127°- Raiva

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Estava esperando Mitsuki chegar para distrair o bebê para eu poder tomar banho, mas horas e horas se passaram e nada da mulher aparecer. Algo de errado não estava certo, então peguei meu celular e arregalei os olhos ao ver várias mensagens e chamadas perdidas do contato dela.

Me acostumei a deixar o celular silencioso para não acordar Katsu e sempre acabava no fim do dia com diversas mensagens ou ligações sem respostas. Entretanto, nunca apenas de uma pessoa.

Li as suas mensagens aterrorizada.

Em resumo, disse que Katsuki havia acabado de pegá-la no flagra, abraçando o seu novo namorado, o qual a mulher ainda não havia nos apresentado porque supôs que teria acabado com a alegria da chegada do bebê.

Além disso, ela destacou muito bem a ira atual de Bakugou.

Dessa forma, suspirei ao ouvir o carro de Katsuki estacionar na garagem e a porta do mesmo ser fechada com força. Então, fui até a porta que nos leva a garagem e parei numa distância segura da mesma.

Em seguida, dei beijos leves na bochecha do bebê, porque, mesmo ele não entendendo nada e estando relaxado, queria lhe mostrar que tudo estava e ficaria bem.

– Antes que você abra a porra da boca, é melhor lembrar que não estamos sozinhos em casa.- Falei ríspida e numa voz baixa quando o homem entrou irado dentro de casa.

Ele paralisou. Dava para ver como estava irritado não apenas pela expressão do seu rosto e o brilho intenso dos seus olhos, mas também por conta da sua respiração pesada e as veias saltadas nos seus braços, pescoço e testa.

Katsuki fechou os punhos com força e passou por nós batendo os pés, indo para o quintal. Não fui atrás e muito menos deixei que Marley fosse, afinal, ele precisava ficar sozinho para pensar em tudo antes de se tranquilizar.

O cachorro chorou, olhou para mim e sentou aos meus pés quando comecei a acariciar.

Nisso, percebi o quão rápido e forte meu coração estava batendo, me obrigando a ir até o sofá e sentar no mesmo enquanto fazia o possível para controlar a minha respiração pesada.

Marley se aproximou choramingando e cheirou eu e bebê antes de se acomodar ao nosso lado, ficando comigo até meu corpo se tranquilizar. Ele definitivamente é uma das melhores companhias para esse momento.

Dessa forma, me levantei, fui até a cozinha, e comecei a fazer o almoço com o bebê no colo - nos primeiros dias foi difícil fazer isso, mas agora estava acostumada.

Então, a porta do quintal se abriu. Continuei fazendo a comida até Katsuki desligar o fogo, colocar as mãos nos meus ombros e me virar de frente para ele. Nisso, pude ver os seus olhos cheios de lágrimas de sofrimento, arrependimento e raiva.

– Amor.- Murmurei, e ele começou a chorar.

Ele encostou a testa na minha, e eu coloquei levemente a mão sobre o rosto do bebê para as lágrimas não caírem nele. Depois, dei um beijo na bochecha do homem e o deixei esconder seu rosto na curvatura do meu pescoço.

– Por quê? Ela não ama mais o meu pai? Como ela teve coragem de trocá-lo sem me dizer nada antes?- Perguntou numa voz raivosa.

– Olha, que tal você cuidar um pouco da comida? Vou fazer Katsu dormir e depois volto para conversarmos.- Pedi me distanciando um pouco.

Ele fez uma cara de pensativo por um tempo e depois assentiu, levando sua atenção para a panela. Sendo assim, ajeitei o bebê no meu colo - o qual parecia já estar tirando um cochilo - e fui para o quarto.

Graças aos céus, não demorou muito para o bebê dormir. Então deitei ele no berço, dei um beijo na sua bochecha e saí do quarto, soltando um suspiro de tristeza ao chegar na cozinha e encontrar Bakugou desanimado daquela forma.

– Ei.- Chamo e puxo ele para um abraço.

No mesmo instante, o homem retribui o abraço e esconde o rosto na curvatura do meu pescoço.

– Por favor, {Nome}. Tenha as respostas para as minhas perguntas, por favor.- Disse com a voz mais rouca por conta do choro.

– Eu não sei se devo responder.- Murmuro, e ele se distancia um pouco para olhar nos meus olhos.- Só não quero que você fique bravo comigo pelas minhas respostas.

– Depende de quais forem elas.- Resmungou.- Mas tá bom, vou tentar.

Mais uma vez, ele desliga o fogo. Puxamos uma cadeira para cada e nos sentamos frente a frente. Os olhos dele estavam fixos nos meus, e eu não pude deixar de notar a raiva evidente nos mesmos.

– Acho que a primeira coisa que você deveria entender, é que sua mãe ainda considera seu pai como o verdadeiro e grande amor da vida dela.- Digo e seguro uma de suas mãos.

– Mas então por que ela trocou ele?- Franziu o cenho.

– Acho que para essa pergunta, você precisa pensar e lembrar da forma que ela estava depois do falecimento do seu pai, talvez esse cara esteja ajudando ela a melhorar.

– E se não? E se ele estiver fudendo com tudo?

– Se não, aí você pode brigar com ela. Mas quando chegou, ela parecia triste? Machucada? Com medo?

Ele pensando, mas sem tirar seus olhos dos meus, esses que já demonstravam mais tranquilidade.

– Na verdade, só ficou com medo depois da minha chegada inusitada e eu ter visto os dois.- Resmungou.- Mas não parecia triste e nem estava machucada.

– Então isso significa que eles estão bem.- Sorri.- Ela me disse que não nos contou antes por causa do nascimento do bebê e achou que isso estragaria tudo.

– E iria mesmo.- Suspirou.- Ela já imaginava a minha reação.

Me levanto, sento no seu colo e passo um dos meus abraços atrás do seu pescoço, em seguida acariciando seus cabelos enquanto ele apoia a cabeça no meu peito e limpa o nariz com as costas da mão.

– Imagino o quão difícil seja para você ver ela seguindo em frente assim, mas é a forma mais saudável de se superar ao invés de ficar se embebedando.- Dou um beijo na sua cabeça.

– Eu só estou com medo dela deixar de amar meu pai.

– Mas é o que eu disse, Mitsuki vai continuar considerando ele como seu verdadeiro amor para sempre. E tenho certeza de que ela nunca irá amar outro cara na mesma intensidade que amou seu pai.

Assim que terminei de falar, ele olhou no fundo dos meus olhos, levou uma de suas mãos para a minha nuca e me puxou para perto antes de juntar nossos lábios para um beijo carinhoso.

– Eu realmente não sei o que seria sem você, {Nome}.- Disse quando paramos de nos beijar.- Mas ainda tenho uma pergunta.

– Então desembucha.

– E se ele fizer algum mal para a minha mãe? E se ele piorar toda a situação?

– Aí a gente quebra ele no pau.- Respondo, e ele sorri de forma vingativa e volta ao beijo.

Então, quando sinto suas mãos indo na direção da minha bunda e percebo que o beijo ficou mais intenso, tomo distância e me levanto - fingindo não ter percebido a cara de indignado dele.

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora