Capítulo 95

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Peter on

Ainda não havia digerido todas as informações que Anelise havia dito. Cada palavra, cada afirmação, pareciam mentira de tão absurdas. Viktor Bartholy é meu pai, disse ela. De uma forma tão natural que por um momento, percebi que falava com uma estranha. Não era a mesma Anelise que eu havia conhecido, a Anelise que eu havia me apaixonado.

Tudo parecia tão absurdo, tão surreal. E quando terminei de ouvir sua história, tudo o que consegui foi dizer que precisava de um tempo e deixá-la sozinha. Precisava pensar e não me dei conta do que meus atos lhe passaram. Me amaldiçoei por ter sido um idiota, cinco minutos depois de tê-la deixado voltei para procurá-la, mas ela já tinha companhia.

Depois de vê-la com Oliver, percebi que não me importo nem um pouco por ela ser filha de Viktor, isso não diminui o quanto eu a amo, nem o ciúmes que eu sinto. Eu odeio Viktor mas Anelise não tem nada haver com ele, nem se parecem.

Eu seria injusto com ela não entendesse seu lado, se ela descobriu isso a pouco tempo, não levaria muito tempo até que ela me dissesse. E talvez já teria dito se não tivéssemos tido a intromissão de Lizabeth.

Respiro fundo ao entrar dentro da sala de aula. É quando vejo Anelise sozinha sentada no seu lugar de sempre, tão linda como uma miragem. E como ontem, seu rosto não possui expressão alguma, e seus olhos parecem frios e sem vida. Sinto que ela mudou, e que não a conheço mais, e a culpa é tanto minha quanto desse passado maluco que Viktor lhe impôs.

Mas não importa, não vou deixá-la de novo. Caminho até ela e me sento ao seu lado. Ela me olha parecendo surpresa embora sua expressão continue a mesma. Contudo, o professor entra dando início a aula, falando algo que não ouço.

Sorrio gentilmente apenas para que ela veja, levo minha mão e seguro a sua sobre a mesa, apertando gentilmente.

- Sinto muito por ontem...- Sussurro.- Não foi tão fácil processar tudo... Mas quero que saiba que não dou a mínima para isso. Nada vai mudar entre nós...

Levo sua mão até meus lábios e beijo seus dedos. Ela me olha com um sorriso contido nos lábios. Anelise não diz nada, apenas se aproxima mais, depositando um beijo casto em minha bochecha e em seguida encostando a cabeça em meu ombro.

- Era tudo o que eu precisava ouvir...- Ela sussurra.

Passo meu braço ao redor de seus ombros, então tanto eu quanto ela passamos a ouvir Betho.

-..... e logo serão as audições, por isso hoje vou dar a aula livre para que pensem no que vão apresentar, para que ensaiem ou para que tirem dúvidas...- Betho diz.- Isso é tudo.

Em seguida todos os alunos se dispersam, vejo o olhar de Betho parar em Anelise e em mim, ele então sorri e se vira para um grupo de alunos. Anelise se afasta de mim apenas para se endireitar na cadeira.

- Posso te mostrar uma coisa?- Anelise pergunta.

- Claro.

Anelise então se levanta e pega um violão no canto da sala, logo após ela volta e se senta ao meu lado. Seus dedos deslizam pelas cordas do violão dando vida a uma agradável melodia, uma melodia alegre e um tanto quanto agitada.

.....Sere fiel a la voz que hay en mi ser....

....Quien me dice que me anime a volar y a ser libre....

....Seguir las señales que me pintan el camino....

....Y enfrentarme con los retos del destino....

  Uma Bartholy?Onde histórias criam vida. Descubra agora