87°- Visita

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- Ainda não tenho certeza.- Respondi com receio.- Mas tem uma possibilidade.

- Se estiver, vai achar bom ou ruim.

- Bom, é claro.- Sorri.

- Estou achando essa conversa muito baixinha.- Katsuki falou descendo as escadas.- Sobre o que estão conversando?

- Estamos falando da Momo, ela disse que talvez venha aqui ainda hoje.- Disse o garoto, então a campainha tocou.- Não falei.

Estremeci, dando alguns passos para trás, sem querer ir para o quarto pois não tinha certeza se era Momo ou então o merda daquele homem.

O maior percebeu o meu temor e foi atender a porta, olhando pelo olho mágico antes de olhar para mim, sorrir para me tranquilizar e abrir a porta para Momo, a qual logo entrou.

Soltei todo o ar que guardei até todo esse suspense acabar e sorri para o menino, o qual tinha me olhando fazer isso com uma cara de confuso e depois voltou sua atenção para a mulher.

- Oi, família.- Acenou ela.

Ela cumprimentou Bakugou com um aperto de mão, depois veio até nós, dando um beijo na testa de Kota antes de me abraçar e fazer várias perguntas sobre o meu dia.

Confesso que me senti sem graça, mas pelo menos isso demonstrava a sua preocupação comigo mesmo depois de ter ficado várias semanas sem me dar notícia.

Fomos para a cozinha e nós sentamos à mesa, logo começando a conversar.

- Enfim...- Seu olhar seguiu Katsuki enquanto o mesmo pegava seu celular no balcão e depois ia se sentar no sofá com Kota.

- Sei o que vai perguntar, então já vou dizendo: não tenho certeza.- Resmunguei.

- Sua menstruação já veio?- Neguei com a cabeça.- Isso comprova muitas coisas.

- Eu sei.- Passei as mãos pelos meus cabelos e olhei para a minha perna que não parava de se mexer; estava nervosa.

- Se quiser posso te levar para fazer um teste amanhã de manhã.- Disse segurando uma das minhas mãos.- Sei que fiquei sumida por um tempo, mas isso não significa que não preciso me preocupar e te ajudar nesse momento.

Olhei para ela, sentindo as suas palavras esquentarem meu coração enquanto começava a me sentir cada vez mais confortável - pelo jeito, se eu estiver mesmo grávida, não vai me faltar apoio.

Sorri de canto e assenti, aceitando a sua proposta. Nisso, Bakugou se apoiou por cima do balcão enquanto digitava algo no celular, nos obrigando a mudar de assunto.

Sabíamos que ele não estava atento apenas ao telefone.

- Vai jantar aqui, né?- Perguntou ele para Momo.

- Bom, só se estiver tudo bem para vocês.- Deu de ombros e me mandou uma piscadela.

- Claro.- Sorri gentilmente.

- Eu vi.- Katsuki disse ríspido, se referindo a piscadinha da mulher.

Rimos e voltamos a conversar, fazendo eu saber mais uma vez que Momo só havia saído da empresa porque ela tinha se mudado para outra casa, no caso, a de sua mãe.

Essa fala fez eu e Katsuki nos olharmos pelo canto do olhos e sorrimos convencidos; na verdade, ela havia ido morar com o novo namorado, só não quer dizer por ter medo de se decepcionar de novo.

A conversa foi tanta que nem vimos o tempo passar. Então logo o entregador chegou, o loiro pegou a pizza, levou para a cozinha e pôs em cima da mesa.

Logo estávamos jantando, rindo das coisas contadas por Kota das coisas que aconteceram no seu dia além de responder algumas perguntas do mesmo.

A hora da janta é sempre o momento dele brilhar.

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☦︎༄Dia seguinte.
☦︎༄06:34.

Saí da cozinha correndo ao sentir uma vontade imensa de vomitar, deixando o mais novo parado com uma expressão de assustado para mim, além de dar um grande susto em Katsuki.

Abri a porta do banheiro do andar de baixo com brutalidade, ergui a tampa do vaso sanitário e, no mesmo instante no qual me ajoelhei, comecei a vomitar tudo o que eu nem precisava.

Escutei a porta se fechar com força, então Katsuki enrolou cuidadosamente meus cabelos nos dedos de uma das suas mãos e segurou os mesmos com firmeza.

Meu coração batia cada vez mais forte enquanto eu escutava a respiração forte e ao mesmo tempo nervosa do loiro no meu ouvido, me deixando agoniada.

Franzi o cenho percebendo que aquilo parecia não querer parar, minha garganta estava mais uma vez ardendo e meus olhos começaram a lacrimejar.

Quando parei de vomitar, senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto enquanto a outra mão de Katsuki acariciava as minhas costas da forma mais gentil possível.

- Cadê o Kota?- Arqueei uma sobrancelha.

- Deve estar no quarto dele, pedi para ele ir se ajeitar que eu iria ajudar você.- Respondeu.

E então, quando eu fui falar mais alguma coisa, tudo se repetiu por mais uma eternidade que na verdade durou menos de cinco minutos.

Depois disso, fiquei mais uns dois minutos apenas me recompondo, temendo que acontecesse de novo. Mas não, simplesmente parou, como se tivesse um tempo determinado para me fazer sofrer.

Sendo assim, aquilo falado pela Mina durante o almoço se passou pela minha cabeça, concluindo que se um filho fosse o motivo de todo esse sofrimento, não estaria arrependida de sofrer dessa forma.

O homem me deu apoio para me levantar, lavou o meu rosto e fez eu limpar a minha boca com a água da pia, a qual cuspi na mesma antes de puxar a descarga e ir para a sala de estar.

Assim que me sentei no sofá, ele também se acomodou, passando o braço por trás de mim e colocando sua não no meu rosto, deitando a minha cabeça no seu ombro.

Mal havia terminado de tomar o meu café e já estava de barriga vazia,

- Eu estou aqui.- Deu um beijo no topo da minha cabeça.- Vai passar.

Suas palavras se misturando com o efeito calmo da sua voz fez meu corpo todo ficar quente, fazendo eu olhar para ele e sorrir mesmo ainda me sentindo dolorida.

Ele colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, depois acariciou meu rosto com o polegar e forçou um sorriso, com certeza se perguntando de que maneira consigo estar feliz mesmo passando por esse momento.

Mal sabe ele que tudo isso só significa uma coisa: teremos um bebê.

O nosso bebê.

Vi, pela visão periférica, Kota descer as escadas lentamente antes de começar a chegar perto com receio. Então, esperou um pouco e se acomodou ao meu lado, me abraçando com carinho.

Estava me sentindo mais completa, feliz e animada com essa possibilidade ser correta.

Foi então que um carro buzinou na frente de casa; muito provavelmente é Momo.

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora