73°- Demonstrado mais confiança

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☦︎༄Dois meses depois.
☦︎༄Sexta-Feira.
☦︎༄09:34.

– Não querer entrar?- Perguntei para Mina ao parar na frente de casa.

Ela havia ido me levar para tirar o gesso - havia lembrado da ocasião após Katsuki e Kota foram embora, então eles não sabem que eu saí de casa e estou livre daquele incômodo necessário. 

– Claro.- Assentiu.- Só vou colocar o carro mais para cima então, mas pode ir.

Saí do automóvel, peguei a chave da casa da minha bolsa e abri a mesma. Assim que entrei, Marley veio me encontrar, aproveitando o meu humor para receber um carinho. 

Fui para a cozinha com meus passos meio embolados, porque obviamente vai demorar um tempo para eu me acostumar com o gesso, coloquei a bolsa em cima da mesa e abri a geladeira. 

Peguei a tigela de vidro que estava com gelatina de uva e deixei em cima da mesa, em seguida peguei dois potinhos de sobremesa, duas colheres pequenas e uma grande. 

Mina entrou no cômodo no momento em que estava nos servindo, pegando o pote que acabei de encher e uma colher pequena, logo começando a comer. 

– Sua casa é muito bonita.- Afirmou ela.

– Eu sei e obrigada.- Sorri guardando a gelatina.- Você não tinha vindo aqui ainda, né?

– Não, mas a Jirou disse que veio aqui dias atrás, aí contou sobre como era e tudo mais.- Falou se recostando na pia. 

– Entendi.

– Sabe, acho que seu namorado não te contou, mas nesses dias que ele mandou você ficar fora da empresa por causa dos seus machucados, aconteceu uma baita bagunça.- Murmurou. 

– Como assim?- Arqueei uma sobrancelha. 

– Ah, ele não te contou, então não vou dizer mais nada.- Comeu o resto da gelatina e deixou em dentro da pia.

Franzi o cenho e cruzei meus braços, me perguntando o porquê dele não ter me contado nada e concluindo que quando ele chegasse em casa as coisas iriam ficar feias para ele.

Peguei meu celular de dentro da bolsa, mandei mensagem para Katsuki e em seguida para a mãe dele, combinando que hoje Kota iria posar na casa dela. 

Sempre evitamos qualquer tipo de discussão perto do menino. Sendo assim, ele já deve estar preparado para o que vai vir. 

– Enfim, eu já vou indo, tenho um encontro hoje.- Me mandou uma piscadela.

– Imagino que seja com o Kirishima.- Fiz uma cara de malícia.

– E está certa.- Riu.- Depois daquele dia em que nos encontramos no restaurante, começamos a conversar e nos aproximar. 

– Eita, será que hoje rola alguma coisa?- Perguntei e finalmente comi o resto da gelatina.

– Acho que sim.- Seus olhos me seguiram quando coloquei a louça suja na pia.- Não brigue com o Bakugou e, por favor, não diga que fui eu quem te contei. 

– A primeira coisa eu não garanto, e a segunda eu nem pensaria em fazer.- Me aproximei dela e coloquei minha mão no seu ombros.- Mas obrigada por ter me contado.

– De nada, eu acho.- Deu de ombros e nos abraçamos.

Alguns minutos depois, eu estava sozinha de volta, deitada na rede do quiosque do quintal e olhando para as nuvens de chuva se aproximando cada vez mais.

O tempo tem estado muito louco ultimamente.

Passei as minhas mãos pelos meus cabelos, olhei para o telhado e engoli em seco ao ver uma cobra enrolada em uma das madeiras que sustenta o telhado do quiosque. 

Rapidamente me levantei, temendo que ela caísse em minha cabeça, e corri para dentro de casa. Então, liguei para o Corpo de Bombeiros Militar avisando sobre o encontro e depois só esperei.

Minha respiração estava falha por conta do susto e dos pensamentos que surgiram na minha mente, como: e se Kota estivesse brincando lá e não tivesse percebido? Ou Katsuki? Ou Marley? Ou até eu? 

Aquele quiosque se encontrava "abandonado" faz um tempo, porque nós nos concentramos melhor em arrumar a casa e acabamos esquecemos do resto do local. 

Apenas hoje que me lembrei e decidi estender a rede lá. 

Havia percebido a grama alta do quintal, além dos musgos e sujeitas espalhados pela área, mas estava com preguiça demais para fazer alguma coisa. 

Levei um susto quando escutei alguém bater na porta. Marley começou a latir e chorou quando comecei a me aproximar da mesma.

Fechei um dos olhos e dei uma olhada no olho mágico, vendo quatro homens vestidos de bombeiros e o automóvel dos mesmos logo atrás.

Abri a porta, cumprimentei os mesmos e dei espaço para entrarem, em seguida respondi suas perguntas sobre onde estava a cobra e tudo mais enquanto levava eles até lá.

Quando chegamos no quiosque, ela já estava em uma madeira mais próxima da luz, fazendo todos nós sabermos que era uma víbora.

Mordi meu lábio inferior e coloquei a mão no meu peito, agarrando com força a camisa enquanto olhava eles retirarem ela com cuidado de lá, agradecendo por tê-la visto antes de um acidente ter acontecido. 

– O que aconteceu?- Levei um susto ao escutar a voz de Katsuki atrás de mim.

– Ela encontrou uma víbora.- Afirmou o bombeiro que estava ao meu lado.- Você deve ser o marido dela, né?

– Futuro marido, por enquanto sou só o namorado.- Resmungou cruzando os braços.

– Ata, entendi. Bom, já estamos quase terminando aqui, iremos soltar ela de volta na natureza após examiná-la e termos certeza de que está bem.- Sorriu.

– Tá.- O loiro murmurou e voltou para dentro de casa. 

Ele está do jeito no qual eu esperava que estaria: sério o bastante para esconder seu nervosismo das outras pessoas, mas não de mim.

Os bombeiros foram embora menos de 10 minutos depois, agradecendo por eu tê-los chamado antes de saírem, pois a maioria das pessoas normalmente mataria uma cobra dessas. 

Quando fechei a porta da casa, soltei um suspiro e me virei, vendo Katsuki escorado no balcão, sem camisa de braços cruzados e com seu cenho um pouco franzido enquanto me encarava. 

– É bom te ver sem aqueles gessos.- Afirmou.

– É.- Resmunguei.

– Vamos, pode começar.- Se aproximou, pegou sua camisa jogada na cabeceira do sofá e colocou no seu ombro.

– Me disseram que a empresa ficou a maior bagunça depois de eu ter ficado esse tempo fora, é verdade?- Arqueei uma sobrancelha.

Ele ficou um tempo em silêncio, ainda me olhando.

– Quem te disse isso?- Franziu mais o cenho. 

– Sou eu quem faço as perguntas.- Dei um passo à frente.- É verdade?

– Sim.- Assentiu.

– E por que você não me contou?

– Porque eu sabia que você iria querer voltar para a empresa.- Se apoiou com uma das mãos no sofá.

– Isso é óbvio! Você quer manter aquela empresa em pé custe o que custar, e eu quero te ajudar nisso!

– Mas você não ia ajudar em nada com aqueles gessos! E eu iria me sentir muito mal vendo a minha mulher sofrendo só para manter a porra de uma empresa! 

– Katsuki! Eu conseguiria te ajudar de qualquer forma! Lá tem as meninas e elas me dariam todo o apoio possível para isso!- Coloquei as mãos nos seus ombros.- Eu te entendo, mas você também precisa me entender. 

Eu não preciso brigar com ele.

– Você precisa me dizer as coisas, confiar em mim e no meu potencial como um chefe de verdade e meu futuro marido.- Sorri.

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora