1°- Um péssimo dia

2K 83 16
                                    

Acordei mais um dia com o meu despertador tocando no meu ouvido, fazendo eu me sentar rapidamente na cama e sentir tudo girar por um tempo.

Mas foi quando olhei para o horário, que não tive tempo nem de raciocinar qual é meu nome e o objetivo da minha vida, pois naquela hora só estava pensando no trabalho.

Bom, em detalhes e como devem ter percebido, estou atrasada (novamente) e tinha altas chances de levar mais um resumo do meu chefe - o qual, no caso, se chama Enji Todoroki - sobre como eu sou inútil naquela empresa.

Vesti a minha roupa de trabalho rapidamente e arrumei o meu cabelo num coque, em seguida peguei a minha bolsa e saí de casa, sem nem tomar café ou ter chance de fazer um xixi.

Desci as escadas na velocidade da luz, notando só naquele momento que ainda estava usando a minha pantufa preta com estampas de corações vermelhos.

Corri para frente do prédio onde moro, sem nem ter tempo de parar para deixar minha chave com a recepcionista, e entrei no táxi no lugar de outra pessoa que havia o chamado. 

– Foi mal! Não tô em um bom momento!- Avisei fechando a porta.

– Para onde quer ir?- O homem perguntou começando a dirigir.

– Cara, tu sabe que esse moço sempre te ganha como taxista, e eu acabo entrando quando tô atrasada, então o senhor já deve saber!- Falei ríspida, e ele deu risada.

Em poucos minutos, chegamos na frente da empresa. Eu entreguei o dinheiro para o taxista sem nem contar e saí correndo do carro, deixando ele gritando que tinha trocado mais uma vez.

Mas eu nem sequer olhei para trás, pois havia outra coisa muito mais importante para lidar, a qual pareceu se tornar mais delicada quando passei pela porta e os olhares de dó de todo o pessoal veio na minha direção.

Estava um silêncio extremamente tenso pelo local, o que fez eu conseguir ouvir coração disparar com mais força conforme me aproximava da porta do meu chefe.

Em cada lado da porta havia um guarda, os quais me olhavam com expressões que não me ajudavam muito.

Foi quando ergui a mão com o punho fechado para bater na porta, que pude sentir a humilhação na qual iria receber e já planejando a despedida para os meus parças.

Nisso, bati duas vezes naquela grande porta de madeira, em seguida comecei a abrir a mesma e entrei na sala, vendo o homem de cabelos vermelhos sentado em sua cadeira.

Parecia estar encarando a bela paisagem da cidade que podia ser vista a partir do grande vidro que havia no fundo da sala.

Então, engoli em seco e comecei a caminhar lentamente na direção da sua mesa, pensando que talvez ele não estaria ouvindo meus passos por conta da pantufa.

Mas estava totalmente enganada.

– Pare aí imediatamente.- Enji mandou quando eu estava prestes a dar mais um passo.

Lentamente, coloquei meu pé junto do outro e fiquei parada enquanto via ele se virar de frente para mim, agora deixando eu ver a carranca na sua cara - a qual estava pior do que aquela que costumo ver.

– Qual é a desculpa de hoje?- Cruzou os braços.- Sua vizinha precisou de sua ajuda para descer as escadas mais uma vez?

– Não.- Murmurei.

– Ah, então deve ter esquecido de alguns papéis importantes.

– Também não.

– Imaginei, porque não tinha nenhum papel para ser utilizado na nossa reunião hoje!- Disse aumentando a voz cada vez mais.- Mas então me diga, qual é a desculpa?! Porque para vir de pantufa ao trabalho o negócio foi de…!

– Esqueci de ajustar o horário para me levantar mais cedo.- Interrompi ele.

– Era de se esperar vindo de uma incompetente como você!- Se levantou depois de bater com o punho na mesma.- Pedi para eles esperarem quase 20 minutos na esperança de você aparecer, mas nada aconteceu!

– Me desculpe.- Abaixei a cabeça.

– Desculpa não vai fazer eu conseguir as mesmas propostas que aqueles homens tinham! Isso tudo por sua causa!- Apontou o dedo indicador na minha direção.- Se você fosse mais responsável, nada disso teria acontecido!

Ele continuou me humilhando com todo o seu ódio por muito tempo, e eu apenas fiquei escutando tudo de cabeça baixa e sem falar nada, apenas concordando mentalmente com tudo que o mesmo falava de mim.

Então, ele ficou um tempo em silêncio, até que comecei a escutar seus passos pesados vindo na minha direção. Em seguida, quando já estava na minha frente, segurou o meu queixo com uma das mãos e fez eu olhar para seu rosto.

– Essa foi a última vez que você entrou nessa empresa, porque está DEMITIDA!- Gritou, fazendo o meu ouvido chiar.

– Mas…

– NADA DE "MAS"! NÃO QUERO SABER SE VOCÊ PRECISAVA DESSE EMPREGO OU SE NÃO TEM CONDIÇÕES!- Soltou o meu queixo.

Ele me pegou pelo braço com força e me puxou até a porta, em seguida abrindo a mesma com brutalidade.

– {NOME} {SOBRENOME} ESTÁ DEMITIDA!- Gritou para todos antes de me jogar com raiva no chão e bater a porta ao fechar. 

Então, quando os caras da porta viram que ele se foi, vieram até mim e me ajudaram a ficar de pé. Depois, foram comigo aonde todos os outros trabalhadores estavam.

Eu olhei para eles e comecei a chorar de desespero.

Agora estava desempregada e com isso não iria conseguir pagar as minhas contas, o que significa que não vai demorar muito para eu ir morar no meio da rua.

Repentinamente, senti vários abraços atrás de mim e falas de consolos de todos os meus parças - as quais eram tipo: "fique forte", "tudo vai dar certo, tenha fé", "você vai achar um emprego melhor", etc.

Retribuí o abraço a todos, depois saí da empresa com a cabeça baixa e tentando controlar o próximo surto de choro para que ele fique para quando eu chegar em casa.a

Nisso, me surpreendi por aquele cara do táxi ainda estar ali, esperando para devolver o troco para mim.

Essa surpresa fez um sorriso repentino surgir no meu rosto, mas que logo sumiu quando entrei no carro e fechei a porta, olhando pela janela aquela grande empresa pela última vez.

– Ó.- Resmungou o homem tentando me devolver o dinheiro.

– Me leva de volta para casa.- Afirmei e funguei o nariz.

– As coisas não foram boas lá?- Perguntou começando a acelerar lentamente, e eu assenti com a cabeça.- Bom, então vira taxista, igual eu.

– Não tenho grana para comprar um táxi.- Murmurei, e o homem riu.

– Meu nome é Toshinori Yagi, mas a maioria me chama de All Might.

– Por quê?- Arqueei uma sobrancelha.

– É que eles dizem que eu sou um super-herói porque sempre estou no lugar certo quando eles precisam, aí disse para me chamarem assim para representar.- Sorriu gentilmente.

– Legal, vou te chamar desse jeito também, porque concordo que você sempre esteve lá quando precisei.

– Bom, então obrigado.- Parou em frente ao meu prédio.- Fica bem.

– Você também.- Saí do carro

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora