Já tem duas semanas desde que comecei a frequentar a universidade, hoje o dia foi bem tranquilo. Ultimamente eu ando muito estressada, Nicolae quer que eu vá caçar com eles mas eu não gosto de sangue de animais, só bebo quando não tem jeito, igual a vez que eu estava no parquinho, e até hoje me sinto mal pelo esquilo.
Parece até que eles acham que eu vou machucar alguém.
Lian me deixou na mansão dos Bartholy e eu passei o resto da tarde brincando com a Lorie, nós conversamos e ela parece ja entender que apesar de eu a amar muito, eu também convivo com outras pessoas.
Aproveite e perguntei de onde vinha a melodia melancólica que escutava durante a noite, e fiquei surpresa de saber que era o Peter que tocava toda noite. Ele toca tão bem, as músicas são tristes mas muito bonitas.
Em seguida eu fui para meu quarto, comecei a me despir enquanto a banheira enche, estudar é simplesmente exaustivo.
............
Eu vejo o quarto que estou, mas ele parece diferente, tem mais coisas antigas e as paredes são cheias de desenhos feitos a mão, os móveis são os mesmos, todos nós mesmos lugares, somente as cores são diferentes. Percebo então que há uma garotinha na cama, ela dorme feito um anjinho, então ouço duas batidas na porta.
A menina abre os olhos lentamente, a porta se abre e uma mulher entra. Me dou conta de que não posso ver o rosto de nenhuma das duas. A mulher usa um vestido longo de época lindo, ela caminha até a menina.
--- Bom dia meu amor!--- A moça diz e dá um beijo na testa da menina e senta ao seu lado na cama.
--- Mamãe!--- A garotinha se joga em teus braços quando percebe de quem se trata.
A mulher abraça a menina em seus braços. Meu coração se aperta e eu quero chorar.
--- Eu senti tanto sua falta....--- A menina diz meio chorosa.
--- Eu também minha princesa.
--- O papai fica mais bravo quando você viaja.--- A menina fala.
A mulher ri.
--- Por que diz isso? Ele brigou com você?
Ela balança a cabeça em sinal de negativo.
--- Ele não briga comigo, sou uma gracinha.
A mulher ri ainda mais.
--- Tá.... As vezes ele briga, mas ele não fica tão bravo comigo igual ele fica com os outros.
--- O seu pai não tem muito alto controle quando se trata de sua raiva, ele tem uma posição muito importante e não é muito sábio irrita-lo. Mas apesar de tudo, Viktor ama você.... E a mim também.
--- Corinne! Viktoria!
Ouço uma voz famíliar vindo do corredor, seguida por passos imperceptíveis aos ouvidos humanos. Quando estou prestes a ver quem é a pessoa, tudo some, vejo apenas a escuridão.
..............
Acordo assustada, percebo que ainda estou na banheira. Eu peguei no sono e tive aquele sonho estranho.
Me levanto e saio da banheira, me seco e me enrolo na toalha, coloco o pijama que se encontrava encima da cama e me jogo na mesma. Que sonho foi esse?
Lágrimas começam a escorrer pele meu rosto quando me lembro do sonho, meu coração se aperta de uma forma como nunca antes. Por que eu sinto isso? É como se eu estivesse com saudades de algo, algo que eu não faço ideia do que seja. Mas o que tem haver com esse sonho? Eu estou triste mas o sonho era feliz.... Não era?
Olho para o relógio e vejo que já é de madrugada, ouço a melodia melancólica, que agora sei quem a produz.
O tempo passa e eu não consigo dormir, além de ficar lembrando daquele sonho, está me dando sede, nem me lembro quando me alimentei a última vez. Preciso de sangue.
Olho no estoque de sangue que tem no meu quarto e vejo que está vazio, eu havia trago quando vim, os Bartholys se alimentam de sangue animal e eu particularmente não gosto. Eu não ataco humanos mas tomo sangue de bolsas dadas por doadores, exceto quando a pessoa deixa que eu me alimente por livre e espontânea vontade, coisa que só acontecia quando a pessoa me conhecia, juntamente com minha condição.
Não conseguindo mais aguentar, eu saio do quarto, caminho pelo corredor silêncio na qual só se escuta a melodia tocada por Peter. Eu seco meu rosto ainda sentindo uma pontada no coração.
Desço as escadas e quando passo em frente ao escritório e então vejo Viktor de costas olhando pra janela.
--- Você não devia estar dormindo?--- Ele pergunta sem ao menos se virar.
--- Eu...
Ele se vira e me olha.
--- Está com sede?--- Ele pergunta.
Percebo que ele segura uma taça na mão. Provavelmente sangue.
Ele caminha até um armário e pega duas bolsas da sangue e estende em minha direção. Eu fico com um pouco de receio e não pego, vai que ele quer me envenenar, ou pior, vai saber o que aconteceu com o dono do sangue.
--- Antes que você pergunte, é sangue humano e não, eu não matei ninguém, tenho doadores também.--- Ele diz e se aproxima.
Ele caminha e para na minha frente.
--- O que houve?--- Ele pergunta.
--- Nada! Por que?
Ele me observa, deixa a taça na mesa e leva sua mão livre até meu rosto, afagando minha bochecha. Gelo na hora.
--- Estava chorando?--- Ele pergunta.
Por que ele está agindo assim? Carinhoso e.... Preocupado?
--- Não.--- Digo.
Ele me examina e se afasta ao perceber meu desconforto.
--- Amanhã você tem aula, melhor ir dormir.--- Ele diz e coloca as bolsas de sangue em minha mão.
---.... Obrigada.--- Falo já saindo de lá.
Sinto o peso do seu olhar atrás de mim e saio de lá. Começo a caminhar até a cozinha.
Que bizarro.
Entro na cozinha e me sento no balcão, abro uma das bolsas e levo direto pra minha boca, alguns segundos depois e ela já está vazia, jogo o plástico vazio no lixo ao lado repetindo o mesmo procedimento com a segunda. Estava tão bom, e agora minha boca e queixo estão todos sujos de sangue.
Ouço um barulho e olho pra porta, vejo Sofia que parece ter levado um susto.
--- Sofia?--- Pergunto.
Alguns segundos depois ela entra na cozinha lentamente.
--- Desculpa você.... Me assustou...--- Ela diz.
--- Me perdoe não foi intencional.--- Digo.
Ela me olha ainda assustada.
--- O que foi?--- Pergunto.
--- Você..... Estava se alimentando?--- Ela pergunta com receio.
Eu balanço a cabeça em sinal de positivo.
--- Há.... Com o que exatamente?
O que ela está insinuando? Que eu matei alguém?
--- Por que? Acha que eu matei alguém?--- Eu pergunto irritada.
Ela continua em silêncio.
--- Já entendi.--- Me levanto e ando em direção a porta.
--- Anelise esper.....
Uso minha velocidade e paro no início da escada, volto a caminhar lentamente.
Por que eles acham tão errado tomar sangue humano? Também não é errado matar animais indefesos? Que saco! Não é como se eu fosse matar uma pessoa, muito pelo contrário, eu nunca machucaria uma pessoa, ainda mais indefesa.
Eu estou tão irritada, e não é só pela Sofia, Nicolae e os outros teimam em tentar me levar pra caçar com eles desde que vim pra cá. Eu caminho pelo corredor agora silencioso. No momento sou capaz de matar um.
--- Anelise?
Já em frente ao meu quarto, ouço uma voz conhecida que me faz virar.
Vejo Peter no final do corredor próximo ao seu quarto, ele me observa parecendo surpreso e preocupado.
--- O que estava fazendo?--- Ele pergunta se aproximando.
--- Me alimentando?--- Digo.
Já perto ele me observa, eu ainda não limpei o sangue em meu rosto e tenho certeza de que meus olhos estão vermelhos.
--- De que?--- Ele pergunta.
É piada?
--- De sangue?--- Respondo com tom de deboche.
Ele parece não ter gostado.
--- E da onde saio esse sangue? Não é por nada mas não tem cheiro de sangue animal.
Ele acha que....
--- O que você quer dizer?!
Ele fica com uma expressão meio triste.
--- Acha que eu ataquei alguém?--- Pergunto chateada e nervosa.
Ele realmente acha que eu faria isso?
Ele fica em silêncio, igual a Sofia, o que deu neles?
--- Ok, eu já entendi....--- Digo segurando as lágrimas.
Eu me viro e abro a porta do quarto.
--- Anne...--- Ele segura minha mão.--- Eu não quis dizer isso....
Eu olho pra ele.
--- Sim você quis.--- Falo.
--- Me desculpe.... Eu...
Me soltei de sua mão e entrei em meu quarto fechando a porta com força.
Eu estou ainda mais triste, me sinto tão mal por ele pensar aquilo de mim, e não tenho certeza se me sentiria dessa mesma forma se fosse outra pessoa, pois não dois tanto quando Sofia quem disse, e não sei o porquê, só sei que ele tem mais poder sobre mim do que eu gostaria de admitir.
Vou ao banheiro e me limpo rapidamente com água e sabão.
Eu me deito e tento dormir, depois de muito tempo acabo pegando no sono. Eu tenho um pesadelo na qual eu não me lembro e acabo acordando num pulo.
Sinto a presença de alguém e me sento rapidamente na cama, olho ao redor e vejo a colheita de alguém próximo a janela.
--- Quem está aí?--- Pergunto.
Não vejo o rosto da pessoa, está escuro dentro do quarto. A pessoa então começa a caminhar em minha direção lentamente até que me surpreendo ao perceber quem é.
--- Peter?
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Uma Bartholy?
FanfictionDesde que nasceu, Anelise nunca foi uma garota normal, via e ouvia o que ninguém mais podia. Quando seus pais morreram anos atrás, foi transformada em vampira junto com seus irmãos, mas por obra do destino se viu sozinha por causa de desentendimento...