98°- Momento de choro

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Ele se deitou cansado ao meu lado. Então, começamos a tentar controlar nossas respirações, porque eram como se elas fossem mais barulhentas que nossos gemidos.

Olhei para ele, vendo uma gota de suor escorrer pelo canto do seu rosto e pingando em cima da almofada do sofá. 

Katsuki é lindo.

A partir disso, olhei para a televisão, vendo que aquele filme já havia acabado e as outras opções estavam aparecendo. Sendo assim, me sentei e comecei a procurar o controle no meio das cobertas.

Nisso, senti Katsuki dar algumas cutucadas com o dedo nas minhas costas, fazendo eu parar e olhar para ele, agora notando o controle na sua outra mão. 

Ele desligou a televisão, se sentou também e deu um beijo demorado na minha bochecha, em seguida se levantou, pegou as nossas roupas do chão e jogou em cima do sofá. 

– Quer ajuda para se vestir?- Perguntou para mim, pois eu ainda não havia mexido um músculo. 

– Não.- Neguei e sorri.

Depois que nos vestimos, eu enrolei a coberta e levei para a lavanderia, afinal, ela era um vestígio do que havíamos terminado de fazer minutos atrás. 

Quando voltei para a sala, Katsuki estava terminando de comer a pipoca enquanto digitava algo no celular, então me aproximei e me inclinei para ver quem era.

– Você é curiosa.- Afirmou se virando para mim.- Estou avisando Hideo sobre o novo cargo dele.

– Mas não é melhor falar pessoalmente? Poxa, é domingo, ninguém gosta de lembrar do trabalho.- Falei com indiferença.

– Foda-se, gosto de preparar as pessoas para mudanças como essas.- Disse desligando o celular.

Ri e fui até as escadas, encontrando Kota no corredor ao subir para o andar superior. Ele estava coçando os olhos e se espreguiçando.

– Que horas são?- Perguntou.

– Não sei.- Respondi entrando no quarto indo até o guarda-roupa.

Escolhi uma roupa, peguei calcinha, sutiã e uma toalha. Então, fui para o banheiro, deixei em um lugar onde as coisas não molhassem e comecei a tirar a minha roupa.

Amarrei meu cabelo, entrei no box e liguei o chuveiro, dando um pulinho ao sentir a água gelada cair no meu corpo, a qual não demorou muito para ficar morna.

Como já era de se esperar, logo senti uma de suas mãos na minha cintura, enquanto a outra pegava a esponja de banho e o sabonete.

– Kota acabou de acordar.- Murmurou.

– Eu sei.- Me virei para ele.- Imagino o que poderia ter acontecido se a gente tivesse ficado naquele estado.

– Teríamos tomado no cu.- Afirmou, e eu ri concordando. 

Tomamos o nosso banho tranquilamente - como todas as vezes, ficamos conversando sobre as mesmas coisas de sempre e até brincando um pouco. 

Quando saímos do box, nos secamos, vestimos nossas roupas e depois saímos do banheiro, dando de cara com Nijel com um rato morto na sua boca. 

Katsuki ficou paralisado, enquanto eu tive que ir lá, tirar o rato da boca dele, ir para a sacada do quarto e jogar o bicho fedido para longe.

Ao me virar, o loiro ainda estava parado no mesmo lugar, fazendo eu concluir que, se coisas como essa acontecerem de novo - e não vão -, irei me responsabilizar sozinha.

– Segunda, quando eu for ver aquele lugar, irei aproveitar para comprar veneno para rato.- Resmunguei voltando para o quarto.

– Tá.- O homem sussurrou. 

Tampei o nariz, peguei o gato no colo - mesmo que ele estivesse cheirando a carniça - e saí do cômodo, percebendo que meu outro trabalho amanhã será levar Nijel tomar banho no petshop. 

E eu achando que ficar mais em casa seria mais fácil.

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☦︎༄20:28.

Estava vendo Katsuki fazendo a janta, quando repentinamente escuto um barulho alto da sala de estar seguido de um choro dolorido.

Rapidamente, me levantei e fui ver o que havia acontecido, encontrando Kota no chão com uma das mãos na boca e a outra no canto da mesa. 

– Puta merda.- Sussurrei e corri até ele.

Abri a boca dele, vendo um corte não tão profundo na gengiva superior, fazendo eu juntar as peças e entender que ele havia caído do sofá e batido na boca no canto da mesa. 

– KATSUKI, TRÁS UMA GAZE AGORA!- Gritei, escutando os passos rápidos do homem pela casa antes de vir até mim.

Ele me trouxe a gaze, e eu a coloquei em cima do corte, a segurando ali enquanto tentava fazer o garoto se acalmar, pois o seu choro estava me deixando cada vez mais em pânico. 

Tirei a gaze da boca dele depois de cinco minutos, soltando um suspiro de alívio ao ver que o sangramento havia parado e o menino havia ficado mais tranquilo.

– Traz um gelo enrolado num pano.- Falei para Katsuki, e ele rapidamente foi.

Ao voltar, coloquei o pano com o gelo no corte do menino, sabendo que aquilo poderia aliviar a dor. 

É ruim ter passado por isso tantas vezes com outras crianças no tempo em que eu era babá, mas felizmente essas situações me prepararam para momentos como agora. 

Após alguns minutos, Kota segurou a minha mão e a empurrou devagar, indicando que a dor já havia passado. Então, quando tirei o pano, olhei para ele no fundo dos seus olhos.

– Está melhor?- Ele assentiu, me abraçando. 

– Que puta susto a gente levou.- Katsuki resmungou e bagunçou os cabelos do garoto.

– O que realmente aconteceu?- Perguntei depois que ele me largou.
– Eu tinha pegado no sono de novo no sofá,- Começou a falar sua voz chorosa.- devo ter rolado e acabei caindo com a boca no canto da mesa. 

Ele esfregou a mão em um dos olhos, em seguida se sentou no sofá. 

Me levantei, olhei para Katsuki e dei umas palmadas no ombro dele, indicando que eu poderia cuidar da cozinha enquanto ele tentava distrair Kota.

Normalmente são os dois que mais brincam nessa casa, porque eu sempre estou fazendo alguma outra coisa importante. 

Então, momentos como esse em que Kota está mal, trocamos as nossas tarefas - não importa qual seja - e vamos cuidar dele.

Assim que fui para a cozinha, comecei a mexer nas panelas, soltando um suspiro pelas coisas tendo se resolvido rápido, porque a comida quase queimou.

Dei uma olhada em todas as panelas, vendo que Katsuki estava preparando uma macarronada. Sendo assim, decidi ralar uns queijos, pois gosto de colocar ele por cima do macarrão. 

Contudo, quando estava indo para a geladeira pegar o queijo, quase atropelei Marley. Ele estava correndo ao redor da mesa, fugindo de Nijel exatamente.

No momento em que eles foram para a sala de estar, escutei as risadas dos de Katsuki e Kota lá, fazendo um sorriso bobo começar a surgir no meu rosto por escutar isso e não aquele choro horrível. 

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora