52°- Culpa

257 30 3
                                    

Era umas dez horas da noite quando eu e Katsuki nos acomodamos na "nossa" cama e colocamos um filme aleatório na televisão que havia no quarto.

Já havíamos jantado e Kota, minha mãe e Megane foram se deitar logo em seguida, deixando eu e o loiro livres para aproveitar a noite.

Filme e pipoca foram a nossa única escolha, já que o resto iria provavelmente resultar em uma brincadeira bastante barulhenta.

Quer dizer, o que estamos fazendo agora também pode resultar, mas poderia ser algo mais "tranquilo" - claro, isso de meu homem não dar uma de louco.

Como estávamos debaixo da coberta, algumas das tentativas de mão boba de Katsuki não eram muito visíveis, só que as possíveis de ver não eram comentadas.

Foi então que ele deu uma leve encostada na minha bunda, então me virei para ele e lhe dei um beijo rápido gostoso.

– Ainda não está satisfeito com a última noite de sexo que fizemos?- Perguntei.

– Estou, mas gosto de ter as minhas mãos em todas as partes do seu corpo.- Falou, e eu deitei a minha cabeça no seu peito.

– Também gosto de passar a mão no seu corpo, só que às vezes eu me sinto humilhada.

– Por quê?

– Porque você tem mais peito, cintura e bunda que eu.- Afirmei contando com os dedos.

– Mentirosa.- Resmungou.- Você tem tudo e mais um pouco, aliás, eu nem me importaria se você não tivesse nada disso, te acharia perfeita de qualquer forma.

– Nossa, estou me sentindo honrada agora.

– Ainda bem.- Bufou.- Mas aposto que se eu tivesse aquela barriguinha de cerveja você não estaria comigo.

– Ei.- Comecei a rir.

E assim perdemos a nossa concentração do filme, ficando conversando e provocando um ao outro no mesmo estilo, mas tomando cuidado para não aumentarmos a voz e acordar os outros.

Contudo, houve um momento em que ouvimos arranhões na porta. Então, sabendo já quem estava fazendo aquilo, me levantei e abri a porta para Marley.

Ele correu para dentro do quarto e pulou em cima da cama, começando a incomodar o loiro no mesmo instante.

Fechei a porta e me deitei de volta, soltando um risinho baixo quando o cachorro se acomodou entre eu e o homem, que bufou e fez bico.

Sabendo que ele iria ficar bravo, abracei o cão e fingi que estava domingo. Em seguida, senti Katsuki começar a me desgrudar de Marley.

– Você gosta de me deixar puto.- Deu um beliscão na minha coxa.

A partir disso, novas provocações surgiram, até que começamos a ficar cansados e decidimos finalmente dormir.

☾︎❦︎☽︎»»»»»»»»»»»☾︎❦︎☽︎

☦︎༄Dia seguinte.
☦︎༄09:34.

Acordei com Marley lambendo a minha orelha, então me espreguicei e sentei na cama, dando de cara com as costas de Katsuki sentado na ponta da mesma.

Ele estava olhando o telefone, mas o desligou quando eu passei minhas mãos pelas suas costas e dei alguns beijos na curvatura do seu pescoço.

– Não tenho notícias boas.- Afirmou ele, e eu arquei uma sobrancelha.

– O que aconteceu?- Me ajeitei até ficar sentada ao lado dele.

– Minha mãe quer que eu volte mais cedo para casa, meu pai não está se sentindo muito bem.- Passou as mãos pelos seus cabelos.

– Quer ir para casa hoje então? Podemos ajeitar as coisas agora e de tarde podemos ir ao aeroporto.

– Pode ser, preciso muito ver ele.- Soltou um suspiro.- Me desculpa.

– Não foi nada, você faria o mesmo por mim, além de que ainda estou te devendo de todas as coisas que fez para mim.

– Eu te amo.- Me deu um selinho.- Vou lá avisar Kota e sua mãe que iremos ir, então isso você arruma a cama?

– Claro.- Assenti e me levantei.

Sendo assim, após ele se levantar e sair do quarto, atropelei Marley de cima da cama e comecei a arrumar a mesma.

Em seguida, sai do quarto para ir ao banheiro, lavei meu rosto, fiz o que precisava e arrumei o meu cabelo - o qual estava parecendo um ninho de passarinho.

Quando saí, dei de cara com Kota, o qual estava com uma expressão de tristeza, um sinal de que Katsuki já havia contado para ele sobre a nossa decisão.

Baguncei os cabelos dele e voltei para o cômodo anterior, onde vi o loiro colocando as malas em cima da cama que ainda estavam com as roupas, já que não nos demos ao trabalho de tirar elas de lá.

Não havia muita coisa para se arrumar, apenas teríamos que colocar as roupas que estavam para lavar, escovas de dentes e entre outras coisas.

Bakugou cruzou os braços e ficou parado olhando para o nada, com certeza estava pensando sobre seu pai.

Me aproximei dele e lhe abracei, sentindo seus braços musculosos logo me rodarem, me deixando bastante confortável e protegida.

– Obrigada por estar comigo.- Murmurou ele.

– De nada.- Sorri.- Somos um casal e ajudar um ao outro é uma das coisas mais necessárias nisso.

– Está certa.- Deu um beijo na minha testa.- Sua mãe entendeu o caso e disse que não fazia mal irmos embora tão cedo.

– Que bom.- Afirmei.

Ficamos abraçados por diversos minutos, enquanto isso também ficamos conversando sobre algumas coisas aleatórias apenas para distrair a mente. 

Não seria a minha, mas sim a de Katsuki.

Conseguia sentir a sua preocupação, ela estava bastante ardida e fazia os seus batimentos se manterem um pouco mais acelerados do que o normal.

Ele estava certo em ficar assim, afinal teve a sorte de ter um pai gentil e maravilhoso como aquele.

Além de uma mãe maravilhosa, claro.

Nos soltamos quando a minha mãe surgiu na porta do quarto e chamou a gente comer, então logo fomos.

Ao chegar lá, vimos Megane sentado na ponta da mesa, todo concentrado olhando algumas papeladas enquanto tomava um café preto.

Logo, ao perceber a nossa entrada, chamou Katsuki para ajudá-lo com aqueles papéis, pois dizia que - como ele é empresário - podeira dar uma boa ajuda.

O loiro aceitou na hora, então eu praticamente tentei ler a sua mente e conclui que pensava que isso poderia ser uma distração para a situação mental pela qual passava.

Enquanto isso, preparei o nosso café e entreguei uma das xícaras para o loiro, o qual já inaugurou o primeiro gole, e outra para Kota.

Em seguida, junto com a minha xícara, me juntei a minha mãe para na sala de estar e comecei a beber o meu café durante a conversa que ela logo puxou.

Com certeza ela estava fazendo isso para aproveitar o resto do tempo que tínhamos juntas antes da mesma ir trabalhar, e eu obviamente não iria deixar de colaborar.

Em um momento, senti alguém ficar com os olhos vidrados em mim, então olhei para a cozinha e peguei Katsuki no flagra me encarando com uma cara de tristezas.

Isso me fez pressentir a sua sensação de culpa de longe.

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora