Cap 25 - O que deu nele?

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 Boa leitura!  

   Peter me leva para fora da floresta ignorando totalmente meus protestos, no meio do caminho encontramos Drogo e Sofia, e ele explicou o que havia acontecido, Drogo então disse que avisaria Nicolae e que nos encontraria depois.

   O que ouve agora a pouco não sai da minha cabeça, não sei explicar o que aconteceu pra falar a verdade, foi como se estivéssemos ligados, como se nos conhecêssemos até. Mas não faço a menor idéia de quem possa ser esse lobo, o único lobisomem que eu conheço é o professor de mitos e lendas mas ele não tem esse cheiro, é diferente, é com certeza outra pessoa.
   Perdida em pensamentos, não percebo que já estamos parados, não vi quando Peter parou de correr. Olhei para cima para o rosto de Peter, ele me observava parecendo pensativo.
- Você está bem?- Ele pergunta.
- Sim.... Eu estou.
- Tem certeza? É que você está pálida.- Ele diz.- Mais que o normal...
- Acho que foi o susto.- Digo.
- Já está tudo bem... Não precisa se preocupar, eu protejo você.
   Eu sorrio.
- Fico lisonjeada... Mas... Você já pode me soltar. - Digo.
   Ele sorri e me coloca no chão.
- Desculpa...
- Tudo bem.- Me inclino e deposito um beijo em sua bochecha.
- Atrapalho?- Drogo pergunta saindo da floresta.
- Não....- Respondo.
- Drogo, deixa eles.- Sofia diz ao seu lado.
   Ele faz uma careta.
- E então? Você falou com o Nicolae?- Peter pergunta.
- Ele mandou a gente entrar e cuidar das meninas.- Drogo diz.
- E ele?
- Ele ficou furioso, disse que iria dar uma volta pra ver se encontra o lobo.
   Nem imagino como ele deve ser quando está irritado, ele tão calmo, imagino que fique parecido com a Amélia, pessoas calmas tem a tendência a estourar em situações de muito estresse, já perdi a conta de quantas vezes a Amélia ficou brava comigo, ela vira do avesso.
- É melhor a gente entrar então.- Peter diz.
   Todos concordamos, andamos em silêncio para a mansão, Peter caminhava ao meu lado tentando segurar o impulso de pegar minha mão. Não resisti e entrelacei meu braço no dele ignorando totalmente o peso do olhar de Drogo sobre nossas costas.
   Peter me olha surpreso e então sorri. Olhamos para frente e continuamos andando como se nada tivesse acontecido, até que entramos na mansão, meu celular vibra em meu bolso, me deparo se Peter para ver a mensagem que havia chegado.
- Já volto.- Digo.
   Antes de sair de lá percebo Drogo e sua carranca. Entro na sala de jantar e abro a mensagem.

   "Eu preciso falar com você, você se incomoda se eu for aí te ver?🤔"- Lian.

   "Não. Mas é sobre o que?"- Respondo.

   "Não dá pra falar por mensagem, te falo quando chegar aí."

   "Tá bom, vou ficar te esperando😘"

   "😘🤗"

   "Ah! Espera! Me faz um favor?😇"

   "Qual?"

   "Tem um livro em cima da minha escrivaninha, você poderia pegar pra mim? Eu esqueci de pegar."

   "Tá, eu pego."

   "Obg😘"

   Guardo o celular e volto para o hall, não vejo mais ninguém aqui em baixo, então subo as escadas e vou direto para meu quarto. Que tarde estranha eu tive hoje.
   Eu podia ir ver o Peter, acho que ele não iria se incomodar se eu fosse. Mas pensando bem, eu não tenho um motivo pra falar com ele, não um de verdade, na real eu só queria ficar com ele, conversar ou ouvi-lo tocar piano, mas talvez ele não goste, quer dizer, eu posso estar enchendo o saco dele sem saber.
   Daqui a pouco o Lian chega, melhor eu ficar no meu quarto esperando ele.
   Tiro minhas botas e jogo em qualquer canto, me dirijo para o banheiro, tiro minhas roupas e entro embaixo do chuveiro, tomo um banho rápido e me enrolo na toalha. Já no closet, coloco um conjunto de pijama, uma calça e uma regata de poá.
   Volto para o quarto e desmancho a trança que prendia meu cabelo, o deixando solto, a única coisa que não tirei foi o cordão com as alianças minhas e do Matteo que se encontra em meu pescoço e o anel misterioso.
   Me sento na beira da cama, nessas horas era sempre o Matteo quem levantava meu ânimo e nos últimos tempos eu daria tudo pra tê-lo aqui me embalando para dormir como costumava fazer, mas agora é diferente, queria que Peter estivesse aqui. Me pergunto se ele também sente isso, essa vontade vê-lo o tempo todo, e essa necessidade de tê-lo a todo momento.
   Depois de tudo que eu houve eu pensei que nunca mais me apaixonaria por alguém, o mundo da tantas voltas.
- Tu imagen me llegó, con su magia, su perfume y su color.....- Comecei a cantarolar uma velha canção.- Siempre estarás en mí, creciendo juntos aprendemos a vivir.... Siempre estarás en mí, tiempo que pasó, y nos llevó....
- Faz tempo que você não canta assim....
   Olho para a porta e vejo Lian me olhando.
- Assim como?- Pergunto ignorando o fato dele ter entrado sem bater na porta.
- Deixa pra lá, não é nada.- Ele diz e caminha em minha direção.
- Se você diz... Mas então, sobre o que queria falar?- Pergunto quando ele se senta ao meu lado.
- É complicado.... Não sei como dizer isso...
   Ele está me preocupando.
- Como assim? Aconteceu alguma coisa?- Pergunto preocupada.
- Não, não é nada sério.... É que...
- Fala logo!- Digo.
   Ele suspira.
- Euachoqueestouapaixonado.- Ele diz.
- O que? Eu não entendi, fala mais devagar.
- Eu... Acho que estou apaixonado....- Ele diz olhando para baixo.
- Eu não acredito....
   Ele me olha, tenho certeza que meu rosto transparece o quanto estou chocada, ele parece prestes a dizer algo mas o interrompo com uma crise de risada.
- Por que está rindo? Isso não é engraçado.
- É sim! Sabe quando eu te vi apaixonado? Nunca.... - Digo rindo.- Aliás, quem é a sortuda?
- Esse é o problema...
- Como assim problema? Ela não sente o mesmo?
- Eu não sei, não falei com ela ainda.- Ele diz.
- Por que?
- Ela é humana.... E eu a adoro mas.... Olha pra mim, a sombra do rapaz que eu fui um dia, se ela soubesse o que eu sou acha que teria alguma chance?
   Fico em silêncio.
- Viu só.- Ele diz.
   Seu olhar é melancólico, nunca o vi assim, reclamando da nossa condição de vida, nem sei como ajudá-lo mas posso tentar fazer algo, quer dizer, quando virei vampira ele foi muito importante para eu me acostumar com isso, toda a dor daquele momento foi preenchida pelo amor e carinho que ele me transmitiu, eu perdi minha humanidade e havia ganhado um irmão, o conheci depois de Matteo e mesmo assim ele foi quem mais me compreendia.
   Se tem uma coisa que eu aprendi, foi que quando viramos vampiros não nos tornamos monstros, continuamos sendo a mesma pessoa atrás da pele fria, do coração parado, das capacidades sobrehumanas e da sede insaciável, não mudamos quem somos mas sim o que somos. Mudamos quem somos com o passar do tempo, ficamos melhores, amadurecemos diante dos problemas, posso não pensar assim sempre mas foi o que aprendi.
- Lian...- Me aproximo dele.- Você não é um monstro, você é um vampiro. Ou você me acha um monstro?
   Ele me olha, seu olhar se suaviza, sua mão se aproxima e segura meu rosto.
- Você está bem longe de ser um monstro Anne...- Ele diz.
- Você também....- Digo.
- É diferente, você ainda é humana.
- Você sabe muito bem que não é assim, pode parar por aí, a dramática aqui sou eu!
   Ele finalmente ri e eu sorrio.
- Você não precisa ser humano para alguém gostar de você, basta ser você mesmo. Que garota não gostaria de você, quer dizer, você bonito, gentil, atencioso, divertido, cavalheiro e um excelente amigo.
- Olhando por esse lado....
- A propósito.... Quem é ela?- Pergunto.
- Promete que não vai rir?
- Sim prometo.
   Depois de alguns segundos ele finalmente responde.
- Brenda.
- Que?! A Brenda?!
- Eu sei, não me pergunte como mas é ela.
- Vocês vivem discutindo.... Eu nunca pensei que vocês formassem um casal....
- Como eu disse antes, ela não sabe.
- Então você tem que falar pra ela! Urgentemente! Estou tão feliz, meus dois melhores amigos juntos..... Nunca imaginei isso.
- E se ela não sentir o mesmo?
- Você vai ter que descobrir.
- Tem razão, mas mesmo assim eu fico feliz de saber que você não é contra.
- E por que seria? Eu estou super feliz, você precisa falar com ela.
