53°- Voltando para casa (1)

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Quando terminei de tomar meu café, levei a minha xícara até a pia e lavei a mesma, aproveitando o embalo para lavar o resto da louça que tinha ali.

Katsuki parou de ajudar Megane no mesmo momento e veio secar a louça para mim, deixando o policial meio sem entender no início.

Foi então que a minha mãe também veio para a cozinha e começou a guiar Katsuki dizendo onde ficam algumas das coisas para ele guardar.

Sendo assim, conseguimos terminar de limpar e guardar tudo em apenas 5 minutos.

Então, eu chamei Marley - o qual estava deitado ao lado da cama que Kota dormia - e fui para o quintal, onde estavam seu pote de comida e água.

Ajeitei os mesmos e fiquei olhando o cachorro se deliciar com a ração, em seguida dei uma leve esticada nos meus braços até sentir alguém me dar uma cutucada na perna.

Era Kota.

– O pai do Katsuki está morrendo?- Perguntou o menino com uma voz de preocupação.

– Claro que não, querido. Ele só está doente.- Me abaixei na sua frente.- Katsuki quer vê-lo, então temos que ir para casa.

– Tá bom.- Abaixou a cabeça.- Vou sentir falta daqui.

– Eu também vou, mas não podemos pensar apenas em nós mesmos, precisamos apoiar Katsuki agora porque ele está muito preocupado com o pai dele.

– Você está certa.- Me abraçou.- Na verdade, sempre está certa.

Retribuí o abraço e olhei para a porta da casa, onde estava Katsuki com os braços cruzados e com a mesma expressão anterior em seu rosto.

Não gosto de quando ele fica assim.

Nisso, Marley repentinamente pulou na gente, fazendo eu e Kota cairmos no chão, e começou a latir igual um louco enquanto ficava correndo ao redor de nós.

O menino estava rindo loucamente, o que parecia fazer o cachorro se animar mais e começar a dar mordidinhas de brincadeira no pequeno.

Fiquei olhando para os dois com um sorriso gentil no meu rosto, até que me lembrei da expressão de Katsuki e fiquei de pé.

– Se você se sujar mais, já sabe para onde tem que ir.- Afirmei para o garoto.

– Sim, "direto para o banho".- Me imitou e voltou a brincar com o cão.

Entrei em passos rápidos para dentro de casa e fui para o quarto, onde eu já tinha noção de que iria encontrar o loiro.

Ele estava sentado no canto da cama de costas para mim, com a cabeça baixa e suas mãos na mesma enquanto parecia segurar com força os seus cabelos.

Me aproximei e sentei ao seu lado, mas ele nem sequer se deu ao trabalho de se virar para mim, apenas soltou um suspiro dolorido e continuou na mesma posição.

Deitei minha cabeça em seu ombro e coloquei uma das minhas mãos nas suas costas, passando os meus dedos entre as mesmas de cima para baixo.

Meu olhar estava completamente fixado nele, ação que me deixava atenta a qualquer coisa fora do normal que ele poderia fazer.

Nisso, ele ergueu a cabeça, me deixando ver o seu rosto inchado e molhado por conta das lágrimas que pareciam insistir em sair de seus olhos vermelhos como sangue.

Lhe dei um beijo na bochecha e o abracei, sorrindo gentilmente quando ele passou seu braço por trás de mim e deixou sua mão na minha cintura.

– Sei que você escutou o que eu e Kota falamos sobre sentirmos saudade daqui.- Murmurei.- Não pense mal da gente, entendemos você e iremos fazer isso para te deixarmos feliz.

– Eu me sinto culpado mesmo assim, porque parece que quero tirar a felicidade de vocês para conquistar a minha.- Franziu o cenho em tristeza.

– Não está fazendo isso, porque aceitamos voltar com você para casa, e a minha mãe está de boa com isso também.- Coloquei minha mão em uma das suas bochechas.- Você não precisa se sentir assim, entendeu?

– Tá.- Sua expressão continuou murcha.

– Eu te amo e é por isso que estou fazendo isso, mas é porque quero.- Dei um selinho nele.- Afinal, você é o meu namorado e um dia será muito mais do que isso.

Os olhos dele se iluminaram e o loiro deu um beijo na minha testa, o que serviu para mim como forma de agradecimento.

– Eu também te amo.- Sussurrou.

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Chegou o momento de irmos embora, colocamos as nossas coisas no porta-malas de ambos os carros e em seguida voltamos para nos despedirmos de minha mãe e Megane. 

Abracei ela com força, sentindo o carinho dela se juntar com um meu, reforçando o laço que já tínhamos desde quando nasci.

– Vou sentir sua falta.- Falamos ao mesmo tempo e rimos.

Então, nos soltamos. Ela me deu um beijo demorado na testa e depois puxou Kota - o qual soltou uma risada alta - para abraçá-lo também.

Enquanto isso, eu me despedi de Megane e conversei um pouco com ele antes de ir até o meu carro e entrar no mesmo.

Quando o Kota entrou no meu carro e se ajeitou na sua cadeirinha, liguei o automóvel e buzinei para o casal que ficou nós vendo ir embora da porta da casa.

Após alguns quilômetros, olhei para o retrovisor e sorri ao ver Katsuki logo atrás, mas logo percebendo que ele ainda com a sua expressão de tristeza e preocupação.

Queria poder dar mais um - dos milhares que já dei hoje - abraço nele, pois além de ser uma ação de carícia, é como se eu sentisse os seus sentimentos e entendesse seus pensamentos.

Passei as mãos no meu cabelo, soltei um suspiro e aumentei o volume do som do carro, o qual tocava Just Dance.

Com isso, percebi que Kota começou a se mover e então entendi que ele estava dançando quando o mesmo começou a cantar a música sem errar uma palavra sequer.

Marley, que estava ao lado dele, latiu e uivou como reclamação ao volume do som e a maneira rouca que o menino cantava.

Isso fez eu soltar uma risada e colocar o som de volta no volume de antes, ação que pareceu agradar o cachorro, o qual se tranquilizou e deitou.

Kota ficou meio mal, só que logo entendeu e continuou cantando, mas de forma baixinha.

Sorri e voltei a manter meus olhos vidrados de verdade na minha frente, se dando conta só agora de que Katsuki havia nos ultrapassado.

Ele olhou para o retrovisor, mandou uma piscadela e sorriu de canto, fazendo eu sentir as minhas bochechas ficarem vermelhas e meu corpo se arrepiar.

É incrível como esse homem ainda consegue me passar essas maravilhosas sensações, afinal, poderia se dizer que já estamos juntos durante um bom tempo.

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora