39°- Ciúmes

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Fui me aproximando lentamente deles, deixando-os aproveitar bastante daquele abraço caloroso e gentil que estavam tentando. 

Quando eles se soltaram, Katsuki se levantou e ficou me encarando, enquanto isso: suas bochechas ficaram um pouco vermelhas e alguns brilhinhos começaram a surgir nos seus olhos. 

Em seguida, de uma maneira rápida e totalmente calculada, o homem tampou os olhos do menino, segurou minha cintura e me puxou para perto. 

– Você é linda.- Murmurou e me beijou.

Era um beijo calmo e cheio de sentimentos, esses que eu não conseguia nem descrever de tantos, mas podem ter certeza de que todos eram bons - incríveis, na verdade. 

– Ei!- Kota reclamou, e paramos de nos beijar. 

– Foi por uma boa causa.- Katsuki falou para ele e mandou uma piscadela para mim.- O que tem nessa sacola?

– Quatro Melon Pan.- Sorri.

– Nossa, pelo jeito já tinham a janta pronta.- O loiro murmurou.

– É que nós pensamos que você iria ficar mais tempo aqui.- Kota explicou por mim.

– Era para ser, mas adiantaram novamente.- O homem deu de ombros.

– E por causa disso decidiu que seria uma boa ideia nos dar um susto?- Arqueei uma sobrancelha. 

– Talvez.- Tentou disfarçar.

– Vamos para casa logo, estou ficando com fome.- Kota afirmou, e sua barriga roncou em confirmação.

– Vamo.- Bakugou pegou ele no colo.

Após sairmos do hospital que mal entramos, seguimos nosso rumo de volta para casa. Agora com o Kota mais animado, sorrindo diversas vezes para mim e Katsuki nas conversas. 

Isso me deixou feliz. 

Na verdade, extremamente feliz.

Enfim, em uma parte do caminho, começaram a surgir várias lojas de roupas e acessórios, as quais faziam eu sair da conversa e ficar olhando para as vitrines. 

Contudo, quando levei meu olhar para mais uma vitrine, parei de caminhar imediatamente e encarei de longe um homem, o qual era muito parecido com alguém do meu passado. 

Como acabei vendo seu rosto apenas de relance - já que quando paralisei ele virou a cara -, fiquei ali esperando o homem dar pelo menos uma virada na minha direção. 

Estava tão concentrada, que levei um susto quando Katsuki tocou no meu ombro e praticamente gritou o meu nome no meu ouvido. 

Isso fez o cara olhar na minha direção, e os meus olhos se arregalaram ao mesmo tempo que um sorriso se abria no meu rosto. 

– Mirio!- Corri na direção dele, que abriu os braços.

Nos abraçamos e começamos a rir, não sei se era de alegria ou pelo jeito que acabamos nos revendo, mas só sei que estávamos gargalhando pra caralho. 

Eu e ele éramos amigos desde pequenos e estávamos sempre juntos, mas por conta do trabalho e todas essas merdas tivemos que nos separar.

Ele, além da minha mãe e meu irmão, foram os únicos que se despediram de mim no aeroporto - é tanta nostalgia que me dá vontade de chorar.

– Cara, você não sabe do susto que eu levei quando ouvi seu nome.- Disse ele depois que nos soltamos.

– Então imagina eu! Por meros momentos pensei que não era você.- Ri nasalado.- Como estão as coisas?

– Bem pra caramba.- Sorriu.- Está morando por aqui?

– Sim.- Assenti. 

– Bom, então podemos marcar para se encontrar um dia e tomarmos uma cerveja.- Ele mexeu nos seus bolsos.- Está com o seu celular aí? 

– Claro, por quê?- Arqueei uma sobrancelha e peguei o telefone do bolso da minha calça.

– Adiciona o meu número?- Pediu.

– Sim, diz.- Liguei o celular e entrei no WhatsApp.

– {Nome}.- Katsuki chamou, e eu balancei a mão pedindo para eles me esperarem.

Mirio foi dizendo os números de telefone dele, e eu fui digitando os mesmos. Em poucos minutos, já havia adicionado ele no meu zap zap. 

– Aí sim.- Ele bagunçou os meus cabelos.

– {Nome}.- Katsuki chamou novamente, com uma voz mais grossa e firme. 

– Bom, eu vou indo.- Sorri para o loiro à minha frente.- Nos vemos outro dia. 

– Pode ter certeza.- Nos abraçamos, e eu virei as costas para ele.

Na porta, Katsuki e Kota estavam me encarando com raiva, como se eu tivesse feito algo extremamente errado contra os mesmos, mas obviamente era apenas ciúmes. 

Saí da loja e voltei a caminhar de volta para casa. O mais estranho, é que eu estava na frente, enquanto os outros dois estavam resmungando logo atrás.

Fiz uma cara de cu e olhei para o meu celular, o qual ainda estava ligado e aberto no WhatsApp. Nisso, mandei um "oi" para Mirio e soltei um risinho para provocar os birrentos. 

No final, quase caí na gargalhada quando escutei eles bufar e voltarem a resmungar mais de um milhão de outras indignações. 

Talvez eu goste de provocar.

Só talvez. 

Após alguns minutos, chegamos no prédio. Foi então que eles correram até o elevador e clicaram em um botão, algo que fez a porta do pavimento começar a se fechar.

Eu não corri, apenas comecei a fingir preocupação só para fazer eles sentirem o gosto da falsa vitória, afinal, eles só iriam conseguir entrar lá se tivessem a chave. 

E, bom, eu estou com a chave. 

Contudo, antes da porta finalmente fechar, o filho de uma linda mãe do Katsuki tirou algo do bolso, balançou e riu de maneira maligna junto com Kota. 

Sim, eu errei, eles estavam com a chave no final de tudo. Entretanto, eu estava com a comida e os cafés e também tinha vários lugares para passar a noite. 

Soltei um suspiro, ri baixinho e olhei para a recepcionista, que estava fazendo o máximo para não demonstrar o seu desentendimento. 

"Incrível as vinganças falhas que algumas pessoas podem cometer"; foi o que pensei enquanto dava uma mexida no meu celular e depois ligasse para Jirou. 

– Qual é a nova?- Perguntou após atender. 

– Pode vir me buscar aqui no meu prédio?- Perguntei indo para a frente do mesmo.- Katsuki e Kota acham que eu vou sofrer só por me deixarem fora do meu apartamento.

– Claro, só deixa eu terminar de mijar.- Desligou o telefonema. 

Fiquei alguns minutos pensando no que ela acabou de dizer e depois comecei a rir - parando um tempinho depois porque estava começando a me sentir louca. 

Será que só eu tenho amigos desse tipo? 

Quer dizer, às vezes eu também acabo levando o celular para o banheiro para ter uma distração enquanto faço as minhas necessidades. 

Mas, cara…atender uma ligação no meio disso…nunca, pois seria mais um constrangimento para a minha lista - e ela já está grande pra caralho.

Alguns minutos depois, Jirou parou a sua moto na minha frente e mandou uma piscadela para mim. Então me entregou seu outro capacete, e eu coloquei o mesmo.

Em seguida, subi em cima da moto e olhei uma última vez para dentro do prédio, pensando em como Katsuki e Kota iria ficar puto comigo.

Então, me lembrei que sou uma mulher foda e apenas dei de ombros. 

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora