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☦︎༄Dia seguinte.
☦︎༄04:57.

Acordei com o celular de Katsuki vibrando no chão. Provavelmente havia caído do bolso da sua calça, essa que estava jogada no chão do meu lado da cama.

Me inclinei o tanto que conseguia e estiquei meu braço na direção do celular, o pegando, ligando e franzindo o cenho ao ver a hora e o tipo de mensagem que era.

-Oi
-Estou ansiosa para te ver
-Ainda está combinado o nosso almoço juntinhos?

Apertei com força o celular e olhei para o loiro, o qual estava dormindo tranquilamente de barriga para baixo. Não queria acreditar, mas só de pensar em ser mesmo o que a mente diz, me faz sentir nojo.

Sim-

Quem iria para esse encontro seria eu.

Deixei o celular onde estava, me levantei, peguei o meu telefone e mandei mensagem para Mitsuki, avisando que iria deixar Kota na casa dele hoje.

Por algum milagre, ela respondeu, então eu me lembrei das coisas que ela anda passando desde a morte de Masaru - sempre acordando antes das cinco horas como se esperasse olhar para o lado e ver o marido.

Soltei um suspiro, me sentindo triste por ela.

De qualquer forma, ela aceitou tranquilamente que ele fosse à sua casa, afirmando sentir saudades e que precisava de um ajudante para limpar a casa.

Sorri, peguei uma roupa, fui para o banheiro e fiz tudo o que precisava, saindo daquele cômodo plena e sabendo exatamente cada passo que eu precisava dar.

Fui para o quarto de Kota, acordei ele da forma mais gentil que conseguia, em seguida o ajudando a arrumar algumas roupas, dizendo que ia ficar tudo bem enquanto fingia não ouvir as suas diversas perguntas.

– Vocês não vão brigar, né? Eu sei que vocês brigam quando me mandam para a Mitsuki.- Afirmou o garoto, e eu paralisei.

– Eu não sei.- Murmurei.- Não fique mal comigo, estou fazendo isso porque não quero que você passe pelo o que eu passei.- Falei terminando de dobrar suas roupas.

Então, repentinamente, ele me puxou para um abraço, começando a chorar baixinho, como se soubesse a minha intenção de fazer silêncio desde o início.

Abracei ele de volta, me perguntando se irei manter a próxima possível discussão que teria com Katsuki o mais longe possível do menino, porque tudo o que menos quero é afetar o jovem com isso.

– Vou te recompensar caso aconteça alguma coisa, está bem?- Perguntei para ele quando nos soltamos.

– Tá bom.- Sorriu gentilmente, e eu senti meu coração aquecer.

Terminamos de organizar tudo, descemos as escadas e o menino me ajudou a arrumar a comida para os animais. Em seguida, segurou a minha mão enquanto íamos em passos rápidos para a garagem.

Assim que saí com o carro, pude ver Katsuki na sacada do quarto, com os olhos arregalados em uma mistura de surpresa e confusão, me fazendo respirar fundo antes de acelerar para longe de casa.

Sim, é isso que eu faço, fujo dos meus problemas, como se fosse uma ovelha correndo de um lobo, temendo se tornar mais uma das suas vítimas - isso, ao mesmo tempo que já imaginava a sensação do meu corpo sendo estraçalhado pelos seus grandes e afiados dentes.

Eu não queria acreditar, faria de tudo para parar de sentir o ódio que surgia desagradavelmente no meu peito antes de poder confirmar qualquer coisa, porque a certeza parece estar bem na minha cara.

Apertei com força o volante e franzi cenho enquanto sentia uma lágrima quente escorrer pela minha bochecha. Então, como um sopro gelado, tudo sumiu.

– Eu acho que você também deveria receber uma suspensão.- Kota falou de repente.

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora