9°- Mulher estranha

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Levamos as coisas para a recepção, onde não demorou muito para Tsuyu vir conversar um pouco comigo antes que o emprego de Bakugou chegasse.

Aliás, ele havia ficado em silêncio desde que tivemos aquela pequena discussão lá no apartamento, a qual poderia ter sido evitada se ele não tivesse chamado as mulheres de graça.

Sinceramente, depois daquele dia com o meu chefe, pensei muito sobre mim mesma e decidi não abaixar a cabeça para mais nenhum homem, assim como a minha mãe aprendeu a fazer com o meu pai.

Bom, é uma longa história…

Mas enfim, agora vou seguir os conselhos da minha mãe, os quais não havia seguido durante muito tempo - algo que me arrependo completamente, pois teriam me ajudado muito.

– Ele chegou.- Katsuki resmungou para mim e saiu do prédio.

– Tchau então?- Tsuyu me perguntou, e eu assenti com a cabeça.

Nos abraçamos e despedimos uma da outra, depois eu, Kota e Katsuki guardamos as coisas no porta malas do carro do tal empregado do loiro.

Em seguida, entrei junto com o menino dentro do carro e fomos embora, ambos ansiosos pelo grande futuro que estava vindo para nós - principalmente para mim.

Peguei meu celular do bolso da minha bolsa e liguei o mesmo, ficando surpresa ao ver que ainda marcava 18:45.

Olhei para a janela no mesmo momento que Katsuki nos ultrapassou, sentindo um arrepio repentino tomar conta do meu corpo quando ele nossos olhos deram uma rápida encontrada.

Então eu pensei por um momento, faz sentido ele ter tido 6 namoradas na vida até agora, pois esse homem é surpreendentemente atraente.

Eu com um já estava me achando poderosa, mas perto dele é pura humilhação - se fuder, ein.

Contudo, um barulho estranho fez eu fugir dos meus pensamentos e levar minha atenção para Kota, o qual estava passando a mão na cabeça e bocejou.

– Dormi.- Falou rindo baixinho.

– Aguenta um pouquinho, tá?- Baguncei o cabelo dele.

– Legal que em menos de dois dias eu já tô indo para mais um avião, devo ter me tornado um milionário.

– Não exagera, né? Nem fui eu quem paguei as passagens.- Resmunguei.

– Acho que deveria agradecer Bakugou, aí já aproveita e pede desculpas por toda aquela discussão.- Sorriu.

– Ele que deve pedir desculpas para mim, porque eu sei o que eu estava falando, ao contrário dele.- Murmurei.

– Pode até ser, mas não acha que isso vai afetar alguma coisa no seu currículo?

– As minhas ações fora da área de trabalho não devem ser interferidas no meu currículo.

– Entendi.

Bom, muitas coisas aconteceram assim que chegamos no aeroporto - tivemos que ser acompanhados até o voo sem as nossas coisas, fazendo eu me perguntar para onde as mesmas iriam.

Mas enfim, nesse momento estamos em dentro do avião, Kota já está dormindo com a cabeça deitada no meu ombro, e eu estou com os olhos super vidrados na janela.

Por enquanto não estávamos no céu, porque alguns passageiros estavam entrando e outros ainda estavam para vir, como Katsuki.

Entretanto, quando ele entrou, eu entendi o porquê da demora; aquele homem estava mais arrumado do que antes, usando uma roupa formal e um perfume gostoso de se sentir.

Só que toda essa minha atenção nele sumiu quando uma mulher muito bonita entrou logo atrás dele.

Ela tinha os cabelos grandes e castanhos, e seus olhos eram tão azuis que qualquer homem poderia se hipnotizar. Isso tudo além do corpo de violão da mesma, o qual estava bem marcado em sua roupa "formal".

A mulher se sentou ao lado do loiro e começaram a conversar de uma maneira alegre, demonstrando a intimidade que eles tinham um com o outro.

A partir daí, parei de olhar para eles e levei a minha atenção para a janela, vendo o avião pegar voo e sentindo meu corpo todo arrepiar quando já estávamos bem longe do chão.

Isso fez eu ter um déjà vu de quando eu estava saindo de Nova York - onde fiz a minha faculdade - e vim para cá para catar um emprego legal.

Porra cara, fico até emocionada ao lembrar, pois aquela foi a minha primeira realização da vida.

Uma pena que daquela vez quase tive um ataque de pânico assim que olhei para a janela e me encontrei muito longe do chão, mas quando a aeromoça conseguiu me acalmar, nós duas rimos da situação.

Foi de fude.

Enfim, para tudo tem uma primeira vez, como minha mãe dizia quando eu fazia merda; mesmo eu apanhando depois.

Parei de pensar nisso tudo quando notei que havia alguém olhando para mim e Kota por cima do banco da frente, entretanto não me preocupei mais assim que a pessoa deu as caras.

Era a menina de cabelos brancos que havíamos visto no mercado, ela estava espiando diversas vezes Kota por cima do banco, levando bronca do seu pai - o qual possivelmente era o mesmo homem - em todos os momentos.

– Quando ele vai acordar?- Perguntou uma hora.

– Não sei.- Dei de ombros e olhei para ele.

Filho duma rapariga, estava só fingindo.

– Depois eu posso brincar com ele?- Seus olhos começaram a se encher de brilho.

– Eri!- Seu pai chamou sua atenção.

– Claro, agora acho melhor você se sentar.- Sorri, e ela assentiu se ajeitando no seu assento.

Então, encarei Kota, o qual abriu um dos olhos para ver se a menina ainda lhe espiava e depois levou sua atenção para mim, levando um susto ao perceber que foi pego no flagra.

– Você é um burro mesmo.- Falei negando com a cabeça.

– Fica quieta.- Cochichou irritado.

E assim se passou a viagem, eu implicando com Kota por ele não ser homem e ir falar com a garota, enquanto tento evitar escutar a risada alta que aquela mulher estranha soltou diversas vezes por algo falado por Katsuki.

"Ain, isso é ciúmes", enfia isso no teu cu, aposto que nem você iria aguentar escutar aquelas gargalhadas desnecessárias e forçadas.

Não, também não é inveja por ela ser rica, porque se fosse assim eu estaria olhando para aquela mulher com cara de nojo e já teria dito para ela que sua risada é igual os gritos das angolas do sítio antigo da minha vó.

O mais estranho de tudo, é que Katsuki não acompanhava o riso dela e nem forçou uma risada extravagante também, apenas tentava sorrir de canto e continuava falando seja lá sobre o quê.

Tudo isso me deu uma baita dor de barriga, a qual sumiu quando eu sei graças de ter chegado a noite e praticamente todos do avião dormiram - até mesmo aqueles dois cabeças de jaca.

Mas, enfim: Ricos.

Tipo de classe que eu não entendo.

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora