100°- Dando certo²

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Cheguei no lugar que iria comprar, vendo a mulher parada lá, mexendo tranquilamente no celular antes de olhar para frente - exatamente na minha direção - e sorrir. 

– Oi.- Falamos ao mesmo tempo e rimos. 

– Bela marca.- Falou olhando para a marca na curvatura do meu pescoço.

Coloquei a mão por cima da mordida e ri nasalado, sentindo as minhas bochechas ficarem quentes e ficando mais nervosa quando ela começou a rir.

– Desculpa.- Disse ela colocando uma mão no meu ombro.- Vamos?- Assenti. 

Ela abriu a porta do local, logo dizendo que havia deixado alguns móveis e eu podia utilizá-los caso tivesse vontade. Também avisou sobre a sujeira, a qual ajudaria a tirar.

Assim que passei meus olhos em cada canto do local, já comecei a imaginar diversas coisas ali, até mesmo o bom resultado da provável luta que terei para evoluir. 

Passei as pontas do meu dedo em cima de uma mesa de escritório numa salinha aos fundos, vendo que havia pó até demais, pelo jeito esse lugar estava abandonado há um bom tempo.

– Como eu já disse, eu e meus amigos iremos te ajudar na limpeza.- Afirmou sorrindo gentilmente.- Mas, o que você pretende construir aqui? 

– Irei fazer uma floricultura.- Respondi.

– Entendi.- Colocou as mãos na cintura.- Eu fiz praticamente uma loja de costura, mas com o tempo foi faltando materiais e os custos só aumentavam, então desisti.

– Pretende fazer outro negócio?- Arqueei uma sobrancelha.

– Não sei.- Deu de ombros.

– Bom, só não guarde esse seu talento para sempre dentro de ti.- Murmurei.- Enfim, qual o valor?

– R$90.000.- Afirmou, e eu peguei meu celular do meu bolso.- Vai fazer o quê?

– Avisar meu macho do preço.- Respondi.- Pensei que você iria cobrar mais por conta da ajuda na limpeza.

– É que eu quero muito me livrar desse lugar, mesmo aqui tendo dado novas oportunidades para minha vida.- Explicou.

Eu fiquei olhando para ela, sentindo que a mulher estava mentindo sobre querer se livrar de tudo logo, pois olha para vários cantos como se cada um trouxesse uma lembrança.

Contudo, não posso interferir em situações como essa, afinal, ela pode estar mentindo também sobre o motivo pelo qual está vendendo - algum parente doente talvez?

Senti meu celular vibrar na minha mão e sorri ao ver que era uma mensagem de Katsuki, a qual dizia que eu poderia confirmar a compra. 

– Está certo então.- Sorri para ela.- Mas vou lhe dar R$100.000.

– Por quê?- Perguntou surpresa.

– Porque eu quero.- Respondi.- Quer fazer a limpeza agora ou prefere deixar para outro dia?

A mulher simplesmente deu de ombros, então eu peguei o dinheiro do meu bolso, contei tudo corretamente e entreguei para ela, a qual não demonstrou nenhuma reação. 

Então, disquei o número de Kirishima e liguei, começando a explicar para ele a situação logo quando o homem atendeu - algo que demorou apenas dois segundos. 

Em poucos minutos, já havia combinado com ele e Kaminari de vir ajudar eu e a mulher com a limpeza, afinal, quanto mais cedo a gente terminasse, mais cedo tudo ficaria pronto. 

Estava me sentindo bem por tudo estar dando certo, já não sentia as mesmas seguranças de quando estava tomando banho, me sentia com mais coragem.

Quando Kirishima e Kaminari apareceram com as coisas, logo começamos a arrumar e limpar as coisas - obviamente, comigo apenas mandando e sendo proibida de fazer o trabalho pesado.

– Mas por qual motivo ela não pode fazer nada?- Perguntou a mulher colocando as mãos na cintura e franzindo o cenho.

– Porque ela está grávida, uai!- Kaminari respondeu.

A mulher arregalou os olhos e me olhou, surpresa e ao mesmo tempo indignada, porque eu não havia dado muitos detalhes da minha vida durante o tempo em que ficamos conversando. 

De qualquer forma, ela concordou com os cuidados deles e voltamos todos a fazer os serviços, tendo momentos de descanso nos quais íamos comprar águas no mercado ali perto. 

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☦︎༄12:26.

Todos já haviam saído para almoçar, enquanto eu ainda estava no local, tirando a poeira de alguns lugares que provavelmente iriam passar despercebidos. 

Foi então que escutei alguém bater na porta, então fui até lá ver quem era e senti um sorriso bobo surgir no rosto ao ver Katsuki com uma marmita em cada mão. 

Abri a porta, recebendo ele com um beijo rápido. 

– Quero ser recebido todos os dias assim.- Murmurou, e eu ri.

Dei espaço para ele entrar antes de fechar a porta. Nisso, o homem começou a olhar ao redor, se inclinando para frente e para o lado para poder ver as outras partes do local. 

– Parece ser bem grande.- Disse se virando para mim.- Vamos almoçar?

Assenti e levei ele para um lugar onde havia uma mesinha velha com banquinhos ao redor, local onde nos sentamos e almoçamos.

– Estava só você e ela aqui limpando?- Perguntou.

– Não.- Ele me encarou.- Chamei Kirishima e Kaminari para vir ajudar a gente. 

Soltou um suspiro de alívio.

– Eu meio que imaginei que você iria querer fazer a faxina hoje, só estava preocupado de você querer fazer tudo sozinha.- Resmungou.

– Para, Katsuki. Eu sei como cuidar de mim mesma, principalmente agora comigo prenha.- Cruzei os braços.

– Prenha?- Ele riu.

Continuamos comendo e conversando sobre o lugar, combinando quais móveis podemos colocar, que tinta iríamos usar na parede, onde iríamos guardar as nossas flores e tudo mais. 

Por sorte, compramos uma casa com um loteamento grande. 

Enfim, estávamos quase terminando o almoço quando os três apareceram, rindo e falando sobre coisas que não entendemos, parando imediatamente quando nos encontraram.

A mulher sorriu e mandou um "beleza" para ele, enquanto Kirishima e Kaminari vieram até ele e o cumprimentaram com um aperto forte de mão. 

– Gostei da mordida que você deu nela.- Comentou a mulher, e eu senti as minhas bochechas esquentarem mais uma vez.

Ela não consegue disfarçar não?

– Que bom, mas é uma pena que intenção não era de gostar.- Katsuki disse normalmente, fingindo que aquilo não era uma meia ofensa. 

A mulher ficou quieta, me olhando tipo "ele é assim sempre?", então eu simplesmente dei de ombros - tem vezes que precisamos deixar as pessoas interpretarem as coisas sozinhas. 

Terminamos o nosso almoço e todos saímos da sala, conversando o corredor inteiro até eu e Katsuki chegarmos na porta, onde me despedi dele da mesma forma como o recebi. 

– Vamos ter que treinar a despedida.- Disse antes de ir embora.

Escutei o riso dos três atrás de mim, os quais com certeza deviam estar imaginando mil coisas diferentes. 

Bom, não julgo.

A partir disso, voltamos ao nosso trabalho árduo, esse que precisou repentinamente de uma parada porque comecei a passar mal. 

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora