66°- O plano

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O trabalho acabou e saí junto com Jirou, pois aproveitei que meu horário havia mudado. Quando a porta de pavimento se abriu, levamos um susto ao ver Katsuki ali, mas entramos de qualquer forma.

Jirou ficou entre nós dois, encolhida e parecendo ficar tensa pelo silêncio que se mantinha firme, o qual também parecia me sufocar.

Quando a porta se abriu, ele deu liberdade para que saíssemos primeiro, mas na verdade fez só a gente acelerar os passos até o carro, onde eu me senti mais aliviada.

Coloquei o cinto de segurança e liguei o carro, só começando a dirigir quando ela colocou o cinto e assentiu avisando que poderíamos ir. 

– Cara, vocês quase me mataram sufocada no meio de todo aquele orgulho.- Disse rindo.

– Então imagina eu, que fiquei esperando ele pelo menos dizer alguma coisa.- Resmunguei.- Se bem que eu não posso reclamar nada agora. 

– É verdade.- Falou mexendo no celular.- Vocês dois são muito orgulhosos.

– Ava.- Murmurei.- Ele deixou tudo bem claro quando brigamos o que eu era para ele.- Apoiei meu braço na janela do carro, dirigindo apenas com uma mão.

– Imagino como deve ter sido feio, principalmente para a visão da Mitsuki, e os ouvidos de Kota.- Soltou um suspiro.

– É.

Olhei para o retrovisor e fechei a cara ao ver o carro de Katsuki bem atrás de nós, sabendo que aquele não era o lado certo para onde a gente morava.

Nem a casa dele era por ali. 

Voltei a olhar para frente e bufei, então Jirou se inclinou, olhou para trás e começou a rir por provavelmente ficar surpresa ao ver a cara do loiro. 

Contudo, parou de rir quando vimos aquela garçonete parada, com roupas chiques e um sorriso se abrindo quando levou seu olhar para o carro de Katsuki, que em seguida parou em sua frente.

Voltei a minha atenção para a estrada, mordendo meu lábio inferior na intenção de conter a minha vontade de gritar, socar a cara dele e derramar todas as lágrimas de ódio possíveis. 

Então, tive uma ideia.

– Jirou, pega meu celular na minha bolsa.- Apontei para a mesma, a qual tinha jogado no banco de trás. 

Ela pegou o mesmo, e eu olhei para a mulher pelo canto do olho, deixando a mesma desconfiada quando um sorriso de canto começou a se abrir no meu rosto. 

– Agora desbloqueia e manda mensagem para Katsuki, diz que é para ele levar Kota lá na sua casa, pois vou levar o carro para consertar. 

– Mas ele não precisa de conserto.- Franziu o cenho numa expressão confusa, mas mesmo assim fazendo o que eu pedi.

– Eu sei, é só que tive uma ideia.- Afirmei me sentindo confiante.- Mas saiba que agora vamos usar seu carro. 

– Tá.- Deu de ombros e riu.- Acho que entendi o seu plano.

– Ah, aí sábado você sai com o meu carro para que ele não perceba.- Mandei uma piscadela para ela.

Após alguns minutos, chegamos ao apartamento dela e praticamente nos arrastamos até os nossos quartos para irmos tomar um banho e irmos dormir.

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☦︎༄Dia seguinte.
☦︎༄08:30.

Estava indo levar os papéis impressos na sala de Katsuki, mas quando fui abrir a mesma, ele abriu antes e praticamente todas as folhas foram para os ares. 

Isso fez eu me lembrar dos meus primeiros dias aqui na empresa.

Nós dois nos agachamos e começamos a juntar os papéis, foi então que eu levei meu olhar para ele e depois para o BEIJO QUE HAVIA NO SEU PESCOÇO.

Engoli em seco, coloquei uma mexa do meu cabelo atrás da orelha e concluí que ele havia tido uma noite tão boa para esquecer de apagar o "histórico".

Após pegarmos tudo, nos levantamos e eu entreguei o resto das folhas para ele, o qual as juntou, deu uma rápida olhada na mesma e depois olhou para mim. 

– Kota vai na minha mãe nesse final de semana, mas ele fez um presente para você na escola e pediu para que eu levasse para ti.- Afirmou.

– Você que colocou ele na escola?- Arqueei uma sobrancelha. 

– Não, a minha mãe.- Murmurou.

– Agradeça ela por isso.- Sorri e virei as costas.

Não era mais fácil ele ter me entregado esse tal presente pessoalmente? Bom, pelo menos o meu plano continua.

Mina me olhou com seus olhos completamente arregalados, sinal de que ela havia visto aquilo também.

Apenas dei de ombros, me acomodei à minha mesa e continuei meu trabalho, o qual agora se tratava apenas de reescrever alguns documentos. 

Então, vi Momo se aproximar, colocar uma xícara de café na minha mesa, sorrir e disfarçar dando uma volta pela sala antes de finalmente se retirar.

Levei a minha atenção para o café e franzi o cenho, vendo que havia um tipo de saquinho de chá amarrado na alça da xícara, mas de alguma forma parecia estar um pouco estranho.

Tirei ele da xícara e o apertei com meus polegares, descobrindo que tinha um anel ali dentro. Com isso, olhei ao redor e me esforcei para abri-lo, quase fazendo o objeto cair no chão quando consegui.

 Era o meu anel.

Por que agora estaria de volta em minhas mãos? Será que Katsuki estava com um peso na mente por tê-la em suas mãos? Ou alguém o forçou a devolver? 

Não sei, mas definitivamente me fazendo mentalmente esse tipo de pergunta não vai me ajudar a descobrir alguma coisa.

Deixei o anel no canto da mesa, na intenção de esquecê-lo no trabalho hoje. Mas todas as vezes que finalizei um documento, meus olhos eram direcionados para ele. 

Era como se Katsuki não quisesse que eu o esquecesse com essas ações, me devolvendo coisas preciosas nas quais eu havia valorizado durante o nosso tempo juntos. 

Parece que ele quer me esquecer primeiro e fazer eu sofrer enquanto vejo o mesmo superar facilmente; mas esse homem sabe, as coisas não são bem assim para mim. 

Sendo assim, mais uma vez que olhei para aquele anel, levei a minha atenção para Jirou e não fiquei surpresa por encontrá-la já me encarando.

Faço um sinal para ela se aproximar e pego o anel, lhe entregando quando a mesma já está ao meu lado.

– Derreta e me dê a grana.- Afirmei.

– Tem certeza?- Perguntou fechando a mão que segurava o anel.

– Sim, se for para me lembrar de macho, que seja de forma de dinheiro.- Sorri convencida.

A mulher deu de ombros e voltou para a sua mesa, enquanto eu voltei a minha atenção para o trabalho sorrindo ao sentir uma sensação de alívio surgindo.

Sei que não deveria me sentir assim, mas se a minha mente pensa que essa é a minha forma de superar, então será dessa forma que irei continuar. 

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora