Capítulo 112

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Era como se um filme passasse pela minha mente, e conforme eu assistia, cada lacuna era preenchida. Havia tantas informações, tantas lembranças, que minha cabeça estava confusa. Mas quando a calmaria chegou, eu pude me concentrar em tudo. Em quem eu era, em quem eu fui e em quem eu havia me tornado.

Eu me sentia estranha. Como se tivesse morrido e depois acordado com as lembranças de outra vida. Uma vida que eu vivi enquanto estava inconsciente... O que é tão inacreditável.... E o meu pai ele... Céus ele fez tanto mesmo sem eu saber....

Me sentia presa no eco da minha consciência, eu não conseguia acordar, apenas meditar, entre minhas duas memórias... Demorou, mas eu finalmente consegui sentir meu corpo real, estava na hora de encarar o que quer que estivesse me esperando na realidade. 

Minha consciência estava voltando, e eu senti a presença de alguém próximo a mim, segurando minha mão. Mas eu ainda não conseguia abrir os olhos e nem me mexer. Não sabia quanto tempo havia se passado, eu precisava acordar mas era como se estivesse presa.

Concentrei minha energia ao redor do meu corpo, ela limpava qualquer sinal de feitiço que me mantinha inconsciente. Então eu finalmente consegui me mexer, eu sentia que havia pessoas ao meu redor, e quando finalmente abri os olhos e me levantei, eles estavam me encarando. Olhei para eles e em seguida para ele, a pessoa que segurava minha mão, durante todo o tempo ele estava aqui... Mas logo tratei de afastá-lo. 

- O que estão fazendo no meu quarto?- Pergunto irritada.

Sempre odiei que entrassem no meu quarto. Eles me olham confusos e espantados, então o rapaz loiro se aproxima e se senta ao meu lado, ele segura a minha mão e meu rosto.

- Nós estávamos preocupados Anne...- Ele diz me olhando com ternura.

Então seu rosto me vem a mente. Meu irmão. Eu tenho um irmão.

- Drogo....

Drogo sorri e me abraça.

- Anelise! Você acordou!- Uma garotinha pula na cama e se coloca entre nós dois. 

Minha irmã... Lorie. Eu tenho irmãos agora... 

Lorie continua me abraçando quando Drogo se afasta. Observo cada um deles e seus nomes e rostos me vem a mente. 

- Como se sente?- Nicolae pergunta.

- Viva.- Respondo simplesmente.- Que dia é hoje?

- Dia seis de novembro...- Ele responde.

Então se passou uma semana...

- Precisa de algo querida?- Amélia pergunta.

- Sim.- Respondo e ela sorri.- Preciso ficar sozinha. 

Ela me olha surpresa.

-Podem por gentileza sair do meu quarto?

- Ela tem razão, vamos deixá-la descansar.- Drogo intervem.- Se ela precisar de algo ela vai pedir.

Todos concordam e saem, mas Peter demora alguns segundos para se levantar, Drogo o puxa pelo braço e murmura um "agora não..." e o leva para fora do quarto. 

Olho ao redor agora que tudo está em silencio e eu estou sozinha. Me levanto quase que imediatamente, o que faz quase perder o equilíbrio, eu dou risada sozinha, e olho para minhas mãos. Caminho até um espelho e me observo. Sorrio com algumas lágrimas nos olhos. Era eu, finalmente era eu. Anelise e Viktoria. Caminhei até a porta da varanda e abri as cortinas deixando a luz do dia entrar e iluminar o quarto. 

- Encontré mi verdad...- Canto.- Y ahora sale el Sol para mí... Y todo tiene sentido, soy lo que fui. Soy, soy, soy... Soy yo... 

Saio do quarto ainda de pijama e pés descalços. Não havia ninguém no corredor, então me apresso. Desço as escadas rapidamente, mas quando o vejo no hall de entrada andando até a porta, minhas pernas congelam. Ele para de andar também no meio do caminho, e por alguns segundos ficamos assim. Quando ele se vira para me olhar, meu coração palpitava tão rápido que pensei que fosse sair pela minha boca.

- Papai...- Sussurro.

- Tory?- Ele pergunta me olhando com um misto de ternura e alívio.

Sorrio sem conseguir conter as lágrimas. Corro até ele que me envolve em um abraço. 

- Eu me lembro eu.... Eu...- Me perco com as palavras.

- Minha princesinha, é você...- Ele segura meu rosto e me observa.-  Não sabe o quanto senti sua falta...

- Me desculpa, foi tudo culpa minha...- Digo sem conseguir encará-lo nos olhos.- Aquela noite, se eu não tivesse fugido nada daquilo teria acontecido e você não teria que ter pago em meu lugar....

- Não...- Ele sorri.- A culpa não foi sua... Eu que te devo desculpas por ter sido um pai ruim, se não fosse por mim você não teria fugido para ver aquele lobo infeliz...

Sorrio e o abraço.

- E se não tivesse fugido, não seria minha filha.- Ele ri.

Eu finalmente me sentia segura, em casa, e acima de tudo, era eu, era realmente eu.

- Viktor você....

Nos afastamos assim que Tio Caspian cruza a porta da frente, ele se interrompe quando seus olhos param em mim.

- Tio Caspian.- Sorrio.

- Minha sobrinha...- Ele diz vindo em minha direção e me abraçando.- Não sabe o quanto deu trabalho pirralha.- Ele diz em tom severo mas logo ri.- É muito bom te ver de novo....

- Finalmente em casa.- Meu pai diz.

- É muito bom mesmo te ver Tory... Mas creio que não tenhmos tempo para comemorações.- Tio Caspian então se vira para papai.- Foi decidido que vamos nos reunir com os demais daqui uma hora. 

- Perfeito.- Ele diz dando de ombros.

Meu pai me olha e sorri.

- Receberemos convidados em breve, gostaria de participar?- Ele pergunta.

- Por que não?- Sorrio.

É quando Nicolae, Drogo e Peter descem as escadas, eles nos observam confusos, com exceção de Peter que olhava para o chão.

- Que bom que estão aqui, teremos visitas em breve, espero vê-los aqui.- Meu pai diz.- Como meus filhos é imprescindível que estejam presentes. 

- Certamente...- Nicolae concorda após alguns segundos.

Percebo então que nenhum deles tem a intenção de perguntar nada, então imagino que eles ja estejam cientes sobre sermos parentes. O que é bom, não tenho que perder tempo dando explicações para ninguém.

- Com licença, tenho que me arrumar.- Digo já subindo os degraus da escada.

- Não se atrase.- Sorrio internamente.

Quando passo por Peter, nos encaramos brevemente, não deixo seu olhar melancólico me intimidar, sei perfeitamente que não estamos mais juntos, o que significa que não lhe devo nada. Afinal a escolha foi dele.

Continuo caminhando em direção ao meu quarto, precisava estar encantadora e enfadonha para impressionar líderes entediantes de outros clãs, como nos velhos tempos. E voltei, e tenho muito o que fazer. A começar por minha vingança, aqueles lobos vão pagar caro por tudo que fizeram a mim, ao meu pai e a meu clã, minha família... El miedo ya no puede detenerme, encontré mi verdad.








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