7°- Noite infernal

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Nesse momento, eu e Kota já estamos em casa.

O menino está no sofá assistindo um filme de terror e comendo pipoca enquanto arrumo o quarto de vista para ele ficar.

Decidi não tirar as coisas dele da mala, pois não iremos ficar mais aqui daqui poucos dias e blá, blá, blá.

Assim que terminei, fui para a cozinha e comecei a fazer a nossa janta, a qual seria apenas esquentar a lasanha que Katsuki decidiu comprar para eu e o menino.

Não sei o motivo de ele ter feito isso, talvez para mostrar novamente a sua riqueza ou porque pensa que sou pobre - algo que não está certo e nem errado.

Enfim, coloquei a lasanha no forno e coloquei esquentar como pedia na embalagem, depois fui até a geladeira, peguei um litro de água e coloquei em cima da mesa.

Em seguida, peguei uma jarra e coloquei a água gelada dentro da mesma.

– Quer ajuda?- Kota perguntou depois de desligar a televisão e vir para a cozinha.

– Pega um plástico de suco ali.- Apontei para uma gaveta da pia.

Ele deixou a bacia pequena - a qual antes tinha pipoca - em dentro da pia e abriu a gaveta indicada. A partir daí, começou a escolher entre o suco de laranja e o de abacaxi.

Depois, assim que decidido, abriu o pacote de suco de ( abacaxi/laranja ) e me entregou.

Após colocar o suco, entreguei uma colher para ele e pedi que mexesse enquanto eu ia ver como está a lasanha - mesmo que na verdade era só para o garoto fazer alguma coisa.

Quando tudo ficou pronto, nos sentamos nas cadeiras ao redor da mesa e começamos a comer.

– Aquele de lá é o seu namorado?- Kota perguntou, se referindo ao Bakugou.

– Não, ele é meu novo chefe.- Respondi sem jeito.- Aliás, daqui dois dias irei me mudar para trabalho.

– Para onde?

– Tóquio.- Sorri.

– Que legal! Mas enquanto você estiver fora, com quem eu vou ficar?

– Ainda não sei, até lá a gente vai ver.- Baguncei o cabelo dele.- Ainda tenho que fazer o meu currículo e entregar para Katsuki examinar melhor.

– Tipo, você já foi contratada?

– Praticamente sim.- Assenti.

– Espera, a minha mãe disse que você estava trabalhando aqui.- Fez uma cara de desconfiado.

– É que eu fui demitida porque eu não conseguia mais acordar cedo para ir trabalhar.

– Triste.- Murmurou, e eu concordei com a cabeça.

Um tempinho depois, ele terminou de comer e foi escovar os dentes, enquanto eu fui começar a lavar a louça.

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Me joguei na cama, coloquei meu fone no ouvido e também o engatei no meu celular.

Não estava conseguindo dormir, já eram 03:23 da madrugada e tinha ido dormir às 22:30 na tentativa de descansar bem, pois amanhã vou comprar algumas coisas para o Kota.

Aliás, conversei com a minha tia e falei tudo o que era necessário para tentar mostrar para ela o erro feio e estúpido que a mesma cometeu.

Ela tentou discutir comigo, mas como eu não dei oportunidades para isso, a mulher desligou e me bloqueou. Entretanto e pelo menos, não deixou de enviar o dinheiro prometido.

Enfim, entrei no WhatsApp e fui ver os status das pessoas - única coisa que faço quando não tenho o que fazer ou alguém para conversar no aplicativo.

Pensando nisso, repentinamente uma notificação surgiu na tela, mostrando que Katsuki havia me mandando uma mensagem; no caso, era apenas um "oi".

~Oi

Oi-

~Tá fazendo o que acordada a essa hora?

Absolutamente nada-
E você?-

~Fazendo um lanche
~Tá afim sair?

Querer eu quero, mas não dá, vai que o Kota precisa de mim-

~É verdade
~Como ele reagiu quando você falou sobre a posposta?

Achou legal-
Ele queria saber com quem vai ficar quando eu sair de casa-

~Hmmm
~Acho que já tenho uma ideia
~Quando você chegar aqui eu te apresento ele

Tá-
Enfim, vou ir escutar música e ver se consigo dormir-

~Tá bom
~Tchau

Tchau-

Sai do WhatsApp, então repentinamente a luz do quarto ligou, fazendo eu me sentar na cama de susto e depois colocar a mão no coração de alívio ao ver Kota na porta.

Ele esfregou uma das mãos nos olhos, enquanto a outra estava ocupada segurando uma mantinha azul, então ele bocejou e ficou me encarando por um tempo.

– Posso dormir aqui?- Ele perguntou, e eu assenti com a cabeça.

Tirei meu fone do ouvido e coloquei ele, junto do meu celular, no criado-mudo ao lado da cama. Em seguida, me levantei e arrumei um canto para Kota dormir.

– Desculpa incomodar.- Murmurou.

– Não dá nada.- Sorri gentilmente.

Ele se deitou, e eu fui desligar a luz, depois deitei ao seu lado e, por incrível que pareça, consegui pegar no sono.

Entretanto, no meio da noite, senti Kota começar a se mexer demais atrás de mim e falar coisas sem sentido.

Nisso, liguei o meu abajur e olhei para o menino, o qual estava com uma expressão de medo no rosto, sinal de que estava tendo um pesadelo.

– Mamãe.- Chamou e começou a chorar.- Mamãe!

– Kota!- Assim que gritei, ele acordou.

O menino se sentou na cama lentamente e olhou para mim assustado.

– {Nome}...- Falou baixinho.

– O quê?

–...o avião da minha mãe não vai cair, não é?- Perguntou numa voz chorosa.

– Claro que não.- Beijei a sua testa.- Não pense nisso, vai dar tudo certo como em todas as viagens que ela foi.

– Mas e se não der?

Fiquei em silêncio, sem saber o que falar e com medo de, se tentasse, acabar dizendo coisas insensíveis para Kota.

Mas, se fosse para responder de uma maneira sincera, a coisa certa a se fazer seria ele morar comigo até quando o mesmo estivesse adulto e quisesse ir embora.

– Quer ir beber água? Um Iogurte? Achocolatado?

– Não, vamos voltar a dormir.- Fez uma cara de desanimado, notando que eu havia ignorado a sua pergunta.

Quando ele se ajeitou de volta na cama e ficou de costas para mim, soltei um suspiro e desliguei o abajur.

Me enfiei de volta para debaixo das cobertas e bocejei, pensando que talvez agora eu consiga dormir.

Eu estava enganada.

Rolei na cama e ajeitei o meu travesseiro várias vezes, mas nada adiantava - continuava com meus olhos vidrados naquela escuridão e bocejando mesmo sem sono.

Contudo, foi quando eu liguei meu celular e vi a hora, que meu sono realmente apareceu; já eram 06:37 da manhã.

Novamente fechei meus olhos, dessa vez botando fé para conseguir dormir e com esperança de poder descansar por pelo menos duas horas.

A partir disso, já conseguia imaginar a minha cara de cu amanhã no supermercado junto com Kota - vão pensar que ele é um garoto insuportável ou sei lá.

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora