117°- Descoberta

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☦︎༄Dia seguinte.
☦︎༄09:34.

Acordei com Katsuki me chamando. Quando me virei, ele estava vestindo suas roupas de trabalho, seus cabelos já estavam arrumados e seu cheiro estava impregnado no quarto.

– Já levei Kota para a escola.- Avisou.- Vim dizer que contei o dinheiro da floricultura, esse vai conseguir cobrir a maioria das despesas. 

– Por que você não está no trabalho? Que horas são?- Olhei para o relógio e arregalei meus olhos.

– Está tudo bem. Já estou saindo de volta, só vim deixar o dinheiro no cofre.- Deu um beijo na minha testa.- Se cuida, eu te amo.

– Eu também te amo.- Dei um abraço nele.

Assim que ele saiu do quarto, me sentei e cocei meus olhos enquanto bocejava. Em seguida, levantei, estiquei meus braços e fui ao banheiro fazer o que precisava.

Nisso, assim que lavei meu rosto, fiquei me olhando no espelho, vendo a diferença da minha pele antes de lavar o rosto - estava extremamente oleosa, assim como meu cabelo.

Iria tomar banho mais tarde. Então, apenas voltei para o quarto, arrumei a cama e saí do cômodo para as escadas, descendo-as devagar enquanto olhava para a sala de estar. 

Marley estava deitado na sua caminha, mas levantou a cabeça assim que me viu. Nijel, o qual estava enterrado entre as almofadas do sofá, começou a vir na minha direção e depois parou para se espreguiçar.

– Por enquanto, seremos apenas nós três.- Afirmei indo ajustar a comida deles.

Contudo, quando cheguei lá, já estavam arrumadas - assim como a água. Soltei um suspiro, pois sabia que Katsuki tinha me livrado de todos os possíveis e afazeres de casa.

Fui fazer algo para comer e encontrei um bilhete na frente do micro-ondas. Nele estava escrito: "sua torrada e café já estão prontos, apenas esquente".

Ri e coloquei para esquentar, logo já achando mais um bilhete: "Kota pegou o ônibus para ir para a escola, pode ter chances dele voltar mais tarde. Não se preocupe! Qualquer coisa, me ligue!"

Esse homem é incrível. 

Assim que meu café da manhã ficou pronto, fui para a sala de estar, liguei a televisão e fiquei assistindo enquanto comia tranquilamente - e fingindo não ver Marley e Nijel esperando por um pedacinho de pão. 

Nisso, escutei o meu celular tocar em dentro da minha bolsa, essa que estava em cima da mesa de centro. Me estiquei e o peguei para ver quem era, no caso, Momo.

Parei o que estava assistindo e atendi.

– Oi.- Falei.

– Poderia abrir a porta para mim e a Himeno aqui? Queremos conversar.- Afirmou, e a campainha tocou.

Desliguei a chamada, soltei um suspiro e coloquei o meu café da manhã na mesinha de centro, em seguida me levantando e abrindo a porta para elas. 

Elas estavam usando roupas de inverno e haviam pequenos pontos brancos em seus casacos. Estava nevando, e eu nem tinha me tocado; Katsuki provavelmente deve ter deixado o ar-condicionado ligado.

Também tinha me esquecido que o inferno tinha começado a pouco tempo - a minha cabeça parece ter anotado bastante ocupada para perceber isso. 

Dei espaço para elas entrarem e indiquei com a mão na direção da sala de estar, sentido um vento congelante praticamente cortando o calor da casa. 

Fechei a porta e olhei para elas, as quais estavam tirando seus casacos enquanto sentavam no sofá. 

– Sobre o que querem conversar?- Perguntei mesmo sabendo a resposta.

– Queríamos saber como você está, as coisas não devem estar legais depois do que aconteceu.- Himeno afirmou.

– E não estão.- Falei me sentando onde estava antes.- Agora tenho um monte de coisas para pagar, isso que ainda nem sei o valor de todos os custos. 

– Sabe que iremos te ajudar com tudo, agora.- Momo falou e segurou a minha mão.- Já faz um tempo que a minha vó faleceu e a casa dela está abandonada, assim como todos os móveis-

– Ah, não.- Trouxe a minha mão de volta para mim enquanto negava com a cabeça.- Não quero ficar mexendo nas coisas de vocês, principalmente quando é assunto familiar.

– A minha vó deixou todas aquelas coisas para mim, afinal, ninguém se interessa em todos aqueles móveis.- Explicou.- Eu não tinha onde enfiar tudo, mas agora é a chance.

– Falei com a minha tia essa manhã.- Himeno comentou.- Ela também tem muita coisa para dar.

– O único gasto que iremos ter é com a entrega dos móveis.- Disse Momo.- As outras coisas, como os telefones fixos e computadores, damos um jeito mais tarde.

– Mas e as flores?- Perguntei.

– Já estamos cuidando disso, na verdade.- Himeno sorriu.

Respirei fundo.

– Tá legal, vamos fazer isso.- Resmunguei, e elas festejaram.

– Enfim, você sabe quem foi que invadiu?- A prima de Katsuki perguntou.

– Não, mas acho que não vai demorar muito para me passarem essa informação.- Respondi.

– Verdade.- Concordou Momo e fez carinho em Marley, esse que só deve ter aparecido achando que a minha torrada está ao seu alcance.

– Quem você acha que pode ser?- Himeno cruzou os braços.

– A mulher do meu irmão.- Resmunguei.- Ela ligou esses dias dizendo que não gostava de mim.

– Nossa, que puta.- Xingou.

– Eles ainda estão na cidade?- Momo arqueou uma sobrancelha.

– Sim.- Assenti.

– Acho que deveríamos ir lá e tirar as nossas dúvidas.- Deu de ombros.

– Tá bom, só deixem eu terminar de comer e me arrumar.

Dessa forma, em no máximo 40 minutos, terminei de comer e me arrumar. Então, saímos de casa, entramos no carro de Momo e fomos para o apartamento em que a minha família está.

– Se for ela mesmo, como você vai reagir?- Perguntou Himeno se ajeitando no banco atrás de mim.

– Não faço ideia.- Dei de ombros.

– Ei, olha.- Apontou para a delegacia no momento em que estávamos passando pela mesma.

Na frente do local, estava o carro do meu irmão. Ele estava com uma expressão de raiva no rosto e parecia estar batendo boca com o policial, esse que balançava a mão na tentativa de acalmá-lo. 

– Acho que não precisamos mais ir na casa dos seus pais.- Afirmou Momo entrando no estacionamento da delegacia.

No mesmo instante, meu irmão levou sua atenção para o carro, arregalando os olhos ao me ver no banco do carona antes de começar a se aproximar.

Meu coração errou uma batida quando ele abriu a porta do carro abruptamente, quase me fazendo achar que a lançaria para a parede.

Ele ficou paralisados do meu lado, e eu olhei no fundo dos seus olhos, esperando ver algum vestígio de raiva, mas só percebi muita, muita dor e arrependimento.

O homem se ajoelhou e começou a chorar antes de deitar sua cabeça na minha coxa, como eu fazia com ele quando nosso pai saia de casa depois de nos bater. 

Passei as mãos nos seus cabelos.

– Ela poderia ter te machucado, eu sou um péssimo irmão por ter ficado com uma mulher daquelas.- Disse em prantos. 

– Ei, a culpa não é sua. Você não sabia que ela era assim, ninguém sabia.- Falei da forma mais calma possível.

– Mas então é culpa de quem?

– Dela própria.- Resmungou o policial se aproximando de nós.- Você deve ser a dona da floricultura, né?

Assenti com a cabeça.

– Entre, vamos conversar e esclarecer melhor essa história.- Afirmou.

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