13°- Resto do dia

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Izuku ficou mais um pouco comigo e foi embora, então eu notei um papel em cima do balcão na cozinha, o qual provavelmente tinha sido escrito por Katsuki avisando que a comida estava dentro do microondas.

Então, abri o mesmo e respirei fundo o cheiro bom da comida, em seguida fechei e liguei um minuto para esquentá-la.

– Eu já tinha terminado de almoçar, tá?- Kota falou entrando na cozinha.

– Tá.- Me agachei na frente dele.- Olha, quando você precisar de ajuda como provavelmente precisou para pegar a jarra, me chama, tá legal?

– Sim.- Seus olhos se encheram de lágrimas.

– Eu não estou brava com você e nem nada, porque o senhorito é só uma criança.- Beijei a testa dele.- Não seja teimoso e orgulhoso igual a mim, se não coisas ruins ou piores que essa vão acontecer mais vezes.

– Tá bom, desculpa.- Nos abraçamos.

Depois que nos soltamos e conversamos mais um pouco, o microondas começou a apitar avisando que o tempo havia acabado, então eu abri o mesmo e peguei o prato de comida de dentro dele.

Peguei um garfo e uma faca, fui para a sala de jantar, puxei uma cadeira perto da mesa e me sentei, em seguida começando a almoçar e pensar nas coisas que aconteceram ainda no início do dia.

Me perguntei mentalmente se Katsuki ainda iria me buscar amanhã para ir trabalhar, pois com certeza estaremos em um clima horrível.

Mas acho que sim, porque se não ele já teria me mandado embora do apartamento e pedido um avião para eu voltar para o meu antigo lar, fazendo eu voltar para a estaca zero e, talvez, pensar em virar uma taxista.

Nisso, me dei conta da merda que havia feito por não ter valorizado de verdade as propostas de ajuda do loiro e ainda ter voltado para casa com um funcionário que o mesmo não parecia gostar.

Eu sou uma idiota, só tô fazendo merda até agora.

Se bem que não me arrependo de ter ficado conversando com Midoriya durante aquele tempo, ele parece ser muito legal e gentil; gostei bastante dele, além de me sentir maravilhada pelo mesmo ser meu colega de trabalho.

No momento que acabei de comer, levei a minha louça para a pia e comecei a lavar a mesma, secando-a junto com o restante deixado por Katsuki e guardando tudo em seguida.

Quando estava indo para a sala de estar, escutei meu celular tocar lá do meu quarto, me fazendo correr até o cômodo e depois ver quem era antes de atender; no caso, Kirishima.

– Oi.- Atendi.

– Opa, bão? Vim aqui no seu prédio te convidar para sair e descobri que você se mudou para trabalho.- Comentou.

– Sim, foi mal por não ter avisado antes, é que foi tudo meio na corrida.- Falei indo até a janela e abrindo a cortina que tampava a mesma.

– De boa, liguei mais para saber como tá e tudo mais.

– Tá tudo bem, ué.- Dei de ombros e ri.- E com você?

– Tudo ótimo, só perdi uma companheira de bar.- Fingiu estar chorando.- Tô brincando.

– Ava.- Resmunguei rindo e fiquei encarando a bela paisagem vista do meu quarto.

– Vai voltar um dia para cá pra gente passear e conversar um pouco?

– Não sei, porque eu tô começando agora, então vai demorar para eu ter uma folga.- Soltei um suspiro.

– Que pena.- Afirmou triste, e eu me assustei quando ouvi o barulho de uma panela caindo de fundo.- O porra, já saio daqui, caralho.

– Eita, lasqueira.- Brinquei.

– É que eu tô falando com você aqui na cozinha da pizzaria, daí a tia fica puta comigo.- Tentou falar baixinho.

– PUTA É A TUA MÃE!- Uma mulher gritou  de fundo.

– Puta merda.- Murmurei.

– Tá, vou ter que desligar, beijos, tchau, até outro dia.- Disse tudo rapidamente e desligou o telefonema.

Comecei a rir desesperadamente por conta da maneira estranha que essa chamada havia acabado. Nisso, senti a minha barriga começar a doer, então me joguei de cara na cama como se tivesse tido um derrame e continuei gargalhando.

Estava precisando soltar a minha risada para fora há um bom tempo, mesmo ela sendo pior do que a daquela mulher bonita - ninguém é perfeito mesmo, por isso tô cagando e andando.

– Tá ficando louca?- Kota perguntou quando eu notei sua presença, parando imediatamente de rir.

– Não.- Abracei um travesseiro.

– Parece até uma criança.- Cruzou os braços e negou com a cabeça.

– E você não só parece, É uma criança.- Baguncei o cabelo dele.

– Tô nem aí.- Resmungou e se deitou ao meu lado.- Por que o Bakugou saiu daquele jeito daqui?

– É que eu fiz algo muito errado com ele.- Abracei o garoto.

– Deve ser por causa daquele Midoriya.- Supôs, e eu concordei com a cabeça.- Acho que eu ficaria do mesmo jeito. Tipo, ele queria ajudar mais a gente, mas acabamos aceitando isso de um outro cara que mal conhecemos.

– É.- Bocejei e liguei meu celular para ver a hora; eram 15:45 ainda.- Aliás, amanhã vai vir um cara vir cuidar de você amanhã.

– Que cara?- Fez uma cara de desconfiado.

– Você vai ver.- Me sentei na cama.

– Porra.- Fez bico, o qual rapidamente sumiu quando comecei a fazer cócegas nele.

O menino começou a rir alto e se debater na cama, fazendo eu voltar a gargalhar. Então, me levantei da cama e peguei Kota no colo, indo para a sala de estar e jogando o mesmo no sofá.

Ficamos brincando um com outro por um bom tempo, fazendo eu me lembrar do meu primeiro emprego antes de ir para um maior, o qual foi ser babá das crianças que a mãe ficava muito tempo fora de casa.

Elas se divertiam muito comigo, mas já fui despachada diversas vezes quando alguns pequenos começavam a chamar as suas próprias mães de tia.

Eu dava risada da situação, só que sempre sentia o meu coração doer quando elas gritavam o meu nome em meio ao choro no momento que me viam por aí, como se eu tivesse lhes abandonado.

Enfim, depois que eu e ele cansamos de fazer fuzarca, nos ajeitamos no sofá para então Kota colocar um desenho na televisão.

Agora sim chegou o meu momento de relaxar, não tem chances de ninguém aparecer porque Katsuki está de mal comigo, então provavelmente não vai mandar ninguém aqui trazer alguma coisa.

Mas amanhã teremos que nos ver de qualquer jeito, porque serei funcionária dele a partir de agora, pois não tem como me mandar embora de volta.

Quer dizer…tem até tem, né?

Contudo, mesmo aquele loiro ser bem cabeça quente, tem noção de que as coisas que ele fez por mim, teriam sido por nada - além de perder uma ótima futura funcionária.

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora