130°- Presentes

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– Oi.- Disse ele.- Imaginei que quisesse saber que cheguei bem.

Soltei um suspiro de alívio.

– Você me assustou, mas obrigada por ligar.- Coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.- Como estão as coisas aí?

– Bem ruins, já tem bastante gente aqui limpando os túmulos. Todos estão dizendo que as chances de ter uma nevasca hoje de noite é grande.

– De novo?- Bufei.- Amanhã nem a pau que vou deixar você sair de casa, as estradas vão ficar mais lisas do que devem estar.

– Você está certa, cheguei quase a ver um acidente por causa dessa merda.

Isso explica minha sensação ruim?

– Mas não aconteceu nada, né?- Perguntei.

– Não, pode ficar tranquila.- Escuto ele soltar uma risadinha.- Na volta para casa, vou comprar umas coisas para ti.

– O quê?

– É surpresa.

– Nossa, chato.

– Redonda.

– Triângular.

– Quadrada.

– Retângulo.

– Gostosa.

– Obrigada.- Agradeço, e escuto ele bufar.

– Vou indo, a galera aqui tá me olhando estranho depois dessa nossa conversa.- Avisa.

– Tá bom, eu te amo.

– Eu também te amo.- Desligou.

Deixei meu celular em cima da mesa e voltei minha atenção para as panelas. Me sentia melhor por ele ter me ligado e boba por ter ficado tão preocupada, mesmo tendo motivos.

De qualquer forma, chegou a hora do almoço, e Katsuki ainda não estava em casa. Mesmo assim, chamei Kota e fomos almoçar.

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Mais tarde, eu estava colocando Katsu no berço para dormir após lhe amamentar e trocar sua fralda, quando escutei o carro de Katsuki chegar - logo em seguida ouvi ele conversar com Kota.

Deitei o bebê, dei um beijo na sua testa e sai do quarto, vendo Katsuki ir para a cozinha enquanto eu descia as escadas. Ele estava com várias sacolas nas mãos, me deixando curiosa.

Desci as escadas e fui atrás do homem, o qual colocou as sacolas em cima da mesa. Dei batidinhas nas suas roupas, pois haviam alguns flocos de neve nelas, e lhe abracei por três.

– Como foi?- Perguntei.

– Tedioso, estava bastante sujo e as pessoas não paravam de falar, parece que não sabem respeitar um cemitério.- Resmungou.

– Tenso.- Murmurei e ajudei ele a tirar o casaco, o cachecol e as luvas.

– Pode deixar que eu guardo essas roupas, vai vendo as compras.- Deu um beijo na minha testa e saiu.

Comecei a mexer nas sacolas e abri um sorriso gigante ao ver que dentro delas havia diversas fotos, uma já estando arrumada num porta retrato de madeira escura. Nela estava eu - grávida - com Kota de um lado e Katsuki do outro no nosso chá de bebê.

Nas outras fotos era de mim com os outros convidados, também só com Katsuki, só com Kota, e sozinha. Outras que foram tiradas num ensaio fotográfico. Todas estavam muito bonitas.

Nisso, o homem voltou para a cozinha, segurando uma caixa de presente e sorrindo bobo.

– Meu senhor.- Murmurei pegando a caixa da mão dele.

Quando desembrulhei e abri a caixa, meu sorriso ficou maior do que já estava. Na caixa tinham dois álbuns, ambos brancos, mas um com meu nome escrito em dourado, e o outro com o nome de Katsu em azul escuro.

No momento em que Katsuki quis me abraçar por trás, virei para ele e pulei nos seus braços, lhe dando um abraço apertado e carinhoso. O homem retribuiu no mesmo instante e riu da minha reação.

– Eu te amo.- Sai do abraço.- Eu te amo, eu te amo, eu, te, amo.- Falei dando um selinho nele em cada pausa.

– Eu também te amo.- Afirmou e pagou todos os selinhos num beijo rápido.- Aliás-

– Você também ganhou!- Interrompeu Kota surgindo na cozinha segurando um álbum.

– É, eu ia dizer que ele também ganhou.- Sorriu.

Kota começou a olhar as fotos em cima da mesa, soltando um gritinho animado ao ver as nossas fotos juntos. Contudo, não pude ficar vendo suas reações, pois Katsuki segurou meu queixo e virou meu rosto para si.

– Amanhã chega outra surpresa.- Afirmou.

– Katsuki, você anda aprontando demais.- Resmunguei semicerrando os olhos, e ele riu.

– Faço isso porque te amo.- Me deu um selinho.

Ficamos vendo as fotos e colocando elas nos álbuns. O que fazer sozinha seria entediante, junto deles se tornou divertido, pois enquanto organizamos as coisas em ordem, fomos relembrando os momentos.

Houve um momento em que fiquei olhando para a minha foto de grávida, lembrando que quando era mais nova, nunca me imaginava dessa forma e nem queria pensar nisso - mesmo cuidando de crianças.

– Você estava linda.- Katsuki disse no meu ouvido e também olhando para a foto.

– Verdade.- Olhei para ele e sorri.- Obrigada por isso.

– De nada.- Deu um beijo na minha bochecha.

Após terminarmos de organizar as fotos, fui ao “meu” quarto guardar o meu álbum e o de Katsu. Aproveitei para ir até o berço e dar uma olhada rápida nele, o qual dormia tranquilo. Sorri e sai do cômodo.

Contudo, quando cheguei no corredor, dei de cara com Katsuki.

– Encontrei minha mãe no cemitério.- Sussurrou e se aproximou mais.

– Como foi?- Levei minhas mãos para o seu peitoral, e ele segurou minha cintura.

– Foi…delicado.- Suspirou.- Ela estava séria e junto do novo namorado. Eles conversaram comigo, e eu fiz o máximo para não falar nenhuma merda.

– Fez bem.- Lhe dei um selinho.- O que achou do homem?

– Até que é…gente boa.- Disse como se estivesse forçando cada palavra.

– Ótimo.- Sorri.- E isso serviu para mostrar para ti que ela ainda pensa no seu pai, afinal, vocês dois devem ter ido lá com a mesma intenção

– Você está certa.- Bufou.- Aquele cara até ajudou a limpar tudo.

Levei uma das minhas mãos até seu rosto e passei meu polegar pelos seus lábios, fazendo ele sorrir de canto, agarrar minha cintura com mais firmeza e me puxar para perto.

– Sabe, também quero que você volte sua amizade com sua mãe porque é com ela que quero deixar Katsu quando formos para a lua de mel e quando precisarmos ficar sozinhos.- Afirmei.

– “Quando precisarmos ficar sozinhos”?- Sorriu malicioso e sussurrou:- Entenda que quando quisermos transar, farei o possível para sua boca estar bem ocupada para não fazer barulho nenhum.

Senti minhas bochechas ficarem vermelhas, ele riu. Contudo, quando estava prestes a juntar meus lábios nos seus, escutamos Katsu começar a chorar e paralisamos.

– Entendeu o que eu quis dizer?- Perguntei, ele bufou antes de assentir com a cabeça.

Dessa forma, voltei para o quarto, fui até o berço e peguei Katsu no colo antes de dar beijos na sua bochecha.

– Você é um lindão.- Afirmei.

– Já me sinto excluído.- Katsuki resmungou e veio até nós.- Independente de você ser meu filho, não roube meu lugar.- Disse apontando o dedo indicador para o bebê.

E pelo visto, as competições começaram.

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora