81°- Terror

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Mesmo sendo um dia especial para mim, se passou mais rápido do que eu queria. Me lembro de ter feito um bolo de cenoura com cobertura de chocolate enquanto Katsuki e Kota estavam lá fora.

Depois, ajudei eles a dar banho em Marley, porque, além de Nijel já ter tomado no pet shop, esse cachorro gosta muito de fugir e odeia ir se lavar fora de casa.

Enfim, agora estou sentada na frente da televisão, com Kota sentado de um lado, e Katsuki no outro, ambos já estavam em um sono pesado enquanto eu me mantinha atenta aos acontecimentos do filme.

Havia dado a ideia de ter uma noite juntos, mas acabei me esquecendo do grande trabalho que eles tiveram até duas horas depois de escurecer.

Deitei a cabeceira do sofá onde cada um estava para trás e me enfiei embaixo das cobertas, na tentativa de deslizar pelas mesmas e poder sair sem acordar eles.

Felizmente, consegui e logo estava subindo as escadas, sendo seguida por Nijel e Marley por nenhum motivo aparente - ou talvez porque eles me amem muito.

Ao chegar no quarto, até pensei em já ir me deitar, mas decidi abrir a porta da sacada, sentar em uma das cadeiras ali e olhar para o lindo céu daquele bairro.

Quando eu morava mais perto da cidade, as coisas eram diferentes. Havia nuvens que cobriam a maioria das estrelas, sendo bonito apenas as luzes dos prédios e carros.

Mas agora, perto do interior, conseguia vê-las melhor, além de ter mais tranquilidade e não se preocupar em ter festa no prédio ao lado, no apartamento de baixo ou no de cima.

Enfim, soltei um suspiro, recostei na cadeira e fechei meus olhos, sentindo o vento gelado e calmo contra o meu rosto, escutando o canto dos grilos e…latidos?

Arregalei meus olhos e me inclinei para frente, vendo que um carro havia parado aqui em casa. Então, levei minha atenção para Marley exatamente no momento em que seu pelo se ouriçou antes de sair correndo.

Ele nunca havia se comportado dessa maneira com nenhum desconhecido, apenas latia e rosnava baixinho só para deixar claro que era seu território.

A partir disso, Nijel subiu na beirada da sacada, ficando assustado, erguendo seu rabo e se ouriçando por completo, em seguida correndo para dentro de casa e pulando na cama.

Sendo assim, eu soube que quem chegou, não era uma boa pessoa.

Me levantei da cadeira e corri atrás de Kota, quase no último degrau. Foi então que escutei a porta sendo aberta, sentindo meu coração dar uma batida errada ao ver Katsuki parado lá.

Ajeitei a minha postura, andei em passos rápidos até o loiro, logo começando a ver alguém parado no lado de fora, recuando de leve quando Marley tentou lhe morder.

Segurei o cachorro, liguei a luz que fica na parede bem em cima da porta e franzi o cenho ao ver um homem barbudo, com uma cara de emburrado e segurando firmemente a sua sinta, onde tinha uma arma.

– Sim?- Katsuki arqueou uma sobrancelha.

– Boa noite, moro aqui perto da casa de vocês e decidi vir dar uma olhada em como vocês estão.- Disse o homem, dando alguns passos para frente.

Foi então que a luz da sala se acendeu, fazendo eu levar minha atenção para Kota, o qual correu para a cozinha, ligou a luz da mesma e ficou por lá.

Quando levei o meu olhar de volta para o homem, engoli em seco por poder vê-lo melhor; ele tinha um cigarro aceso em sua boca, seus cabelos eram grisalhos e bagunçados, e seus olhos eram azuis.

Ele me lembrava do meu pai.

Dei alguns passos para trás, puxando Marley junto comigo e só parando quando senti encostar na beirada do sofá, me sentando no mesmo.

– Bom, estamos bem.- Murmurou o loiro.- Quer alguma coisa?

– Não, só vim aqui dar uma olhada mesmo.- Sorriu de canto e olhou para mim.- Se precisarem de alguma coisa, moro na segunda casa segundo essa rua.

Meu coração estava extremamente acelerado, porque não importava o movimento que ele fizesse, me lembrava o meu pai, das ações feitas pelo mesmo e, principalmente, sua forma de sorrir.

Bom, o meu pai tinha apenas um irmão, mas esse não era nada parecido com ele, menos o jeito horrível de ser era o mesmo - era algo de família, por sorte meu irmão não se tornou dessa forma.

Contudo, esse cara sendo da minha família ou não, a sensação que ele me traz é de ser perigoso, pois todas as coisas nas quais aconteceram quando parou na frente de casa deixaram isso claro.

– Obrigada.- Bakugou afirmou, e o homem virou as costas.

A partir disso, o cara sumiu da minha visão, e Bakugou ficou encarando o mesmo até ele finalmente sair com o carro, o que pareceu fazer depois de uma eternidade.

Soltei o ar que havia segurado quando Katsuki fechou a porta, desligou a luz lá de fora e veio até mim, se abaixando na minha frente enquanto me olhava com cara de preocupado.

Sendo assim, larguei Marley, e o loiro segurou as minhas mãos com força, dando beijos na mesma - ainda mantendo seus olhos vidrados em mim.

O cachorro foi até a porta, latiu mais um pouco e depois voltou até mim, se sentando ao lado de Katsuki quando o mesmo se agachou.

– Pega um copo de água, rápido.- Katsuki falou para Kota.- O que foi?

– Eu não confio nele.- Falei firmemente, franzindo mais o cenho e apertando com força as mãos do loiro.- Ele lembra a porra do meu pai.

– Nossa, eu achei ele um cara normal.- Deu de ombros e me entregou o copo de água.- Mas se você acha isso dele, tudo bem, irei fazer o possível para que não o veja mais.

Senti Kota dar um leve beijo na minha bochecha antes de me abraçar abraçar com muito carinho, fazendo o homem emburrar e se levantar.

– Vamos dormir.- Disse ele me ajudando a levantar.- Já escovou os dentes, Kota?

– Não.- Negou o menino e saiu correndo.

O loiro me abraçou, deu beijos na minha cabeça e segurou a minha mão durante todo o caminho até o banheiro do nosso quarto, onde começamos a escovar os dentes.

Em seguida, ao terminar, ele me abraçou por trás, pôs o queixo sobre o meu ombro e ficou me olhando pelo espelho.

Depois, deu uma cheirada na curvatura do meu pescoço, beijou o mesmo e apertou levemente a minha bunda antes de sair do cômodo, deixando eu terminar de escovar meus dentes.

Após guardar a minha escova, me olhei no espelho e soltei um suspiro, lembrando das memórias aterrorizantes que surgiram quando aquele homem apareceu.

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora