11°- Acidente

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Quando eu terminei de guardar todas as minhas coisas e estava indo para a sala de estar para relaxar, mais uma vez bateram na porta.

Como uma pessoa normal, eu atendi e fiquei encarando com surpresa aquele mesmo homem que esbarrei no supermercado, acompanhado da mesma menina de cabelos brancos.

Ao olhar para ela sorrindo, percebi que ele estava segurando todas as coisas do rancho, então rapidamente peguei algumas sacolas das suas mãos e pedi para os dois me seguirem até a cozinha.

Lá, deixamos as coisas em cima do balcão, nisso a Eri tentou subir em cima de umas cadeiras atrás do mesmo e quase caiu, fazendo seu pai ter um rápido ataque no coração.

– Você deve estar se perguntando como posso estar aqui.- Ele começou a falar enquanto colocava a pequena sentada na cadeira.

– Realmente.- Ri nasalado.

– Bom, eu sou Aizawa Shota e irei cuidar de Kota e dar algumas aulas particulares para ele enquanto você trabalha.- Cruzou os braços.

– Sério?- Sorri animada.

– Não sei onde tem brincadeira nisso, mas sim.- Deu de ombros.- Só que, claro, com a sua permissão.

– Óbvio que eu permito, já estava ficando preocupada em relação a isso.- Passei uma das mãos pela minha testa.

– Imagino, também me sentiria assim.- Bagunçou o cabelo da Eri.

– Desculpa perguntar, ela é sua filha?- Coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

– Só de coração.

– Interessante.- Murmurei.

– Os pais a abandonaram quando descobriram que ela tinha câncer, e eu, como era o médico e o cara que se tornou mais próximo dela, adotei essa pequena.- Disse passando a mão pelo cabelo da mesma.

– Ele é meu herói, ele me salvou daquele vilão horrível que tinha na minha cabeça.- Eri comentou.- Você sabia que eu fiquei careca? Foi horripilante.

– Imagino.- Ri baixinho.- Obrigada por cuidar de Kota.

– Na verdade, deveria agradecer Katsuki, não eu.- Murmurou.- Aliás, ele disse para te avisar que virá te buscar amanhã lá pelas seis e meia da manhã.

– Tá bom.- Assenti.

– Cadê o Kota?- A garota perguntou e bocejou.

– Deve estar dormindo.

– De novo?- Fez uma cara de desconfiada.

– Pois é.- Fiz uma cara de quem não sabia de nada.

– Enfim, já vamos indo.- Pegou Eri no colo.- Até amanhã.

– Até amanhã.- Falei acompanhando eles.

Após eles saírem, fechei a porta e voltei para a cozinha. Mesmo com o cansaço começando a tomar conta do meu corpo, comecei a guardar cada coisa do rancho em seu devido lugar.

Com isso, já fui descobrindo onde estavam as panelas, talheres, pratos, etc.

No momento que terminei de fazer as coisas na cozinha, bocejei e me espreguicei enquanto voltava para o meu quarto e fechei a janela por conta da réstia de sol ainda da manhã que entrava no cômodo.

Yes, foi uma noite inteira de viagem.

Me deitei na cama e por um momento pensei no que iria fazer de almoço - pois agora não tinha como usar o número da pizzaria da minha antiga geladeira para pedir comida.

A partir de então, meu pau na sua mão, peguei no sono.

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Acordei com Kota me sacudindo e chamando meu nome.

Cocei os meus olhos e fiquei encarando o menino por um tempo, ele sorriu sem graça e depois começou a pular na cama enquanto continuava me chamando.

– Isso é maldade, cara.- Resmunguei me sentando.

– Sentir fome também é maldade, comi umas bananas e não adiantou nada.- Disse irritado e cruzou os braços.

– Então bebesse água, porra.- Me levantei e senti uma travesseirada na cabeça.

– Cadê a gentileza?

– Na casa do cacete, ninguém mandou me acordar desse jeito.- Peguei o travesseiro do chão.- Aliás, que hora é?

– Deve ser dez e pouco da manhã.- Deu de ombros e caiu para trás quando taquei o travesseiro nele.

– Eu vou ver o que posso fazer.- Falei com indiferença enquanto saía do quarto.

– Me espera!- Gritou atrás de mim, em seguida me ultrapassando e indo para a sala de estar.

Fui para a cozinha, peguei uma panela e, enquanto deixava a mesma encher de água, peguei o macarrão e deixei em cima da pia.

Fechei a torneira, liguei o fogão - o que foi meio difícil, já que era chique pra caralho - e coloquei a panela no mesmo, depois botei sal na água e experimentei para ver se estava bom.

Enquanto esperava ferver, tirei o pacote de coxas de galinha da geladeira e deixei em cima da pia para descongelar um pouco, então comecei a preparar os temperos.

Peguei uma tábua própria e comecei a picar salsinha, cebola e cenoura, deixando-as de canto e começando a tirar o plástico ao redor da carne.

Peguei mais uma panela e levei para o fogão, enchi ela com água também e coloquei quatro coxas de galinha na mesma, seguido dos temperos picados e outros.

Tampei a panela da carne e fui colocar o macarrão dentro da outra que já estava com a água fervida, então dei uma mexida e coloquei a tampa nela também.

Enfim, após umas duas horas e meia para o almoço ficar pronto, arrumei a mesa na sala de jantar - que eu nem sabia que tinha - e chamei Kota, o qual apareceu na velocidade da luz e sentou em uma das cadeiras.

Os olhos dele brilhavam enquanto eu colocava o macarrão, uma coxa, a salada e algumas batatinhas fritas no seu prato.

Então, eu me sentei ao seu lado e preparei o meu prato, surpresa ao ver o jeito abrupto e esfomeado que ele estava comendo, mas não chamei sua atenção por conta disso.

Quando comecei a comer, arregalei meus olhos surpreendida pelo o quão boa minha comida havia ficado, algo que nunca admiti para mim mesma nem mentalmente.

Se bem que deve ser porque estava com fome, a viagem havia sido longa e só tínhamos comido as bolachinhas e tomado suco de laranja de pacotinho servido por uma aeromoça.

Nisso, me lembrei do suco que tinha feito, então me levantei e fui pegar o mesmo. Entretanto, quando coloquei a jarra em cima da pia e fechei a geladeira, alguém bateu na porta.

E lá fui eu mais uma vez atender seja lá quem fosse, não fazendo nenhuma expressão ao ver Katsuki parado ali, parando de mexer no celular e levando sua atenção para mim.

– Será que posso entrar?- Peguntou, e eu dei de ombros dando espaço para ele passar.

Fomos para a sala de estar, cada um sentou um pouco longe do outro no sofá e ficamos se encarando por um tempo. Então ele soltou um suspiro.

Quando o loiro foi abrir a boca para falar alguma coisa, um barulho de vidro quebrando seguido de um grito pode ser ouvido da cozinha, depois um choro agudo e horripilante de criança começou.

Rapidamente me levantei do sofá e corri para a cozinha, vendo Kota de joelhos no chão e com as mãos sangrando, enquanto na sua frente tinha vários cacos de vidros e o chão estava sendo cobrido por, possivelmente, suco.

Tirei ele do chão e notei que Katsuki estava logo ao meu lado, ligando para não sei onde com desespero e passando as mãos nos cabelos de Kota, o qual chorava sem parar.

Eu tinha muita noção do que o menino poderia ter tentado fazer aqui, pois era óbvio; no caso, ele tentou pegar a jarra de cima da pia.

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora