50 - Hogwarts, 1996

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Quando ela voltou para o quarto, esperava tudo, menos uma nova colega. Angel sorriu, pela posição em que estava sentada, Saori presumiu que a cólica tinha sido das pesadas. — Sa! Temos uma nova vadia no quarto! - a loira riu, e abraçou levemente Pansy, que estava sentada em sua cama.

Saori desfez o rabo de cavalo, massageando o couro cabeludo. — O que você fez para vir para cá? - perguntou, agora tirando a capa. Angel sorriu. — Saori, ela deu uma surra em uma garota. Conta para ela, Pansy! Conta!

A menina de cabelos ônix revirou os olhos. — Uma das meninas que dividia o quarto comigo tinha amizade com uma corvina. Ontem ela levou essa corvina para nosso dormitório, e as filhas da puta gargalharam enquanto a garota contava sobre como tinha roubado o namorado de uma menina da nossa casa. Aí eu me senti traída né, óbvio, e meti a mão na cara das duas. Que vá aprender a ser piranha em outro lugar.

A respiração de Saori falhou quando lágrimas encheram os seus olhos. — Obrigada. - sussurrou, e Angel ficou imóvel como uma rocha - Obrigada por ter feito o que eu não consegui fazer.

— Saori. - a voz da loira saiu contida pelo início do ódio - Do que você está falando?

A japonesa respirou fundo, se sentando na borda da cama. Seus olhos encheram-se de lágrimas quando ela perguntou: — Tem chocolate?

𑁍

Somente a cólica infernal impediu Angel de ter ido castrar Cedrico Diggory. Ela sabia que a amiga andava chateada pelo término, mas não sabia que ele era tão repugnante assim. Ah, se ela pudesse enfiar uma adaga na garganta dele sem ser punida...

Talvez um Avada seja o suficiente por hora.

Depois que Saori terminou de explicar o que havia acontecido - Angel chorou junto com ela, mas de ódio e não tristeza, elas haviam se entupido de chocolate - pois Mattheo foi visitar Angel durante a tarde, e ela escravizou o pobre coitado para seus interesses próprios, ou seja, fez ele assaltar a cozinha novamente, agradecendo-o com um beijo - o clima no quarto estava muito mais leve e agradável. Elas riam e conversavam, fofocando sobre as outras casas e falando mal de muitas pessoas.

Uma batida na porta.

Saori foi abrir, e sorria por uma piada que Angel havia contado, mas ficou tensa de repente. Angel se esticou, e xingou ao ver Draco parado na porta. Saori o encarou de cima a baixo, nojo brilhando em seus olhos. Ele limpou a garganta, desconfortável. — É... eu volto depois. - murmurou, fazendo menção de ir embora.

— Draco! Espera aí! - Angel gritou, gemendo sôfrega ao levantar da cama e andar lentamente até ele. O loiro a observou preocupado ao ver o quão debilitada ela aparentava estar, e ela sorriu. - Liga não. É só drama. - gargalhou e pôde imaginar Saori revirando os olhos. Eles saíram do quarto, Angel fechando a porta antes de encará-lo.

— O que foi? - peruntou baixinho para que ninguém ouvisse - Outra crise de ansiedade?

Ele fez um gesto que sim, quase imperceptível. Ela mordeu o lábio inferior, abraçando-o. — Fica calmo, okay?

Ele estava segurando a crise há um bom tempo. Começou no meio do corredor; ele precisou correr como um demente até chegar ao dormitótio, a única pessoa que poderia pensar para ajudá-lo era ela. Ele soltou o que quer que segurava a tremedeira, o suor e o desespero. Ela o abraçou ainda mais forte, enquanto ele chorava em seu ombro.

Ansiedade é algo tão horrível. Tão cruel.

Faz sua cabeça para que você se sinta em perigo a todo momento; em desespero. Parece que você desaprende a respirar, a pensar ou controlar seu corpo. Mesmo seu coração não bate da maneira que deveria.

Draco envolveu seus braços ao redor dela, tão apertado que lhe tirou o ar. Ela apenas o abraçou com mais força ainda, tentando ser de alguma ajuda.

Alguns minutos depois, e ele estava se acalmando. Ela fazia carinho no cabelo do loiro, respirando audivelmente para que ele seguisse seu ritmo. Ele se afastou, secando as lágrimas, e sorriu de leve. — Obrigada, Angel. - sussurrou - Queria que não me visse sempre assim.

Ela mordeu a bochecha, sentindo pena da situação em que se encontravam. — Tudo bem. E, não precisamos nos encontrar somente em casos ruins... - ela sorriu um pouco - Zabini me convidou para o jogo de cartas amanhã. Vá. Assim teremos um pouco de diversão; merecemos isso.

Ele sorriu levemente. — É, merecemos.

Draco saiu pelo corredor, indo, imaginou Angel, para seu quarto. Ela se virou, vendo Saori no batente da porta entreaberta. Ela rolava a língua dentro da boca, o olhar focado no chão. Os olhos dela estampavam ódio, mas também, vergonha. Angel a compreendeu. — Ele é como eu.

Isso foi o suficiente para fazer com que Saori se sentisse um pouco mal.

Mas só um pouco.

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A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora