134°- Palhaçada?

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Voltamos para casa assim que começou a anoitecer.

Katsu estava cansado depois de passar uma boa parte da tarde correndo pelo gramado junto de Kota. Então, não foi difícil fazê-lo dormir após um bom banho.

– {Nome}.- Kota chamou baixinho depois de eu deitar o bebê no berço.

– Sim?- Me virei para ele.

– Olha, espero que isso não gere uma briga entre você e Katsuki.- Disse nervoso.- Mas, ele te falou que estamos visitando a minha mãe três vezes por mês na prisão?

Paralisei.

– Não.- Afirmei.

– Olha, por favor, não brigue com ele.- Segurou as minhas mãos.- Entenda que passei anos sem vê-la até você deixar pela primeira vez.

– É, isso é verdade.- Suspiro.- Só que isso não significa que vocês precisam fazer esses encontros pelas minhas costas.

– Se eu tivesse pedido, você teria me deixado ir?

– Claro que teria, parece até que vocês pensam que sou um monstro.- Faço ele soltar minhas mãos.

– Não é isso, é só-

– Não deixei naquele tempo porque você era mais novo e por conta do acidente, mas parece que nem você e nem Katsuki conseguem entender isso.

Kota abaixou a cabeça, parecendo pensativo.

– Há quanto tempo estão visitando ela?- Pergunto cruzando os braços.

– Há um ano e meio, eu acho.

– E você acha que antes disso, se tivesse se aberto para mim e dito sua vontade, eu não teria te deixado ir?

Ele ficou quieto e depois olhou para mim, com seus olhos marejados. Afinal, o que está acontecendo para todos estarem tão sensíveis?

– Me desculpe de verdade por não ter te dado essa liberdade e te escutado antes, Kota.- Digo, e ele fica surpreso.- Mas a forma como vocês lidaram com isso, me faz parecer uma palhaça.

Olho para Katsu dormindo abraçado no urso.

– Tem vezes que acho que só eu lembro das coisas que aconteceram.- Murmuro.

– {Nome}-

– Boa noite, Kota. Amanhã a gente conversa.- Forço um sorriso, beijo sua bochecha e saio do quarto.

Quando chego no meu quarto, vejo Katsuki sentado na beirada da cama. Assim que levou sua atenção para mim e abriu a boca para falar, ergui minha mão para ele se calar.

Passei por ele e fui para o banheiro escovar os meus dentes, só que pude escutar o homem soltar um suspiro antes de se ajeitar na cama.

Estava me sentindo uma palhaça por ter sido enganada por um ano e meio. E também um monstro, pois é como se eu tivesse prendido Kota longe de sua mãe por décadas e nunca quisesse escutá-lo.

Assim que terminei de escovar os dentes, voltei para o quarto e deitei de costas para Katsuki. Contudo, como sempre, o homem logo me abraçou por trás.

– Eu escutei a sua conversa com Kota.- Sussurrou.

– Que bom.

– {Nome}, por favor, nos desculpe. Na hora parecia certo e-

– Não, sou eu quem devo me desculpar, sempre mantive ele longe dela. Queria mantê-lo em segurança, mas pelo jeito foi errado.- Digo irritada.

Katsuki suspirou.

– Amanhã falamos sobre isso.- Digo por último, depois pego meu travesseiro, me levanto e saio do quarto.

Assim que chego no quarto de Katsu, me acomodo no sofá perto do berço e suspiro. Logo, sinto as pequenas patas de Nijel em cima de mim e fico olhando ele se deitar junto comigo.

Acaricio seus pelos e bocejo, em seguida fechando os olhos e deixando o sono me consumir.

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☦︎༄Dia seguinte.
☦︎༄08:36.

Acordo e franzi o cenho ao me encontrar na cama novamente. Dessa forma, me sento e olho ao redor. Nijel estava deitado no travesseiro de Katsuki, enquanto Marley estava deitado no chão ao meu lado.

Me mexo na cama e levo um pequeno susto ao encontrar uma carta entre as cobertas. Receosa, pego e abro-a.

“{Nome}, hoje peguei o ônibus para ir para a escola, e Katsuki já deve ter levado Katsu para creche.

Ele parecia muito triste quando acordou de manhã e desanimou mais ainda quando precisou te tirar do sofá e levar para cama. Torço para que não esteja com dor no pescoço agora.

Enfim, eu e ele queremos nos desculpar de verdade contigo e aceitamos seu pedido de desculpas, mesmo que tenha sido meio irônico - mas sei que isso vai te deixar melhor.

Entendemos que devíamos ter sentado e conversado contigo de maneira pacífica sobre isso. Você é uma pessoa calma e te tratamos como se fosse surtada; mais um dos motivos para nos desculparmos.

Tenho certeza de que se tivéssemos feito diferente, lidado com os assuntos como uma família de verdade, as coisas estariam boas entre nós agora. Eu até poderia estar vendo a minha mãe mais vezes.

É, realmente meu professor está certo, os impulsos do passado trazem consequências no futuro.

Mas é dessa forma, que quero que quando nós três estivermos em casa, juntos, possamos fazer as pazes de verdade e tomar uma decisão melhor sobre o assunto. 

Eu te amo, Katsuki te ama, Katsu te ama, todos te amamos. Espero que nos desculpe de verdade, com amor e carinho.

Assinado: Kota.”

Suspirei assim que terminei de ler a carta, sorri e me levantei.

Fui ao banheiro, fiz o que precisava, lavei meu rosto e ajeitei meu cabelo. Em seguida, voltei para o quarto, guardei a carta numa gaveta e expulsei com delicadeza Nijel de cima do travesseiro antes de arrumar a cama.

Quando estava descendo as escadas, escutei um barulho na cozinha. Pelo jeito, Katsuki não foi trabalhar hoje.

Após entrar no cômodo, ele me olhou rápido e depois voltou a mexer na cafeteira. Me aproximei e fiquei na frente dele, fazendo com que o homem olhasse para mim com surpresa e confuso.

Levei as minhas mãos para o seu rosto e lhe puxei para um beijo. De início, ele ficou paralisado, mas logo levou suas mãos para a minha cintura e puxou meu corpo para mais perto do seu.

– As outras famílias devem ter inveja de como resolvemos tudo tão rápido.- Digo entre o beijo, e ele ri.

As mãos dele deslizaram devagar para a minha bunda, a qual ele apertou e bateu com vontade enquanto nosso beijo ficava cada vez mais intenso.

Nisso, ele desligou a cafeteira e me virou na direção da mesa, parando nosso beijo apenas para tirar uma cadeira do caminho.

– Eu nunca vou deixar um beijo ser apenas um beijo.- Confessou me pegando no colo e me sentando na mesa.

O loiro mordeu o meu pescoço e apertou com força uma das minhas coxas. Sua mão livre deslizou para debaixo da minha camisa antes de apertar um dos meus seios, fazendo eu gemer baixinho.

Ele sorriu vitorioso e deixou sua boca bem próxima da minha, mas não me beijou. Todas as vezes que eu tentava juntá-las para isso, Katsuki se inclinava para trás e ria.

Esse cara ainda vai se arrepender.

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora