça de Draco. — Quer que eu te leve até lá? - perguntou hesitante, torcendo para que ela dissesse sim. Ela olhou para ele com espanto e interesse, ansiosa.

— Jura?

Ele sorriu. — Vem. - e puxou a japonesa para fora da festa.

𑁍

No salão da comunal, a música da festa era um sussurro abafado. Draco foi até a grande lareira que havia no centro do lugar, puxando-a e revelando a passagem que os levaria para o piso secreto que ficava ali por baixo.

— Na academia? - ela questionou, fazendo um feitiço silencioso com a varinha - que estava dentro do vestido o tempo todo - para que as velas da escada em espiral se acendessem. Ela desceu, sendo seguida pelo loiro, até o corredor extenso ali debaixo.

Inúmeras portas de madeira escura enfeitavam o corredor, além das tapeçarias antigas, umas poltronas de dois lugares espalhadas bem distantes umas das outras, e mesas com livros e vasos de plantas há muito secas. Draco passou na frente, guiando-a. As velas grossas acendiam nos candelabros conforme eles passavam; o coredor, escavado na pedra, era tão frio que a fez arrepiar.

Eles passaram reto pela única porta aberta até então, a academia. Depois de mais alguns segundos em silêncio, uma grande sala se abriu. Era imensa, quase do tamanho do salão de festas da escola. Decorada com poltronas e cadeiras afastadas, tapeçarias e mesas e armários de vidro, cheios de talheres, taças e porcelanas. No teto, um lustre enorme estava pendurado. Draco as acendeu silenciosamente.

Haviam mais quatro corredores, além do que eles usaram para chegar até ali. —Aquele, - Draco apontou o mais distante, na esquerda - liga este salão com a comunal da Grifinória. O do meio - apontou para a entrada que era oposta à onde estavam - Corvinal. E a última, Lufa-Lufa.

— Mas tem mais uma. - ela disse, apontando para a última entrada escura, na direita. Ele sorriu. — Estamos indo para lá.

Eles andaram, atravessando o salão e chegando no limite do arco de pedras. Draco entrou, velas se acenderam e iluminaram uma pequena escada, com uns dez degraus. Ele desceu, e Saori foi atrás. — Há uns trinta ou quarenta anos, eles não usavam as comunais para fazerem merdas. Então, descobriram este lugar. Diz a lenda que foi criado por Elga Lufa-Lufa, com a esperança de que os alunos formassem uma comunidade pacífica. - ele começou, revirando os olhos e andando pelo corredor, outros arcos e ainda mais portas que interligavam aquela passagem à outras - Mas quando as comunais passaram a serem usadas para as festas, todo mundo esqueceu das passagens. Nós mesmos só encontramos a entrada por acaso.

A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora