27°- Insistência

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☦︎༄Dois dias depois. 
☦︎༄08:30. 

Só para começar, apenas comi uma banana e nada mais nesses 4 dias. 

As vezes eu acho - na verdade tenho certeza - que estou me prejudicando pra caralho por conta do que aconteceu.

Kota não me ligou mais, e eu ainda estou esperando a polícia rastrear o número. Contudo, tô começando a pensar que os policiais deixaram o meu caso de lado e continuaram tomando os seus cafés.

Bom, nesse momento estou na sala de Katsuki, mostrando para ele alguns papéis que estavam meio atrasados para imprimir, já que eu havia faltado segunda, e jirou não tinha feito nenhum deles para mim.

Diz ela que também está atrasada, pois a empresa anda evoluindo bastante após a minha chegada - não porque sou uma boa trabalhadora, mas sim por conta das coisas terem começado a acelerar.

Enfim, ele pegou uma das folhas e começou a ler.

– Certo, acho que são só essas mesmas.- Falou pegando as outras na mão também.- Já deve ter recebido seu salário, não é?

– Sim.- Assenti.

– Que bom, é que alguns funcionários reclamam não terem recebido esse mês.- Resmungou e recolheu todas as folhas, alinhando-as em seguida.- Já pode ir.

– Tá bom.- Virei as costas e fui embora. 

No caminho, me dei conta do quão próxima estava de Katsuki nesses últimos dias. Conversamos sobre várias coisas na ideia e na volta para casa, ele até fica lá as vezes para me fazer companhia.

O mais chato disso, é que todos os dias invento desculpas para ele sobre o porquê de eu não ter ido almoçar ou separei alguma coisa para comer de jantar.

Não entendo o motivo dele se preocupar tanto comigo, já sou adulta e sei exatamente o que estou fazendo e as consequências disso. 

Quando estava chegando perto do elevador, a porta de pavimento se abriu e Makima saiu do mesmo em passos rápidos - estava atrasada de novo. 

Arqueei uma das minhas sobrancelhas e fiquei olhando ela passar por mim, a qual provavelmente iria para a sala de Katsuki para se ajoelhar na frente dele e pedir desculpas por mais um dia de atraso. 

Ela está bem estranha ultimamente; está andando com o carro, nas horas de almoço pega o automóvel e vai para casa comer - sendo que normalmente faz isso na empresa -, e não provocou mais ninguém. 

Dei de ombros, entrei no elevador e em poucos minutos já estava de volta na frente do computador, digitando uma cavalgada de letras enquanto escuto as conversas dos meus colegas de trabalho. 

Foi então, que senti alguém colocar as mãos nos meus ombros, fazendo eu levar um susto. 

– Oi.- Sorriu Mina.- Sabe, sábado vai ter uma festa e, como você não está indo almoçar mais com a gente, pensei em te convidar para sair. O que acha?

– Pode ser.- Dei de ombros, e ela mandou um "belezinha" para as meninas que estavam do outro lado da sala. 

– Vai ser muito legal ter você lá.- Apertou as minhas bochechas e foi embora toda animada.

Fiquei paralisada por um tempo, pensamos no quão doida essas garotas são, depois voltei a minha atenção para o computador e soltei um suspiro ao perceber quantas coisas faltavam para eu fazer. 

☾︎❦︎☽︎»»»»»»»»»»»☾︎❦︎☽︎

Me levantei da cadeira e saí da minha área de trabalho, em seguida fui para um local onde tem os banheiros e um canto com sofás para os trabalhadores que almoçam na empresa ficarem. 

Estava indo para aquele canto, pois lá tem um bebedouro com copos, e eu estava prestando tomar um remédio por conta da forte dor de cabeça que sentia.

Entretanto, quando estava chegando perto do mesmo, tudo ao meu redor começou a girar descontroladamente, fazendo eu sentar no sofá para não desmaiar ali mesmo. 

Havia passado por essa mesma sensação ontem e hoje de manhã, que foi quando eu tive que disfarçar muito bem porque Katsuki havia notado algo de errado em mim.

E por pensar nele, o loiro surgiu e cruzou os braços enquanto franzia mais o seu cenho. 

Como ele consegue estar sempre junto comigo? 

– Vou fazer a janta para você hoje.- Falou enquanto vinha na minha direção.

– Não precisa, eu-

– Cala a boca, porra.- Resmungou e parou na minha frente.- Você acha que me engana, mas eu não sou bobo igual os outros.

– Cara, de-

– Não quero saber.- Tentou pegar o remédio da minha mão, nisso dei um tapa na sua cara. 

– Nem pense nisso.- Falei ríspida e olhando profundamente para aqueles olhos vermelhos.- Nunca interrompa uma mulher, seja ela como eu ou não. 

Ele ficou me encarando assustado por um tempo, depois soltou um suspiro, foi ao bebedouro, encheu um copo com água morna e estendeu o mesmo para mim.

Peguei ele da sua mão, tirei um comprimido da cartela e coloquei na boca, engolindo-o quando tomei a água. 

Então, o loiro se sentou ao meu lado, e eu fiquei encarando o mesmo pelo canto do olho; sinceramente, estava pouco me fudendo se ele iria ficar mal com isso. 

– Vou ir na sua casa ainda.- Resmungou.

– Quem disse?- Arqueei uma sobrancelha.

– Eu.

– Mas eu não quero que você vá.

– Não, você não quer deixar de ser orgulhosa, é diferente.- Se levantou.- Eu era igual você, mas depois que percebi que desse jeito não ia me ajudar a realizar meus sonhos, parei de ser assim. 

– Somos muito diferentes um do outro, então não tente fazer comparações.- Amacei o copo.

– Não estou fazendo comparações, estou tentando abrir a sua mente.- Disse virando as costas e indo embora. 

Fiquei parada por um tempo, então me levantei para jogar o copo no lixo e sentei de volta, em seguida passei as mãos pelos meus cabelos enquanto respirava fundo. 

Dessa vez não consegui me livrar, o pior é que terei que aturar esse cara fazendo a janta para mim – isso se ele não pensar em posar na minha casa também.

Bufei, joguei meu corpo para trás e olhei para cima, encarando o teto enquanto pensava sobre o quão difícil é superar algumas coisas. 

Gostaria de ser forte como a minha mãe, já que ela sempre acha saídas para superar seus problemas e evitar a maioria deles. 

Eu sou justamente ao contrário, é como se eu conseguisse me jogar sozinha para cima dos meus problemas e só percebo isso quando tomo no cu. 

– O que está fazendo aqui?- Me ajeitei rapidamente ao ouvir a voz de Jirou.

– Nada.- Respondi envergonhada.

– Não parecia.- Se sentou ao meu lado.- Estava pensando no que? 

– Sobre a minha vida, tá rolando muita loucura e o trabalho está muito acelerado, então…é fudido.- Dei de ombros.

– Você está certa.- Concordou.- Que bom que ia com a gente na festa, estava ficando com saudade de ter você ao nosso lado.

– Uou, me sinto honrada. 

– Só é uma pena o que aconteceu com o Midoriya.- Murmurou, e eu concordei com a cabeça.- Eu tô namorando com a Momo.

– O quê?!- Arregalei meus olhos. 

– Do nada, eu sei.- Bufou.- Mas eu precisava contar para alguém mesmo estando no trabalho. 

– Percebi, levei até um susto.- Coloquei a mão no coração. 

Ficamos por mais um tempinho ali, então Jirou se mostrou apertada para ir ao banheiro, e eu me lembrei que precisava terminar de digitar algumas coisas. 

Nisso, a conversa acabou e cada uma foi para um lado.

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora