14 - Hogwarts, 1996

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Ele lia o mesmo parágrafo pela terceira vez, mas seus olhos teimavam em desviar a atenção para Angel, que estava sentada no chão, fazendo as unhas de umas garotinhas do primeiro ano. Ela ria e pintava, fazendo florzinhas nas unhas das garotas.

— Angel, Angel! - uma garota com o cabelo afro chegou pulando - Encontrei o esmalte! O que eu disse, na semana passada!

— Ah que bom, Layla! Senta aí que eu faço a sua quando terminar aqui com a Pippy. - e voltou a focar a atenção na unha da garotinha. Sua amiga, Saori, limpava com acetona os cantinhos de esmalte da unha da garota que havia acabado de terminar a pintura com Angel.

Outras menininhas riam com suas unhas pintadas de várias cores, e colavam adesivos nas cartas de papel cor-de-rosa, cheias de glitter e de escritas em roxo.

— Muito bem, meninas! - Saori disse, chamando a atenção de todas - Vou ir buscar as pétalas de flores para vocês.

— O que elas estão fazendo? - Blaise se apoiou na poltrona em que ele se encontrava, bebendo algo de uma caneca branca.

Ele suspira, tentando conter o sorriso. — É o aniversário daquela ruivinha ali.

As menininhas desenhavam corações e estrelas nos pergaminhos, deitadas de barriga no chão com as perninhas chacoalhando.

Saori voltou com uma lata, com várias pétalas de flores. A maioria, percebeu, brancas.

Elas riram e correram para escolher as cores que queriam, colando-as no papel. — Por que isso? - Zabini falou.

Mattheo deu de ombros. — Elas estão se divertindo.

Ele resmunga algo, saindo de perto. Um novo grupo de primeiranistas chegou, uma delas carregando um caixote.

— Gente, eu trouxe as presilhas! - ela gritou. Muitas delas deixaram os papéis e as cartas de lado, indo até a menina, fuxicando a caixa e retirando elásticos e presilhas para o cabelo.

Ele volta a olhar para Angel, desistindo completamente do livro que lia. Ela sorria para as garotas, intercalando o olhar entre a nova "sessão cabeleireiro" e a unha da tal Pippy.

E então, ela olhou para ele. Seus olhos brilhavam com carinho pelas meninas, e suas bochechas estavam coradas. Ela finalizou as unhas de Pippy, mas quando foi chamar Layla, a garota estava penteando o cabelo de uma ruiva. — Vou terminar aqui, Angel! Pode fazer depois? - a garotinha perguntou e Angel aceitou.

Ela se levantou, indo até a direção dele. Saori penteava o cabelo de duas gêmeas, rindo com elas.

Angel se apoiou na poltrona em que ele se sentava, no mesmo lugar que Blaise estava há pouco tempo. — Oi Mattheo. - ela disse, sorrindo.

Ele não respondeu, só a encarou. Ela olhou para seu colo, e seus olhos brilharam com excitação. — Ah! Já li esse. Em que parte você está?

Ele olha para o livro, tentando se lembrar do lugar que havia parado de ler. — Acho que ele estava tendo uma reflexão sobre a vida.

Ela ri, pegando o livro de seu colo, suas unhas levemente roçando seu peito, o que o fez arrepiar. Ele só voltou a respirar quando ela já abria o livro e checava. Que merda?

— Ah! Eu lembro dessa parte. É daí que começa o drama. - e devolve o livro para a coxa dele. Ela o encara, sorrindo - Vi você saindo da estufa hoje. Plantou algo lá?

Ele nega, e ela suspira. Ele nunca contaria à ela que foi lá com a esperança de que ela estivesse lá também. — Sabe como plantar algo?

Negou de novo, escondendo um sorriso quando ela bufa. — Tudo bem, eu te ensino.

— Não preciso da sua ajuda. - falou no automático, mas se arrependendo em seguida. Ela o encara, ofendida.

— Precisa sim. Não sabe nem como plantar uma rosa, tenha paciência. - bufa, irritada - Você deveria parar de ser tão caladão. Mas aprender a parar de ser narcisista também, porque sempre que abre a boca, você é um grosso!

Ele arregala os olhos, sentindo toda a frustração dela correr por seu corpo. Que atrevida. Ninguém nunca falou assim ele. Ela faz um carão e o encara. — E então?

— O que? - pergunta, mantendo o tom neutro.

— Peça desculpas!

Ele gargalha, a primeira risada sincera que deu em meses. — Não, anjo, eu não peço desculpas a ninguém. - debocha, ainda achando muita graça da situação. Atrevidinha.

Ela ajeita a postura, cruzando os braços. — Vamos ver, então. Imbecil. - sussurra a última parte. A raiva inunda o corpo dele e, quando ela faz menção de sair andando, Mattheo puxa sua cintura, fazendo-a cair em seu colo. Ela solta um gritinho, apoiando as mãos em seu ombro. — Ei!

Os dois estão ignorando a sensação de adrenalina que correu por seus corpos. O choque que deu quando se tocaram. Tentando entender o porquê de seus corações estarem acelerando, e a respiração fraquejando.

Os dois estão mentindo para si mesmos.

Ele a encara, estudando seu rosto. Ela vira a cabeça, corando, e a imagem dela com vergonha é a coisa mais fofa que ele já viu. — Do que você me chamou? - perguntou em um tom baixo.

Ela faz um biquinho, ignorando-o. O garoto aperta sua cintura, e ela pula em seu colo em um susto. — Imbecil! E vou chamar de novo se você não me soltar, seu... seu...

— O que? - pergunta com um sorriso. Merda, eu estou me divertindo com isso aqui.

Ela bufa, encarando-o com ódio. — Desagradável. - Não sei o porquê, mas por favor, não tire suas mãos de mim.

Eles se encaram, o desejo refletindo na pupila de ambos, mas estão cegos demais para perceber o que tal sensação significa.

Ela se solta do agarre, correndo para longe, e então ele repara em como seu coração ainda não se acalmou. Maldito órgão.

Ele observou-a se agachar para conversar com a menininha que esperava a loira para fazer as unhas, sua bunda delineada com a calça apertada. O desejo corroendo seu corpo de uma maneira que ele nunca havia sentido antes.

Angel olhou de relance para ele, fechando a expressão com raiva. Ele solta uma gargalhada antes de se levantar e ir para o quarto. Atrevida pra caralho.

Ela o observava enquanto ele andava, seu coração pulsando com força, e um leve incômodo entre as pernas fazendo-a surtar.

Puta. Que. Pariu.

𑁍

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A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora