114°- Insegurança

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Fechei meus olhos fortemente, sentindo o nervosismo tomar conta do meu corpo - eu devia ter me mantido naquele carro, eu devia ter ido para outro lugar.

Comecei a me lembrar do rosto de Kota, um rosto que demonstrava que algo estava muito errado, uma expressão que faz meu corpo tremer só de me lembrar.

– Por que você foi embora do nada?! Por que simplesmente não me acordou para me avisar?!- Começou a perguntar enquanto ia de um lado para o outro.

Eu me mantive de cabeça baixa, olhando para o chão, me lembrando em seguida que havia prometido para mim mesma nunca mais demonstrar fraqueza na frente de um homem.

Mas agora não havia o que fazer, eu não valia apenas por mim mesma, tinha mais de um coração batendo em dentro de mim, esse que eu dou a minha vida e energia para manter. 

– O que te fez vir aqui?! Você está maluca, {Nome}?!- Ele continuou perguntando, e eu me mantive em silêncio.

O que eu poderia dizer? "Vi uma mensagem da sua amante no seu celular e vim aqui contar para a sua mãe e minhas amigas, porque eu simplesmente não queria resolver isso com você"?

A partir disso, percebi que haviam várias batidas na porta, gritos de mulheres e…de Kota. Ele chamava meu nome tantas vezes que fazia minha respiração sair de controle cada vez mais.

Agarrei com força a coberta da cama na qual eu estava sentada, não aguentando mais esses barulhos, essas perguntas, nada mais. Afinal, eu sou tão idiota.

Aquele caos estava fazendo a minha cabeça começar a latejar. Agora, eu só queria deixar a minha mente como antes, tão silenciosa que me faria ir para outro lugar - esse não importando ser ruim ou bom.

Foi então que senti mãos grossas e geladas em cada lado do meu rosto, me fazendo levantar a cabeça e sentir uma respiração pesada contra a minha pele. 

Abrindo meus olhos, os quais demoraram para focar na cara de Katsuki, esse que estava tão próximo e refletia uma preocupação grande o bastante para meu coração arder.

Ele tentou me beijar, mas eu desviei.

Sendo assim, ele soltou um suspiro, tirou as mãos do meu rosto e se sentou ao meu lado, e eu mantive o meu olhar na direção que o loiro havia me deixado. 

Pisquei algumas vezes, tentando acabar com o incômodo da luz do sol que começava a preencher lentamente o quarto, iluminando todo o meu rosto.

– Eu sei que você viu aquela mensagem.- Murmurou Katsuki.

É, ele sabia. 

Na verdade, ele sabia desde o início, sabia quando me fez aquelas perguntas, sabia até no instante em que me olhou da sacada do quarto daquela forma.

Se um dia eu puder entregar um prêmio de melhor ator para alguma pessoa da minha vida, certamente Katsuki teria mais um troféu para colocar no seu escritório.

– Eu não vou mentir para você, continuei conversando com aquela mulher que eu saí quando a gente terminou pela primeira vez.- Disse numa voz tranquilizadora.

Como ele conseguia se manter nessa posição contando uma coisa tão fatal dessas? Mas, ao mesmo tempo, como eu conseguia escutar aquilo sem dizer nada? 

– Não faz tempo isso, só faz uns dois dias.- Senti seu olhar em mim.- Eu não te trai em nenhum desses dias.

– Então, por quê?- Finalmente levei a minha atenção para ele.

– Eu não sei, acho que porque sou um grande merda.- Disse sem olhar nos meus olhos.- E também porque ela encomenda roupas boas para bebês. 

Fiquei lhe encarando, não conseguindo entender e nem acreditar em suas últimas palavras, porque sentia que ele não estava pensando nem um pouco no nosso bebê.

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora