64°- Querendo superar

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(Haverá uma quebra de tempo repentina.)

Nesse momento estou dirigindo para a casa de Jirou, a qual me liberou para morar na casa dela até eu achar um lugar para ficar. 

Meu carro estava pesado por conta das malas, mas tinha certeza de que não estava tanto quanto a minha cabeça por ter deixado Kota e todas as minhas conquistas para trás. 

Não vou me esquecer tão cedo da carinha extremamente triste de Kota, e a de total arrependimento de Katsuki, o qual eu não vou conseguir superar tão cedo.

Soltei um suspiro quando parei o carro na frente do prédio de Jirou, levando um susto quando ela repentinamente botou a cara no vidro.

Provavelmente deve ter descido para me ajudar - graças aos céus que hoje muitas pessoas estão me ajudando nos meus momentos de desgraças. 

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☦︎༄Uma semana depois.
☦︎༄Segunda-feira.
☦︎༄06:45.

Jirou entrou no carro e soltou uma risada alta; havíamos acabado de sair do prédio dela e tivemos que correr pela forte chuva até chegarmos no carro. 

Afinal, a recepcionista não havia deixado eu estacionar na garagem deles, disse que apenas moradores definitivos podem.

E, antes que implique, eu e Jirou insistimos pra caramba e quase fomos parar na rua por quase termos ofendido aquela mulher. 

Enfim, liguei o carro, comecei a dirigir para o trabalho e senti o meu coração acelerar cada vez mais conforme a gente ia se aproximando, porque depois de bons dias eu iria rever Katsuki. 

Não estava preparada, pois eu consigo pressentir que para ambos a palavra "superação" ainda não havia conseguido demonstrar seu real significado e sensação.

Jirou colocou a sua mão sobre a minha, a qual segurava fortemente a manopla de câmbio sem eu nem sequer perceber, e começou a acariciá-la com o polegar.

– Vai ficar tudo bem.- Disse numa voz tranquila.

Ela sabe o que houve e com certeza sente a minha tensão.

– Eu tenho que devolver o anel para ele.- Afirmei olhando para o mesmo.

– Se eu fosse você, venderia.- Deu de ombros, e eu ri.

– Mas eu não vou fazer isso, quero que ele fique com esse anel e lembre-se do que disse para mim.

– Então seria tipo uma forma de vingança.- Afirmou, mas pareceu soar como uma pergunta.

– Sim.- Assenti de qualquer forma.

Estacionei na frente da empresa, então saímos do carro, entramos na mesma e  sorrimos uma para a outra ao olharmos para o relógio de parede e vermos que chegamos na hora exata. 

Fomos ao elevador e a mulher clicou no nosso andar, depois ficamos apenas jogando a conversa fora até a porta de pavimento abrir e darmos de cara com Katsuki.

Eu fiquei paralisada sem nem sequer conseguir olhar para o rosto dele, e Jirou deu um bom dia meio grosseiro para ele antes de agarrar a minha mão e me puxar para a nossa área de trabalho.

Dei uma última olhada para trás, percebendo que ele me encarava por cima do ombro com uma cara de tristeza, depois soltou um suspiro cansativo e entrou no elevador. 

Infelizmente, eu acabei fazendo a mesma expressão que ele quando o mesmo realmente fixou seus olhos em mim - era como se fossemos derreter de tristeza ali mesmo. 

Então, eu me lembrei dos meus pensamentos naquele dia sobre a morte do pai dele, em seguida me dando conta de que nem me dei ao trabalho de aparecer no velório. 

Ambos havíamos sido filhos da puta.

– Porra, mó clima ruim.- Jirou resmungou depois que entramos na sala.

– Eu sei.- Murmurei.- Enfim, vou trabalhar, espero que assim eu esqueça de toda essa merda. 

– O máximo que vai conseguir é distrair seus pensamentos, mas isso já adianta.- Falou e deu um beijo na minha testa depois que me aconcheguei no meu canto. 

Fingi estar tranquila enquanto trabalhava, mas a minha mente parecia uma guerra de tantas perguntas aleatórias sem respostas direcionadas a mim mesma sobre aquele dia.

Era como se o meu cérebro estivesse indignado com a minha decisão e também se achasse um completo inútil por não ter conseguido me segurar naquela hora. 

Bem que poderia ter feito eu desmaiar.

Foi então que alguém deixou o café na minha mesa e aproveitou a cadeira livre ao meu lado para se acomodar; por sorte, era só a Momo.

– Katsuki me colocou como secretária e mandou vir te chamar.- Apoiou o cotovelo na mesa e deitou seu rosto na palma da mão.

– Obrigada pelo café.- Murmurei e beberiquei um pouco do mesmo.- Diga que já estou estou. 

Ela assentiu e se retirou, então eu dei mais uma trabalhada enquanto bebia o café, depois respirei fundo diversas vezes antes de me levantar e sair da sala. 

Assim que entrei no elevador, cliquei no botão para ir ao andar necessário e olhei para o anel no meu dedo por um tempo.

Quando a porta de pavimento se abriu, coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e segui reto em passos rápidos até o escritório de Katsuki, já que era lá no fim do corredor. 

Bati na porta três vezes, depois comecei a abri-la lentamente e entrei na sala, começando a encarar profundamente o loiro, o qual estava escorado na frente da mesa de braços cruzados.

Ao fechar a porta, dei alguns passos a frente e parei no lugar mais adequado - onde ele não conseguiria pegar na minha cintura e me puxar para perto ou fazer algo parecido.

– Sim?- Arqueei uma sobrancelha.

– Kota sente sua falta.- Murmurou olhando no fundo dos meus olhos. 

– Diga que nesse final de semana eu vou ir buscar ele para sairmos fazer alguma coisa.- Cruzei meus braços.- Só isso?

– Não, também quero te pedir para avisar seus colegas para pegarem suas coisas e se mudarem para a área de trabalho aqui de cima. Percebi que as impressões e reescrituras demoram para chegar. 

– Mas isso não era algo prático de se pedir para Momo?- Inclinei a cabeça um pouco para o lado.

Levei meu olhar de relance para a sua mão direita, vendo que ele ainda usava o anel. Afinal, o que ele realmente quer?

– Alguns trabalhadores não gostaram da ideia dela ser a nova secretária, a maioria deles sendo da sua área, por isso lhe dou essa honra.- Se levantou e caminhou para o outro lado da mesa.- Está liberada.

– Tá bom.- Dei de ombros e tirei o anel do meu dedo.- Você provavelmente vai querer isso.

Deixei o anel em cima da mesa, forcei um sorriso para de homem e virei as costas, não demorando muito para sair daquela sala que parecia estar me sufocando internamente. 

É agora que a vontade de sumir aparece e começa a rir da minha cara.

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora