16 - Hogwarts, 1996

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Ela não se sentou com ele na aula de poções. Nem ao menos olhou para ele.

Durante o almoço, ele reparou que ela o olhava mas, quando encarou-a, ela mostrou-lhe o dedo do meio.

Garota atrevida.

Draco e Zabini acabaram de entrar na sala, sem camisa e só com as calças de treino. Nott já trabalhava com flexões e Berkshire estava nos pesos.

Há um andar secreto em Hogwarts. Ele liga a comunal de todas as casas em túneis de pedra, e em um grande salão de festas. Nos corredores, há diversas salas esquecidas e vazias.

Quando ele tinha onze anos, passou por uma situação onde sua condição física foi testada, e ele falhou. Desde então, ele gosta de treinar. Assim, pegou uma daquelas salas e a fez de uma academia.

Ele fazia abdominais, a contagem no oitenta e dois. Finalizado os cem, secou seu rosto com uma das toalhas que ficavam dobradas em uma mesinha de canto, e bebeu um pouco de água.

— Que horas é o jogo de amanhã? - pergunta à Draco, que agora estava nos pesos.

— Às quatro. Mas vamos ir para o campo às duas e meia.

— Vocês apostaram? - agora fala com Nott, que mastigava algumas castanhas.

— Aham, cinquenta galeões. Quer entrar?

Ele tira o dinheiro da mochila que sempre mantinha na sala, jogando para o garoto, que pegou. — Qual sua aposta? - Nott pergunta depois de contar o dinheiro.

— Duzentos e sessenta a cento e oitenta.

Ele pisca. — Anotado.

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A gritaria da torcida o deixava com enxaqueca. Claramente, o lado verde da arquibancada é bem menor que o azul.

Grifinórios, Lufanos e Corvinos gritam quando o time da Corvinal entra em campo. Em contrapartida, suas vaias não sobrepuseram a torcida da Sonserina, menor em número, maior em tudo.

Os capitães apertam as mãos para o início do jogo, e a corneta é assoprada. Quatorze vassouras voam pelo ar agora, com Malfoy observando a todos os lados para encontrar o Pomo.

Quem narra é Luna Lovegood, tão estranha e fora de si que o faz rir. A torcida oposta grita de ódio quando Crabbe acerta o Balaço em um dos jogadores Corvinos, fazendo-o cair. Obviamente, a Sonserina se anima.

Quando a Sonserina faz o primeiro ponto, todos gritam. Isso já está começando a irritá-lo.

Ele odeia lugares cheios, odeia as pessoas.

Esgueira-se para sair de onde estava, mas congela ao ver Angel sentada mais para o canto, torcendo. Saori está ao seu lado, com uma expressão séria, e, inesperadamente, Cedrico Diggory está entrelaçando sua mão com a japonesa.

Angel grita e gargalha quando outro jogador do time oposto é atingido, seu lado cruel da Sonserina cada vez mais presente. "DERRUBA ELE, PORRA!" - ela gritou várias e várias vezes.

A loira veste uma camiseta da Sonserina muito maior que seu corpo, uma legging preta e um sobretudo preto por cima. Há um gorro verde-escuro contendo seus cachos dourados e tênis brancos em seus pés. A pulseira tilinta a cada grito que ela dá.

Saori cutuca a garota no ombro, desviando a atenção dela para Mattheo. Seus olhos focam nos dele e ela afasta a mão da amiga, que ainda a cutuca. Ela se levanta do banco, indo em direção à saída, e ele a segue.

Ela está escorada na parede, com os braços cruzados. — Me stalkeando, Mattheo?

Ele não responde, apenas a observa no fundo dos olhos. Ela muda de posição, desconfortável. — O que você quer de mim? Sempre age que nem um babaca, e agora fica me encarando!

Aproxima-se dela, deixando-a presa contra a parede. Seus braços, um de cada lado de sua cabeça. Ela o encara com aquelas orbes cor de mel, sua respiração descontrolada.

Ela não sabe explicar o porquê. Mas ele a deixa com vontade de ser inconsequente. De viver do jeito que ela quiser, ser livre. Falar o que quiser, fazer o que quiser, pensar o que quiser.

Ela quer que ele a beije.

— E agora... agora você fica agindo assim. - sussurra, estudando o rosto dele.

Seu peito arde com a vontade de beijar seus lábios. Ele repara quando ela passa a língua pela boca ressecada, molhando-a. Ela abaixa o olhar, desviando-o para o chão, mas ele quer que ela volte a o encarar, então puxa seu queixo até que seus olhos se encontrem novamente.

Seu dedo indicador direito está debaixo do queixo dela, e ela faz um movimento brusco para se soltar.

Ele a quer.

Sente seu corpo inteiro queimar quando afirma isso para si, como se ele estivesse acordando para algo imenso. Caindo em si, de verdade. Ela inspira fundo, encarando-o. Mudou sua atitude, não tenta mais evitá-lo; pelo contrário, está sendo afrontosa e quer saber o que ele está fazendo.

Ele também queria saber.

Se aproxima dela, seus lábios quase se encostando. Ela prende o fôlego e ele sabe que a garota fechou os olhos quando espia rapidamente.

Ela quer isso também.

Ele lambe seu lábio inferior, e ela suspira. Mais um roçar das carnes, e ele está enlouquecendo, como se fosse queimar.

Porém, não tem a chance de completar o beijo.

— Angel? - uma voz masculina chama atrás deles. Ela pula, empurrando-o para longe e soltando um palavrão.

Harry Potter está parado atrás de Mattheo, olhando-a com desgosto e nojo. Ele encara o herói de cima a baixo, puto por ele ter interrompido. — O que você quer, Potter?

Ele o ignora. Olha para a garota, que está com uma expressão de medo e vergonha ao mesmo tempo. Ela parece querer se enterrar na parede.

— Vamos. - é o que ele diz. Ela rapidamente olha para Mattheo, e ele percebe que ela quer dizer algo, mas apenas abaixa a cabeça antes de ir para o lado de Harry Potter, encolhida.

Intercalando o olhar entre os dois, xinga a garota mentalmente, e quer matar Harry Potter por ter a única coisa que ele quer. Aquela garota atrevida é dele.

E ele já sabe disso.

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A Biografia de Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora