59°- Quase foi o fim

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Após me deixar no chão, Katsuki me virou de frente para ele, fazendo eu ver com raiva e clareza a sua expressão - a qual era uma junção de braveza, indignação e surpresa.

– Como- Lhe interrompi ao dar um tapa na sua cara.

– Você é um idiota! Como pode me iludir daquela forma! Pensei que tinha ido ver apenas o seu pai naquele dia! Mas não foi só isso, né?!- Gritei dando empurrões nele.

– Do que você está falando?- Ele arqueou uma sobrancelha, agora ficando muito assustado.

– Pergunta para ela.- Apontei para a sua ex.

– Katsuki, o que é isso?- Mitsuki perguntou depois de pegar o celular e ficar encarando a foto.

– Ah é! Melhor ainda! Olha a porra aquele celular!- Falei ríspida e dei um soco no peito dele, em seguida indo para o quintal chamar Kota.

Quando cheguei lá, senti o meu peito doer por ter que estragar a sua felicidade, pois ele parecia estar muito alegre por estar brincando com as outras crianças.

– Kota!- Chamei ele com a minha voz se tornando chorosa.- Vamos para casa.- Falei quando ele levou seu olhar para mim.

Ele se desanimou, mas pareceu perceber a minha tristeza, já que se despediu rapidamente de seus amigos, veio até mim e segurou a minha mão antes de sairmos daquela casa.

Fui o caminho inteiro até o carro me achando uma completa idiota e sem noção, pois o que era para ser um dia perfeito para todos, foi uma desgraça por minha causa.

Bom, não totalmente por minha causa.

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Quando cheguei em casa, mandei Kota tomar um banho - já que ele estava um pouco sujo por brincar na grama - enquanto eu ia para o meu quarto fazer a mesma coisa.

Peguei a toalha, minha roupa íntima, uma camisa grande e velha, junto com um short de moletom preto e curto.

Assim que entrei no banheiro, deixei as coisa em um lugar que não molhasse, me olhei no espelho, apoiei minhas mãos na pia e comecei a chorar, pensando que talvez as lágrimas pudessem amenizar um pouco a minha dor.

Olhei para as minhas mãos cheias de sangue, suspirei e depois comecei a tirar toda a minha roupa, sentindo um pouco de dores na minha perna na hora de tirar a calça.

Depois que entrei no box e liguei o chuveiro, senti o meu corpo todo arrepiar quando a água inicialmente gelada começou a escorrer por todo o meu corpo.

Enfim, passei todo o banho pensando no acontecimento que nem me dei conta de quando acabei o mesmo, ficando um pouco desanimada por não estar aproveitando mais nada por isso.

Assim que me sequei, coloquei a minha roupa e sai do banheiro, levei as minhas roupas para a lavanderia, joguei em dentro da máquina e depois fui para a cozinha começar o nosso almoço.

Pensei em fazer a primeira coisa rápida que veio na minha mente, pois conhecendo Kota, ele logo estaria vindo aqui me falar sobre como a sua barriga ronca rápido quando está com fome.

Pensando no menino, ele logo apareceu, foi até a geladeira e pegou uma bala, em seguida indo embora da cozinha comendo a mesma.

Passei as mãos pelos meus cabelos e amarrei os mesmos, depois peguei uma panela, enchi de água, liguei uma das bocas do fogão e coloquei a mesma lá.

Depois, peguei a carne do freezer, coloquei a mesma em um pote próprio para esquentar e levei para o microondas, ligando ele nos minutos certos.

Depois disso, fui até a geladeira, peguei alguns temperos e levei eles até a pia, em seguida peguei a placa de madeira e comecei a pegar os mesmos.

Fazer tudo aquilo pareceu ser uma terapia para mim esquecer os meus problemas, pelo menos até escutar alguém abrir a porta e bater a mesma ao fechar.

– {Nome}, por favor.- Katsuki disse chorando e me virou de frente para ele.- Me escuta, olha, tudo o que ela falou era mentira.

– Como vou acreditar?- Franzi o cenho.

– Porque você me ama, mulher. Você sabe que eu nunca seria capaz de fazer isso.- Colocou as mãos nos meus ombros.- Nunca mais tive contato com aquela mulher desde que terminamos.

– Então por que aparece as pontas do seu cabelo na foto?

– Porque ela editou e isso está na cara.- Começou a chorar mais e se ajoelhou, em seguida abraçando as minhas pernas.- Depois que vi meu pai, eu voltei para casa.

– E como eu posso saber que é verdade? Que você não está fazendo nenhuma cena?- Arqueei uma sobrancelha.

– Porque-

– Porque eu fui junto.- Kota interrompeu surgindo na cozinha.

Ninguém falou mais nada, o único barulho dali era do choro de Katsuki, da água fervente da panela e do microondas que logo apitou.

– Você foi junto?- Perguntei para Kota para ter certeza.

– Sim.- Assentiu.- Aquele dia ele foi muito gente boa comigo, então eu queria trocar o favor e ir lá vê-lo.

Novamente ficamos quietos, então eu soltei um suspiro e coloquei as minhas mãos na cabeça de Katsuki.

– Kota, pode nos dar licença?- Pedi, e o garoto assentiu e saiu.- Levanta.

Nisso, com um pouco de esforço, ele se levantou e ficou me encarando com a sua cara de tristezas, com seus olhos um pouco vermelhos e brilhando de tanto chorar.

– Você acredita em mim agora?- Colocou as mãos na minha cintura.

Eu levei as minhas mãos para os seus ombros e vi pelo canto do olho Kota nos espiando, me dando conta de que ele também havia começado a chorar agora.

Tá, com esses dois chorando não tem como dizer que é mentira.

Com isso, dei um beijo rápido no homem e assenti com a cabeça, ficando feliz internamente quando ele me puxou para um abraço extremamente forte e carinhoso.

Retribui deixando o meu rosto enterrado na curvatura do seu pescoço, sentindo o seu alívio se misturar com o meu e o de Kota, o qual também se juntou ao nosso abraço.

Juro que poderia ter ficado mais tempo naquele abraço, mas tive que voltar a minha atenção para o almoço quando a barriga de Kota roncou alto repentinamente.

Katsuki pegou o pequeno no colo, e eu sorri ao perceber que os dois estavam sorrindo alegremente de volta, mas ainda me sentia culpada por ter acabado com o belo encontro de família.

Foi então que escutamos batidas na porta, em seguida o loiro foi atender e soltou uma risada alta enquanto parecia deixar uma multidão inteira entrar em dentro da nossa casa.

É, parece que o dia ainda pode ser bom mesmo depois de toda essa merda, principalmente porque aquela guria não estava junto com o resto do pessoal.

𝔒 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬 𝔫𝔬𝔰 𝔰𝔲𝔯𝔭𝔯𝔢𝔢𝔫𝔡𝔢 Onde histórias criam vida. Descubra agora