- É mas antes disso, acho que precisamos nos conhecer, nós mal nos falamos sem brigar. Me pergunto como me apaixonei por ela, mas.... Acho que ela é a pessoa certa, ela é tão diferente das garotas que pensei que me interessavam.
- Ah é?
- Ela é moderna, não tem nada haver com as damas que costumava cortejar. E adora me irritar, e eu também adoro deixá-la nervosa.
- Disso eu já sabia.... Agora, cá entre nós, o que você diria para ela agora?
- Palavras são incapazes de expressar todo sentimento que tenho por você, eu estou completamente apaixonado por você.- Ele diz e então olha pra mim.- Eu te amo.- Ele fala e percebo que a última frase foi para mim pela forma manhosa que ele reserva apenas para mim.
- Eu também te amo.- Digo da mesma forma.
   Ele sorri e nos abraçamos, somos perfeitos irmãos, acho que não seria eu mesma sem ele aqui.
- Mas então.... E você?- Ele pergunta quando nos separamos.
- O que tem eu?
- Eu reparei nessas últimas semanas e..... Você e o Peter estão bem próximos né...
- Ah é? Não tinha reparado.- Digo dando de ombros tentando não parecer incomodada.
- Ah não? É que esses dias ele parecia preocupado com você.... Ele.... Me perguntou quem era Matteo....
   Fico em silêncio, não falo sobre ele com ninguém, me lembro de ter dito seu nome em voz alta e o Peter ouvio.
- Eu queria saber se você está bem, eu nunca mais ouvi você falar esse nome e fiquei preocupado.
- Você não tem que se preocupar com nada, eu estou bem.- Digo.
- Tem certeza?
- Eu acho que sim....
- Mas.... Você falou sobre o Matteo para o Peter?- Ele pergunta.
- Não exatamente.... Eu estava me arrumando de manhã e encontrei isso nas minhas coisas.- Digo segurando as alianças que se encontram no cordão.- E me lembrei de.... De quando ele.... É....
   Ainda é muito difícil lembrar dele, falar sobre Matteo ainda machuca mas já tem muito tempo, eu preciso me desprender do passado, desde que Peter e eu começamos a ter alguma coisa sinto que tenho de pensar no agora. Matteo com certeza gostaria que eu seguisse minha vida, e eu já enrolei por cento e vinte e um anos.
- Me lembrei de quando ele me pediu em casamento....- Sorrio com as lembranças, meus olhos se enchem de lágrimas.- Eu ouvi alguém me chamar e pude jurar que ouvi sua voz, então disse seu nome. Mas na verdade quem havia me chamado era Peter, não sei explicar mas a forma que ele pronunciou meu nome era a mesma que Matteo usava, a mesma entonação gentil e carinhosa....
- Ah então foi isso....
- É foi só isso.
- Só uma coisa, você disse que estava se arrumando certo? Mas..... O que ele fazia no seu quarto? Quer dizer, vocês dois não...- Ele  arregala os olhos olhando pra mim.- Vocês...
   Meu rosto queima de vergonha, desvio o olhar do dele.
- Anelise! O Drogo sabe sobre vocês dois? Ele sabe o que o irmão dele anda fazendo com você?- Ele me olha parecendo indignado.
- Não.... E não me olhe assim, não fizemos nada indecente!- Me defendo.
- Já faz quanto tempo?- Ele pergunta.
- Algumas semanas.....
- Algumas semanas desde quando?
- Desde o mês passado....
- O que? Quando pretendia me contar?
- Eu não sei tá legal! Aconteceu tão rápido.... Nem sei como vou falar com o Drogo...
- Quando vão falar com ele? Não sei se percebeu mas não pega muito bem vocês dois.... Pra todo mundo vocês são... Você sabe.... Irmãos...
- Nós não somos irmãos!- Digo nervosa.
- Eu sei mas já pensou o que os outros vão dizer?
- Eu não tô nem aí pro que vão dizer.- Falo.
   Ele me olha por um momento.
- Por isso você não está tão abalada por ter falado sobre Matteo..... Você realmente gosta dele né?
- Sim...
   Ele então sorri.
- Então fale com o Drogo, se vocês se gostam precisam ficar juntos. Sabe quanto tempo faz que eu não te vejo assim?
- Assim como?
- Com esse brilho nos olhos....
                         ....................
   Lian acaba de ir embora, eu fecho a porta de entrada e subo as escadas com o livro nas mãos, ele havia deixado ele no carro. Vejo Peter indo para seu quarto, então me apresso para o alcançar.
- Peter.- O chamo mas ele continua andando.
   Que estranho, corro em sua direção e o chamo mais duas vezes sendo ignorada, chego perto dele e seguro seus mão o fazendo parar.
- Peter espera!- Digo.
   Ele se vira ficando de frente para mim, seu rosto está sério, nunca o vi assim.
- Você não me ouvio?- Pergunto.
- Sim eu ouvi.
- Então por que não respondeu? Bom não importa.... Quero te contar uma coisa!- Digo com um sorriso.
   Ele não me responde e continua sério.
- Peter está tudo bem? Por que você está bravo?
- Eu estou bem, agora eu vou para o meu quarto....- Ele diz e puxa sua mão sem se importar em ser ríspido.
- Espera...
- Eu não quero falar com você... Com licença....- Ele diz e caminha para seu quarto.
- Mas Peter... O que houve?
- É melhor você ir dormir.- Ele diz.
- Por que você está me tratando assim? Eu disse alguma coisa que o incomodou?
- Por favor me deixe em paz!
   Fico em silêncio parada no meio do corredor, ele então olha para mim e seu rosto se suaviza um pouco.
- Eu entendi tudo.... Você podia ter me falado...- Ele diz já de frente para sua porta.
- Do que você está falando?
   Ele suspira.
- Apenas não me procure mais.
- O que? Por que?- Perguntei ele me ignora e entra em seu quarto.
   O que deu nele?

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