35°- Resolvendo as coisas

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Quando olhei para Katsuki, senti que iria entrar em crise; ele ainda estava acordado e possuía um sorriso convencido no rosto, fazendo eu ficar sem entender o porquê disso sendo que havia levado um tiro.

Então, percebi que sua mão se abriu, e eu segurei a mesma, mostrando ter entendido seu recado.

Na minha cabeça, havia duas coisas muito importantes pelas quais eu estava extremamente preocupada, o problema é: precisava lidar uma por vez, algo que parecia impossível de se fazer.

Tinha um homem que estava sentado do outro lado de Bakugou, o qual cuidava dele e tentava não manter contato visual comigo.

Isso porque minutos atrás o loiro havia feito uma carranca para o mesmo, pois o cara tinha me encarando por muito tempo.

Quando chegamos no hospital, levaram Katsuki para dentro tão rápido que eu quase não conseguia acompanhar, principalmente porque muitas pessoas entraram na minha frente por curiosidade.

Meu coração errou uma batida todas as vezes que eu perdia eles de vista. Contudo, quando finalmente consegui chegar ao lado deles, alguém me empurrou.

No momento em que eu caí, acabei batendo a cabeça no chão e agora tudo estava girando de uma maneira descontrolada.

Nisso, surgiu uma mulher que supus ser uma enfermeira, a qual me ajudou a levantar. Ela me entregou dois celulares e disse para tentar me acalmar.

Então, ela entrelaçou o seu braço no meu e me levou devagarinho em um local cheio de cadeiras de espera, mas que não era a recepção.

– Sua pressão deve ter caído.- Murmurou e pegou o aparelho para verificar a pressão.

Enquanto ela fazia toda aquela parada, eu fiquei olhando fixamente para um canto da sala, percebendo que a minha visão estava voltando ao normal.

Várias coisas estavam se passando pelos meus pensamentos, então olhei para os celulares na minha mão e soltei um suspiro.

– O que aquele homem é seu?- A enfermeira me perguntou repentinamente enquanto tirava o aparelho do meu braço.

– Acho que namorado.- Respondi depois de ter ficado um tempo pensando.

– Acha?- Arqueou uma sobrancelha.

– É.- Dei de ombros.- Mas não quero falar sobre isso agora.

– Entendo.- Foi guardar o aparelho.- Olha, pelo o que eu estava vendo de relance, não foi grave.

Senti a calma surgir no meu peito.

– Aquela mulher tem uma péssima mira, porque, além de dar um único tiro, só conseguiu atingir de raspão o seu namorado.- Comentou cruzando os braços.

–Ainda bem que foi apenas um tiro.- Resmunguei, e ela concordou com a cabeça.

Nisso, liguei o meu celular e entrei no WhatsApp, ficando assustada com o que vi em seguida. Havia várias mensagens pelo número da minha tia já visualizadas.

~ Eu estou pertinho de você
~ Amanhã vá na loja ao lado de onde você mora
~ Então, veja a tensão que irei te colocar
~ Mas não leve acompanhantes
~ Afinal, você não quer que outra pessoa sofra isso no seu lugar
~ Também porque será um momento de família
~ Não iria querer estragar
~ Lembre-se de que estou com Kota
~ Então apareça amanhã aqui, às 10:50
~ Se não será o fim dele

Minha expressão estava assustada e ficou pior ainda quando olhei para o horário; eram 11:27. A partir disso, uma paranóia começou a surgir na minha cabeça.

Katsuki deve ter lido essas mensagens e por isso decidiu me convidar para ir comer fora de casa, escondendo todas aquelas informações de mim.

Contudo, acabamos saindo para fora do prédio mais tarde do que o horário pedido pela minha tia, e Kota estava prestes a morrer.

Mas isso não ocorreu, pois minha tia deve ter ficado nervosa pelo tanto de pessoas que começaram - atrasando tudo - e por Katsuki ter levado o tiro por ele.

Isso tudo resultou em todo aquele rolo para chegar no agora.

Repentinamente, o meu celular começou a tocar e o número que apareceu foi da polícia, fazendo eu ficar surpresa e já começar a treinar os meus argumentos na minha cabeça.

– Alô?- Perguntei depois de atender.

– Você já deve saber quem está ligando.- Um homem de voz grossa  afirmou.- Nesse momento se encontra no hospital.

– Sim.- Me levantei.

– Estamos indo te buscar para te fazermos algumas perguntas, já que descobrimos que a mulher, a qual atirou naquele empresário, é a sua tia. Correto?

– Sim.- Falei novamente.

– Tá, pedimos para que vá para a frente do hospital e nos espere lá.- Desligou a chamada.

Nisso, saí da sala repentinamente e comecei a caminhar em passos rápidos para fora daquele local, pensando no quão assustada eu devo ter deixado a enfermeira.

Após alguns minutos esperando, um carro da polícia parou na minha frente e a porta se abriu, então entrei.

– {Nome} {Sobrenome}?- Perguntou, fazendo eu perceber que não era o mesmo homem.

– Isso.- Assenti e coloquei o cinto de segurança.

Ele acelerou e a partir disso ficamos em silêncio pelo caminho inteiro - algo necessário para mim já que iria gastar muitas palavras para tentar explicar a situação mais tarde.

Quando chegamos na delegacia, outro policial estava nos esperando e, assim que eu saí do carro, ele se aproximou e pediu para o acompanhar.

Dessa vez, era o homem da ligação.

– Fizemos perguntas para a sua tia, mas ela não respondeu nenhuma, só resmungava "eu não queria fazer isso" ou algo assim.- Falou enquanto caminhávamos por um corredor.

– Entendi.- Murmurei.- Foi bom que vocês me chamaram, tenho algo para mostrar.

– Acho bom.

Após alguns minutos, paramos em frente a uma porta, a qual ele abriu e deu espaço para eu entrar na sala - que era um escritório, no caso.

Me sentei na cadeira na frente da mesa, e ele sentou do outro lado.

– E então?- Ele arqueou a sobrancelha.

Liguei meu celular, fui no WhatsApp e entrei no contato da minha tia. A partir disso, comecei a contar para ele a minha paranóia enquanto o homem lia as mensagens.

Assim que finalizei, ele me encarou.

– Você já tinha vindo falar com a gente sobre algo ligado a esse menino Kota, não é?- Perguntou, e eu assenti com a cabeça.

– Naquele tempo foi por conta de uma ameaça.- Cruzei meus braços.

– É.- Soltou um suspiro.- Não vou nem perguntar se você quer ficar com a guarda do menino, porque essas mensagens mostram que ele é importante para ti.

Senti um pequeno sorriso se abrir no meu rosto, então o homem levantou-se e foi até a porta.

– Já volto.- Afirmou e saiu da sala.

Fiquei ali sozinha, concluindo que agora as coisas vão voltar a ser como antes e nada mais vai acabar com nossa felicidade - finalmente.

Nisso, a porta começou a se abrir, e eu me levantei da cadeira sentindo o meu coração quase sair pela minha boca.

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora