30°- Manhã desordenada

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☦︎༄Dia Seguinte.
☦︎༄04:13.

– VAMOS ACORDAR, CARALHO!- Katsuki gritou enquanto batia uma colher na bunda de uma panela.

– VAI TOMAR NO CU, SUA PROSTITUTA!- Joguei o travesseiro nele; errei.

– PROSTITUTA É TU!- Pegou o travesseiro do chão com irritação.

– COM CERTEZA! MAS PRIMEIRO POR QUE NÃO EXPERIMENTA SE OLHAR NA PORRA DO ESPELHO ANTES?!- Me levantei.- Porra, desgraça, filho da puta…- Fiquei xingando enquanto mexia nas coisas do guarda roupa.

– Vai na festa amanhã?- Ele perguntou repentinamente com uma voz mais "calma".

– Vou, por quê? Não posso mais?- Me virei para ele com cenho franzido.

– Calma, porra.- Ergueu as mãos para o alto, se rendendo.- É que eu vou também.

– E daí?

– E daí que se você quiser eu posso te levar.- Deu de ombros.

– Tá bom.- Voltei minha atenção para o guarda roupa.

– Já preparei seu café da manhã.

– Já falei que não tomo café da manhã mais.- Resmunguei.

– Porra, mulher. Tá assim só porque eu fiz o favor de te acordar?

– Sim.- Peguei a roupa que escolhi.- Porque foi da pior maneira possível.- Fui para o banheiro.

Lá, fiz o que precisava, me troquei, ajeitei o meu cabelo que estava meio podre, escovei meus dentes e fiz uma maquiagem simples; como sempre.

Então, voltei para o quarto e soltei um suspiro ao ver a cama arrumada de um jeito diferente do meu, pois eu só ajeito as cobertas e jogo os travesseiros no lugar deles.

No fim, dei de ombros, peguei meu celular no criado mudo e liguei o mesmo enquanto ia para a sala de estar.

– Vamos ir já?- Perguntou surgindo repentinamente na minha frente.

– Pode ser.- Falei com indiferença.

– Tá.

Peguei a minha bolsa de cima do sofá e esperei o cabeça de cu - Katsuki - sair da frente da porta para abrir a mesma. Após isso, saímos do apartamento e eu tranquei o mesmo.

Fomos para o elevador e ficamos se olhando pelo canto do olho, sem trocarmos uma palavra sequer.

Nisso, o elevador parou em um andar, e uma garota entrou. Ela ficou bastante receosa de ficar ali com a gente, como se soubesse que alguma merda tinha acontecido entre nós.

Quando a porta de pavimento se abriu, a garota foi a primeira a sair do elevador, fazendo Katsuki e eu soltarmos um riso baixinho dela.

Fomos para o carro do homem, entramos no mesmo e, após colocarmos o cinto de segurança, ele começou a dirigir para a empresa.

Estava chovendo ainda, mas de uma maneira mais calma do que foi de noite. Tudo parecia estar calmo por conta do horário, até eu perceber algo mais para frente.

Havia uma baita trânsito, isso porque lá no fundo podia se ver um acidente onde um caminhão tinha tombado. Também dava de enxergar um monte de pessoas ao redor do mesmo, provavelmente por curiosidade.

Olhei para Katsuki, o qual olhou para mim ao mesmo tempo, ambos assustados. Foi então que escutamos buzinas dos carros atrás de nós, fazendo nós nos darmos conta que o trânsito havia acabado.

Quando chegamos na empresa, Katsuki não deixou o carro na frente da mesma como eu normalmente via, ele abriu o portão para a garagem e desceu por uma rampa para entrar nela.

– É a primeira vez sua aqui em baixo, né?- Perguntou, e eu assenti.

– Pensei que você sempre deixava o carro lá fora.

– Não, eu guardo depois e tiro antes de te chamar.- Explicou.- Fiz a mesma coisa lá no prédio onde você mora.

– Ata.- Ficamos alguns segundos em silêncio.- Que hora os outros trabalhadores chegam?

– Bom, depende da área deles, mas o horário de chegada tem que ser entre cinco e vinte até seis e cinquenta. Eu, no caso, chegou às cinco e quinze.- Disse enquanto estacionava e desligava o carro.

– Sério? Nem percebi.- Debochei. - Só que, caralho, ainda assim a Makima consegue se atrasar.- Resmunguei e tirei o cinto de segurança.

– Pois é, ultimamente ela anda se passando demais.- Concordou.

Saímos do carro e fomos conversando para o elevador, então Katsuki clicou no número do meu andar e tirou o celular do bolso.

– Daqui a pouco as portas se abrem.- Murmurou.

– Uai, não é você que abre elas?- Arqueei uma sobrancelha.

– Você já viu o chefe de alguma empresa abrir a porta de entrada?- Perguntou ríspido.

– Caraca, eu só fiz uma pergunta.- Cruzei meus braços.

– Tem uma tecnologia que quando chega o horário dos trabalhadores, ela ativa e faz as portas ligarem o escaneamento dos crachás e rostos por meio de uma câmera escondida nas portas de entrada.- Falou baixinho no meu ouvido. 

– Uau.- Comentei.- Mas, espera aí, eu não tenho um crachá.

– Por que será, né? Com quem você entra nessa empresa todos os dias?- Sorriu convencido.

– Vai se catar.

– Não.- Resmungou, e eu bufei.- Vai almoçar hoje, né?

– Sei lá.- Falei com indiferença, então sorri.- Vou ver se consigo comer alguma coisa.

A porta de pavimento abriu, e eu fui para a minha área de trabalho junto com Katsuki - aparentemente sem motivo algum. Então, me acomodei no meu cantinho e liguei o computador. 

Nisso, escutei um barulhinho estranho e fiz uma cara de confusa para o loiro.

– Cinco e vinte.- Apontou para o horário do computador.

– A.- Fiz uma cara de paisagem.- Você vai ir lá em casa de novo hoje?

– Por quê? Gostou da minha visita?

– Olha, tirando a parte que você fez os MEUS serviços diários e ter me acordado daquele jeito de cavalo, sim.

– Você reclama demais, no seu lugar eu ficaria feliz de alguém fazer as coisas por mim.- Cruzou os braços.- Mas já que gostou tanto desse jeito, sábado eu posso ir depois da festa.

– Tá bom.- Sorri, pensando nas merdas que podem acontecer caso fiquemos bêbados lá.

Ficamos conversando por vários minutos, até que o dono da cadeira que Katsuki havia pegado surgiu e ele se obrigou a ir embora.

Jirou e Mina já tinham visto eu com o chefe quando chegaram e ficaram me olhando com malícia de longe - algo que me deixou com um baita incômodo.

Os meus outros colegas de trabalho foram entrando e logo aquela sala se encheu, mas mesmo assim tudo era bem silencioso, ao contrário de onde eu trabalhava antes.

Eles devem ter noção de que precisam de silêncio para se concentrar em afazeres de trabalho. Contudo, confesso que seria muito melhor se também deixassem a gente escutar música.

Enfim, me espreguicei, estalei meus dedos e abri a minha gaveta para ver quantos papéis eu ainda tinha para escrever, soltando um suspiro por perceber que eram poucos.

Se me dedicasse, hoje eu poderia acabar todos eles, aí amanhã não terei muitas coisas para fazer e posso ficar tranquila quando for liberada mais cedo.

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora