82°- Pesadelos

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Olhei ao redor; onde eu estou?

Senti uma dor forte na minha nuca, então tudo começou a embaçar até ficar branco, me fazendo sentir uma sensação extremamente ruim.

Foi então que começou a voltar ao normal, mas ainda assim as coisas continuavam estranhas e a minha barriga estava doendo de uma forma horrível.

Quando a minha visão se tornou clara, percebi que estava olhando para os pés de um homem e notei que estava com uma barriga grande, além de estar com um vestido de uma cor levemente amarela.

A dor sumiu, e eu ergui a minha cabeça para olhar para o homem à minha frente, semicerrando os olhos por seu rosto estar escuro.

Levei meu olhar para o meu redor, percebendo que estava no ar livre, onde havia vários bancos de igreja com pessoas conhecidas ocupando todos.

Franzi meu cenho ao ver Midoriya e Makima, mas comecei a me sentir bem quando vi que a maioria estava sorrindo de uma forma simples.

Contudo, meus olhos se arregalaram quando os mesmos pararam na minha mãe, vendo ela assustada e chorando como nas vezes em que meu pai lhe batia.

Nisso, levei rapidamente a minha atenção para o homem na frente de mim, sentindo o terror tomando conta do meu corpo ao ver o cara estranho de mais cedo sorrindo da forma mais horripilante.

Tentei fugir naquele momento, mas ele segurou o meu braço com uma das mãos e a outra levou para o meu pescoço, me sufocando enquanto uma dor agonizante se formou na minha barriga.

Gritei, mas a minha voz não saiu.
Lutei, mas não parecia ter força.
Chorei, sentindo lágrimas ardidas.
Olhei para baixo, mas me arrependi.

Tinha sangue pelo meu vestido, pelo chão, manchando o tapete branco que estava debaixo de mim e principalmente sujando os pés daquele homem.

Então, passei o meu olhar ao redor; não tinha ninguém ali, apenas um corpo nu e cheio de sangue no meio do corredor, o qual eu reconheci de quem pertencia no mesmo instante.

Era Katsuki.

Fiquei encarando aquilo com os olhos arregalados, tentando com todas as forças me soltar aquele homem mais uma vez, chorando mais, mais e muito mais.

Entretanto, paralisei quando a parte superior do corpo do loiro começou a se mexer e ele olhou para mim, seus olhos completamente brancos e sua boca sangrando com a falta de seus lábios.

– {Nome}!- Chamou, parecendo estar com raiva.- {NOME}!- Gritou mais alto.

E foi assim que, quando ele foi me chamar mais uma vez, eu acordei.

Era como se a minha alma tivesse voltado para o meu corpo, fazendo eu me sentar de imediato e colocar a mão no meu peito, sentindo meu coração bater de forma acelerada enquanto meu corpo suava frio.

– Minha nossa.- Falou Katsuki, apoiando a cabeça no meu ombro antes de me abraçar.- Você quase me matou do coração.

Olhei para ele, sentindo uma lágrima repentina e fria escorrer pela minha bochecha, vendo seu rosto de quem passou um momento de pânico ao me soltar.

Mordi meu lábio inferior e coloquei uma de minhas mãos no seu rosto, tudo para ter certeza de que não estava em um sonho e talvez aquilo tivesse sido a realidade.

Percebi que não precisava me sentir dessa forma quando ele colocou sua mão quente sobre a minha e deu um beijo demorado na minha testa.

Ele estava ali, ele sempre vai estar ali, está tudo bem.

– Kota ainda está dormindo?- Perguntei, preocupada de que ele tivesse passado pelo susto também.

– Sim.- Assentiu o loiro parando de me beijar.- Fechei a porta quando vi que as coisas não estavam muito bem, sei do seu medo dele ver coisas horríveis como essa.

– O que aconteceu comigo?- Olhei no fundo dos olhos dele.- Fala a verdade.

Ele inspirou o ar profundamente e expirou da forma mais calma possível, fechando os olhos antes de me abraçar e deitar lentamente, fazendo eu ficar com a cabeça apoiada no seu peito.

– Você começou a soar, resmungar, dar alguns gritos e se mexer muito. Fiquei extremamente preocupado, porque você só deita e poucas vezes se remexe, mas hoje foi diferente.- Colocou a mão no meu braço e acariciou o mesmo.

– É que foi horrível.- Falei lembrando da sua face no pesadelo.

– Quer me contar?- Perguntou baixinho, e eu neguei freneticamente com a cabeça.

– Por favor, só fique comigo.- Agarrei com força a sua camisa.- É só disso que eu preciso.

– Então é isso que vou fazer.- Olhei para ele, e o mesmo sorriu.- Provavelmente você não vai querer dormir agora, então vamos começar a planejar o nosso casamento?

– Sério?- Senti as minhas bochechas ficarem vermelhas.

– Claro.- Deu de ombros.

– Bom, tá.- Sorri.- Não quero algo grande, que chame atenção e faça as pessoas se sentirem sem jeito.

– Esperei que fosse decidir isso.

– É que eu já fui uma dessas pessoas, sei o quão difícil é se sentir inferior aos outros.

– Entendo.- Murmurou.

E assim começamos uma longa conversa sobre como queremos o nosso casamento e até já pensamos em um lugar para ficar na lua de mel.

Cada palavra e ideia que surgia na minha mente me deixava mais ansiosa, fazendo eu esquecer completamente do pesadelo horrível de minutos atrás e focando em algo muito melhor.

Mas essa sensação boa só durou até Katsuki pegar no sono, me deixando solitária dentro daquele silêncio que se manifestou por todo o cômodo.

Entretanto, logo escutei arranhares na porta, além de miados melancólicos e um choro baixinho; não preciso nem dizer que me obriguei a abrir a porta.

Só que, eu confesso, me senti muito melhor com eles dois ali em dentro, com Marley deitado no chão do meu lado da cama, e Nijel no espacinho que sobrou do meu travesseiro.

Fiz carinho nos dois e me ajeitei, suspirando profundamente antes de ter coragem novamente de pegar no sono, temendo passar por aquele terror mais uma vez.

Foi então que senti o loiro me abraçar fortemente por trás, dando um beijo molhado na curvatura do meu pescoço antes de voltar a dormir.

E sendo assim, sem mais nenhuma escolha, fechei meus olhos e deixei que o sono surgisse devagarinho, pois não tinha nenhuma pressa sequer para dormir.

Então, me lembrei que se não fizesse isso hoje, não iria conseguir fazer mais nenhum dia e começaria a minha rotina de atrasar no trabalho, podendo ser demitida pelo meu chefe/noivo.

Coloquei a mão por cima da do homem, a qual estava na minha barriga, e acariciei a mesma até me sentir realmente tranquila, podendo assim pegar no sono.

De repente, me encontrei no mesmo lugar do sonho, em cima do mesmo tapete, na frente do mesmo homem e sentindo os olhares das mesmas pessoas.

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora