34°- Tiro

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Ficamos alguns minutos tentando recompor a nossa respiração, então olhamos um para o outro e sorrimos.

Havia sido uma sensação maravilhosa para ambos pelo jeito. 

Tentei me ajeitar para dormir, mas as minhas pernas estavam doendo tanto que não conseguia sair do lugar, então tive que colocar dia a minha força nos meus braços.

Nisso, Katsuki me ajeitou e se deitou de uma maneira confortável ao meu lado, aproveitando que eu estava de costas para me abraçar por trás. 

– O que acha de ir morar comigo?- Perguntou repentinamente.

– Sei lá, não acha que estamos indo muito rápido?- Segurei a sua mão e comecei a fazer carinho na mesma.

– Por mim não, pois será mais fácil para você ir trabalhar e poderemos ficar mais juntos.- Deu um beijo nas minhas costas. 

– Tá certo.- Murmurei.- Vamos levando as minhas coisas aos poucos, ok?

– Tá.- Me abraçou com mais firmeza. 

Aquela foi a noite em que eu consegui dormir mais rápido, sem ter tempo para pensar nas merdas que fiz hoje ou nos outros dias.

Meu cérebro deve estar puto por eu não ter deixado ele criar cenas fictícias na minha cabeça antes de dormir. 

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☦︎༄Dia seguinte. 
☦︎༄10:30.

Senti alguém começar a dar beijos no meu pescoço, então acordei e me espreguicei o quanto consegui. Depois, olhei para Katsuki, o qual estava usando apenas uma calça.

– Tudo bem?- Ele perguntou colocando uma das mechas do meu cabelo atrás da minha orelha. 

– Sim.- Dei um selinho nele.

– O que acha de sairmos para almoçar hoje? Não tô com muita vontade de fazer alguma comida.- Falou indo para a janela e abriu a cortina. 

Estava garoando um pouco.

– Acho que não trouxe um guarda-chuva da minha casa.- Murmurei e me levantei.

– Eu tenho no meu carro.- Avisou e fechou a cortina quando eu estava passando.- Sua louca. 

– Vai se fuder.- Bati na bunda dele e fui até o guarda-roupa.- Com que roupa eu vou?

– Vai pelada.- Disse sarcástico e abriu a cortina novamente.

– Tá bom.- Dei de ombros e olhei para ele, sua expressão era de indignidade e raiva.- Só fiz uma troca de sarcasmo.

– A bom.- Cruzou os braços, e eu levei minha atenção de volta para as vestimentas.- Coloquei as nossas roupas para lavar e passei pano na casa.

– Nossa, mas só deve ter sido possuído por uma dona de casa de noite.- Comentei rindo enquanto pegava o look que escolhi na minha cabeça. 

– Eu sempre fui assim, na verdade. Minha mãe me ensinou muitas coisas para o caso de eu me tornar independente ou algo do tipo.

– Mas, na sua casa, você não tem empregados?- Arqueei uma sobrancelha e peguei uma toalha.

– Tenho, só que são para coisas necessárias, não para fazer serviços que eu teria capacidade de fazer.- Começou a tirar os lençóis da cama.

– Legal.- Afirmei e fui para o banheiro.

– Ei, espera por mim!- Gritou, e eu fechei a porta. 

Quando estava terminando de tirar as minhas roupas, o loiro abriu a porta abruptamente e entrou, com suas roupas e uma toalha na mão. Então, ficou me olhando com uma cara feia.

– Me economiza.- Virei as costas para ele e entrei no box.- Minhas pernas ainda estão doendo e ficam cada vez mais doloridas conforme eu tento caminhar. 

– Era só pedir para mim que eu te trazia.- Falou com indiferença e começou a tirar sua calça. 

– Como se no caminho você não tivesse a ideia de fazer eu perder mais um pouco do controle delas.- Liguei o chuveiro e me enfiei embaixo do mesmo. 

A água gelada fez o meu corpo arrepiar, mas não tanto quando Katsuki segurou a minha cintura e me puxou para trás, fazendo eu ficar colada no seu corpo.

– Você reclama, mas no fundo você gostaria disso.- Beijou onde tinha mordido.

– Katsuki, quando a gente for trabalhar amanhã, vamos se controlar.- Peguei o xampu. 

– Claro, vamos estar no nosso trabalho, seria estranho ficarmos se pegando lá.- Tirou o xampu da minha mão e abriu o mesmo. 

Assim que terminamos o banho, nos trocamos e voltamos para o quarto. Nisso, Katsuki pegou as roupas de cama do chão e saiu do cômodo, enquanto eu fui passar desodorante e um pouco de perfume. 

Depois disso, fui para a sala de estar e me sentei no sofá, me perguntando mentalmente onde havia deixado o meu celular.

A partir disso, Bakugou apareceu, segurando um desodorante e seu perfume na mão. 

– Nem vi você trazer.- Murmurei.

– Fui pegar no carro hoje de manhã.- Ficou em silêncio por um tempo.- Vamos? 

Me levantei do sofá e fui na direção de Katsuki, o qual tirou a chave do apartamento do meu bolso e me entregou. Com isso, após arrumarmos algumas coisas, saímos. 

No momento em que já estávamos saindo do prédio, escutamos um grito infantil numa loja próxima dali. 

De início, parecia mais a birra de uma criança, só que quando várias pessoas começaram a ir até lá e elas também ficaram desesperadas, deu de entender que não era nada disso. 

Entretanto, o que mais me desesperou de tudo isso, foi quando Katsuki teve a ideia de ir lá ver também. Até tentei impedir, mas obviamente não consegui. 

Quando ele chegou lá, arregalou os olhos, olhou para mim e entrou em dentro do local, então todas as pessoas começaram a gritar para tentar impedir ele.

Tiro. 

Foi a última coisa que escutei antes de tudo silenciar. 

Corri para ver o que havia e senti o meu coração errar diversas batidas.

No meio da loja, estava a minha tia, parada e assustada enquanto segurava uma arma com as mãos trêmulas. Em sua frente, estava Katsuki com os braços entrelaçados no...

– Kota!- Gritei e senti uma lágrima escorrer pela minha bochecha.

Tentei correr na direção deles, mas um dos policiais - os quais eu nem tinha visto chegar - segurou o meu braço e me puxou para trás, dando espaço para entrarem.

Uma mulher mais velha me abraçou quando eu comecei a chorar de desespero e disse coisas consoladoras para tentar me acalmar; como se aquilo realmente fosse funcionar.

Assim que prenderam a minha tia, começaram a levar ela até o carro da polícia. No caminho, a mulher repetia diversas vezes a mesma frase: "Eu não queria". 

Senti um ódio surgir no meu peito e franzi meu cenho, porque mesmo ela dizendo aquilo, sua expressão era fria e seu tom de voz soava como se estivesse mentindo. 

A partir disso, uma ambulância chegou e dois caras saltaram de lá. Em seguida, após vários minutos que para mim foram de enrolação, levaram a maca para dentro da loja e colocaram Katsuki nela com todo cuidado possível. 

Kota, que agora estava rodeado de policiais perguntando diversas coisas, mantinha uma expressão de assustado em seu rosto até me ver, momento em que o choro dele foi liberado. 

Até tentei ir na direção dele, mas o mesmo policial de antes me impediu e disse que eu deveria ir junto com Bakugou para o hospital. Sem escolhas, entrei na ambulância.

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora