68°- Eba

206 23 14
                                    

☦︎༄Dois dias depois.
☦︎༄Sexta-feira.
☦︎༄08:34.

Acordei escutando batidas fortes e frenéticas na porta, então olhei para o relógio e franzi o cenho ao concluir que Jirou já deveria estar no trabalho.

Antes que pense no óbvio antes de mim: sim, faltei realmente dois dias no trabalho e ainda assim não me sinto realmente bem mentalmente para encarar de volta meus problemas.

Com isso, me espreguicei, bocejei e levantei da cama enquanto caminhava em passos lentos até a porta, sentindo como se levasse um soco na cara todas as vezes que a pessoa batia na porta.

Quando destranquei e abri a mesma na maior preguiça do mundo, arregalei meus olhos por ver Katsuki com ali, com uma cara de bravo e punhos fortemente fechados.

Contudo, sua expressão rapidamente começou a sumir ao me olhar dos pés à cabeça diversas vezes, fazendo eu me lembrar de que estava usando apenas uma camisa cinza e uma calcinha preta de renda.

Não tenho culpa, estava calor para um caralho essa noite e nem o ar-condicionado me salvou.

No instante em que fui fechar a porta, ele segurou a mesma com força e entrou, a fechando ao recostar suas costas na mesma.

– Por que você está faltando no trabalho?

– Porque…- Fiquei pensando no que responder.

– Escuta, eu também não estou aguentando mais olhar para você e lembrar que não estamos mais juntos, mas isso não seria um motivo para você faltar tanto.- Resmungou, e eu soltei uma risada irônica.

– "Lembrar que não estamos mais juntos"? Fala sério! Você diz isso como se já não estivesse partindo para a próxima.- Virei as costas para ele e fui para cozinha.

– Próxima? Você está falando daquela garçonete? Então além disso tudo está faltando por ciúmes?- Ele perguntou me seguindo.

– É claro que não.- Menti abrindo a geladeira.

– {Nome}, escuta.- Segurou o meu pulso, me puxou e fechou a geladeira.

Franzi o cenho e me virei para ele antes do mesmo levar suas mãos para a minha cintura, aproximando nossos corpos de uma forma que até meu rosto chegou a encostar no seu.

– Nós jantamos e conversamos sobre nós dois até ontem a noite, quando percebi que não me senti confortável em nenhum daqueles dias.- Murmurou.- Você não saía da minha cabeça, e a cada palavra que eu falava para aquela mulher, sentia a culpa crescer dentro de mim.

– Mas então porque você não largou ela na primeira vez se não se sentia confortável?- Resmunguei.

– Porque eu insisti e pensei que talvez, te fazendo ciúmes, você viesse me questionar.- Afirmou e segurou com mais firmeza a minha cintura.- Agora que já estou me entregando, posso deixar meu orgulho de lado e dizer que fui um grande merda.

– Foi mesmo.- Disse ríspida.

– E eu sei, mas quero pedir desculpas e dizer que estava errado em falar aquelas coisas sobre você, de ter surtado por algo pequeno e sem nem ter deixado você se explicar.- Falou quase sussurrando.

Ele colocou sua testa sobre a minha, podendo fazer eu encarar profundamente seus lindos olhos vermelhos, tendo dificuldade em me enxergar no meio de tantos brilhos de esperança.

Sua voz dizendo todas aquelas coisas tinha o mesmo tom de quando ele falava que me amava, então não havia possibilidades de ser uma mentira - mas se fosse, foi bem feita.

– Tenho noção de que pedir desculpas não vai resolver merda nenhuma ou desfazer todas as minhas palavras daquele dia, por isso quero recomeçar e tentar fazer tudo do jeito certo, escutar você e entender o seu lado para depois dizer o meu.- Beijou o topo da minha cabeça.- Mas antes eu quero saber se você quer também.

Ele soltou a minha cintura delicadamente, começou a mexer no seu bolso direito - fazendo eu me perguntar como ele conseguia estar de calça nesse calor - e tirou de lá o meu anel.

Nisso, não deixei de perceber que ele também ainda estava com o dele.

Arregalei meus olhos me lembrando de que havia entregado para Jirou derreter ele - porra, vou precisar agradecer ela por isso mais tarde, porque agora do tenho arrependimentos por ter decidido aquilo.

Sorri envergonhada.

– Me desculpa.- Cocei a minha nuca.- Eu também tenho culpa pelo o que aconteceu naquele dia, porque fui eu quem provoquei.- Coloquei as minhas mãos no peito do homem.- E eu também quero recomeçar e fazer as coisas do jeito certo.

Um sorriso gigantesco começou a surgir no rosto de Katsuki, então ele segurou a minha mão direita, colocou o anel no meu dedo anelar e em seguida me puxou para um beijo extremamente intenso.

Com isso, dei uma cambaleada para trás até sentir a minha bunda encostar na pia, onde ele me colocou em cima enquanto ainda insistia em manter nossas bocas coladas.

Ele começou a apertar as minhas coxas, e eu cruzei as minhas pernas ao redor da sua cintura, deixando o homem surpreendentemente mais perto de mim.

Então coloquei minhas mãos na borda da sua camisa, na intenção de puxá-la para cima e poder matar a saudade de encarar seu lindo corpo. Contudo, o loiro segurou a minha mão antes que eu fizesse.

– Eu preciso trabalhar, {Nome}.- Murmura ele.- Se quiser amanhã podemos sair juntos e aproveitar.

– Tá bom.- Dei de ombros me sentindo meio triste.- Vamos poder transar também, né?

Olhei no fundo dos olhos dele, sem demonstrar perceber que o mesmo havia começado a sorrir de forma maliciosa. Com isso, o homem me colocou no chão e me deu um beijo rápido.

– Mais do que isso.- Levou as suas mãos até a minha bunda e a apertou.

– Tá, tá.- Falei desviando dos beijos dele.- Se você quer ir trabalhar, vá agora antes que eu tranque aquela porta e te obrigue a fazer esse tal de "mais do que isso".

– Nossa, tá bom.- Ergue as mãos para o alto e vira as costas para mim, indo até a porta.

– Calma aí!- Gritei, e ele me olhou por cima do ombro.- E o presente de Kota?

– Não tinha presente nenhum.- Me mandou uma piscadela e voltou a continuar seu caminho.

Fiquei parada na cozinha, o seguindo apenas com os olhos e sentindo um sorriso bobo surgir no meu rosto depois que ele some da minha visão.

Então, Katsuki volta em passos rápidos até mim, segura a minha cintura com firmeza e me dá um último beijo rápido, intenso e gostoso - esse sim serve para a despedida.

Depois que me soltou, trocamos sorrisos e então ele foi embora, praticamente correndo na metade do caminho depois de dar uma olhada no seu relógio.

Passei as mãos pelos meus cabelos bagunçados e soltei uma risadinha fraca, em seguida indo me trocar para o caso de alguém - diferente - surgir de surpresa assim como Katsuki.

Entretanto, a única coisa que eu fiz quando cheguei no quarto, foi me jogar na cama e enterrar a cabeça no travesseiro, dando uma pequena surtada e depois pegando no sono.

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora