6°- Primo

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Escolhemos uma mesa no canto do restaurante e ficamos lá conversando enquanto esperávamos uma garçonete vir nos atender.

– Mas como você conseguiu conquistar toda aquela empresa?- Perguntei brincando com os dedos na mesa.

– Meus pais eram donos dela, aí como eles não estavam conseguindo controlar a economia dela, passaram para mim assim que completei meus 18 anos.- Explicou.

– Entendi.

– No início foi difícil, porque se trata de ter tempo e tudo mais, além do mais, ficar viajando de um lado para o outro não é fácil.

– No seu lugar eu acharia legal, principalmente porque onde você mora é incrível.- Sorri simples.

– Claro, é Tóquio.- Provocou, e eu fiz uma cara sem graça.

Repentinamente, uma garçonete apareceu e revisou o olhar entre nós por um tempo, em seguida sorriu de maneira gentil e assentiu com a cabeça, sinalizando que podíamos dizer nossos pedidos.

– Teppan de filé mignon, também um Gohan e Guioza.- Sorri e olhei para Katsuki.

Ele fez o seu pedido e como bebida escolheu o vinho Bodoshu, o qual me deixa com náuseas só de lembrar do preço que vi nele no supermercado; caro pra caralho.

Mas enfim: Rico.

Ficamos conversando mais um pouco, com isso eu comecei a estranhar por Katsuki começar a falar demais sobre como trata seus trabalhadores e tudo mais.

Era como se ele estivesse querendo que eu pegasse interesse e…a, entendi.

–...mas é isso.- Ele finalizou, e eu apenas assenti com a cabeça em concordância.

O loiro ficou me encarando, esperando eu ter mais alguma reação - sendo que eu já entendi que ele é rico. Nisso, apenas sorri simples e bebi a água trazida pela garçonete minutos atrás.

Então, o silêncio começou a fazer companhia para nós, mas não estava sendo ruim, pois estar ali com o loiro é bom e, além do mais, falar me deixa com fome.

Repentinamente, meu celular começou a tocar, fazendo eu me levantar rapidamente e pedir licença para Katsuki antes de ir para fora do restaurante e atender a chamada.

– Oi.- Falei.

– Oi, é o Kota.- Arregalei meus olhos.- Já cheguei no aeroporto, cadê você?

– Não era para tu chegar só de tarde?- Coloquei uma das mãos na cintura.

– Pois é, mas o meu avião acabou vindo mais cedo, aí quando cheguei, pedi emprestado o celular para uma mulher e usei papel com o seu número que a minha mãe me deu para te ligar.

– Ela te mandou sozinho para cá?!- Senti alguém se aproximar atrás de mim.

– Óbvio, tu sabe como ela é.- Disse irritado.- Só venha rápido, tá legal?

– Tá, espera.- Desliguei o telefone.

– Vamos, eu vi que as coisas não estavam boas e pedi para a garçonete deixar nosso pedido para quando voltarmos, beleza?- Katsuki resmungou indo até o carro e abrindo o mesmo.

– Obrigada e desculpe por isso.- Falei abrindo a porta e entrando no carro.

– Aeroporto?- Assenti com cabeça.- Tá.

Coloquei o cinto de segurança, e ele começou a dirigir.

Fiquei pensando como a minha tia tinha coragem de mandar seu próprio filho, de apenas 5 anos, sozinho para cá, com todas aquelas possíveis bagagens dele e o meu número, puta que pariu.

Passei uma das mãos pelo meu rosto, preocupada com o que poderia ter acontecido tempos atrás e coisas possíveis de acontecer agora enquanto eu estou indo lá.

Mais tarde, mentalmente, planejei cobrar a minha tia por isso, porque até uma mulher sem filhos como eu tem mais noção das coisas do que ela.

Quando chegamos no aeroporto, de longe eu consegui ver Kota conversando amigavelmente com uma velhinha. Rapidamente pulei do carro e corri na direção dele, o qual se virou para mim e ficou parado quando lhe abracei.

Assim que me soltei dele, olhei no fundo dos seus olhos e limpei uma das tantas outras lágrimas que começaram a surgir depois, sentindo o meu coração doer.

Peguei ele no colo e agradeci a velhinha, em seguida fui até Katsuki, o qual abriu a porta de trás do carro quando me aproximei e deu espaço para eu colocar Kota em dentro do mesmo.

Segundos depois, após eu e o loiro colocarmos as coisas do menino no porta-malas e entrarmos, ele fez a volta e dirigiu de volta para o restaurante ou sei lá.

– Seu filho?- Perguntou para mim, e eu olhei para ele indignada.- O quê?

– Essa aí nunca seria a minha mãe, sou muito mais bonito que ela para ser possível.- O menino conectou, e eu olhei feio para ele, enquanto Katsuki ria disso.

– Não vou brigar com você.- Resmunguei e voltei a olhar para frente.- Preciso de argumentos para mais tarde.

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Já faz um tempo que chegamos no restaurante e terminamos de almoçar.

Kota está junto conosco na mesma, terminando de tomar seu refrigerante e olhando para as crianças se divertindo nos brinquedos da área infantil do restaurante.

Nisso, cutuquei ele.

– Termina de beber e daí pode ir.- Falei, e os olhos dele brilharam.

O menino terminou de beber o refri na velocidade da luz, depois pulou da cadeira e correu para junto das outras crianças, as quais não demoraram muito para se enturmar com ele.

– Agora podemos terminar de conversar.- Katsuki afirmou.

– Sim.- Concordei.- Foi mal por ter feito você de carona de volta.

– Não foi nada.- Murmurou.- Bom, chegou o momento de eu lhe fazer a proposta, mesmo você já tendo noção do que deve ser.

– É, mas não ficar jogando suposições sem saber.- Bebi mais um gole do vinho da minha taça.

– Enfim, eu gostaria de saber se você quer fazer parte da minha empresa.- Senti um sorriso surgir no meu rosto.- Mesmo não visto todo o seu trabalho, os seus antigos parceiros disseram que a maioria das coisas conquistadas naquela empresa, foram por sua causa. Então, aceita?

– Claro!- Ri nasalado.

– Você sabe que vai ter que ir embora daqui, não sabe?- Assenti com a cabeça.- Eu irei fazer o favor de pagar um apartamento já mobiliado para você morar e alguém para te ajudar a levar as suas roupas.

– Nossa, mas daí vou estar te devendo por muitas coisas.

– Sim, só que irá pagar isso trabalhando, ou seja, nós dois vencemos.- Se levantou e esticou uma mão para mim.- Daqui dois dias, no sábado, quero as suas coisas arrumadas para o meu empregado ir te buscar.

– Pode deixar,- Me levantei e apertei sua mão.- chefe.

Ficamos mais um tempo ali conversando sobre como seriam as coisas quando eu chegasse lá, ficando aliviada quando ele disse que iria me acompanhar até o apartamento.

Tinha certeza que, mesmo ele tendo essa cara de cu azedo e possuindo um jeito estressado e convencido, Katsuki vai ser um chefe muito melhor que o Enji.

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora