Uma Bartholy?

Capítulo 118

Eu possuía duas horas livres, poderia ensaiar para o trabalho que apresentaria ou apenas não fazer nada. E eu certamente escolhi a segunda opção. Estava sentada em frente ao piano da sala de música vazia apenas brincando com as teclas.

Hoje não havia sido um bom dia, meus sentimentos e emoções estavam confusos, não sabia exatamente o que sentia. Eu não havia parado de pensar em Peter desde ontem, e eu não era tô-la o bastante para não reconhecer os sintomas, mas ainda havia Oliver... Mas tudo isso, toda essa confusão em minha cabeça não se resumia apenas em minha vida amorosa, mas em todas as áreas dela. Me sentia dividida em tudo, indecisa.

Eu me sentia como se estivesse dividida entre dois mundos, duas realidades, duas versões de mim mesma. Todos parecem preferir apenas uma parte que de mim, a Anelise frágil e ingenua, enquanto eu agora tentava fracassadamente ser a eu de antes, a Viktoria corajosa e independente, mas ainda assim, não conseguia me portar apenas como uma delas, e isso me deixava confusa, eu não era mais a Anelise e também não era mais a Viktoria, e precisava descobrir o que fazer diante dessa situação. 

-  Podemos ensaiar para a apresentação de amanhã?- Peter pergunta se aproximando.

Concordo com apenas um aceno sem olhá-lo. Me arrasto para o lado no banco, para que Peter se sente ao meu lado em frente ao piano. 

- Tory, podemos conversar?- Oliver pergunta próximo ao piano cinco minutos depois.

- Não, estamos ocupados.- Peter responde rapidamente.

- Eu não falei com você, falei com ela.- Oliver diz.

- E eu já respondi, ela está ocupada, quer que eu desenhe?- Peter pergunta.

Eu respiro fundo.

- E agora você virou o que? Interprete?- Oliver rebate.

- Vocês dois querem parar?- Pergunto irritada.

Ambos desviam o olhar. Eu suspiro.

- Me desculpe Olie, eu tenho que ensaiar para amanhã, ainda nem começamos... Podemos nos falar depois?

Oliver sorri.

- Sim, não se preocupe, podemos nos falar no almoço?

- Combinado.

- Certo, vou deixar vocês ensaiando...- Ele diz trocando olhares hostis com Peter.

Oliver sorri e se afasta, logo não o vejo mais. Peter então se levanta.

- Quer saber? Não vamos mais ensaiar, pode ir com ele se quiser.- Peter diz rispidamente. 

- Eu não disse que queria ir, precisamos fazer essa droga de trabalho, não temos nem a letra ainda...- Resmungo.

Peter passa a mão no cabelo e me olha nervoso.

- Mas se prefere ficar sozinho, eu não vou lhe incomodar.- Digo.

Me levanto com a intenção de pegar minha bolsa, mas Peter segura meu braço.

- Você não vai a lugar algum.- Peter afirma.

Me viro para olhá-lo, lhe dirigindo um olhar de deboche. 

- Não me faça rir Peter... Quem vai me impedir, você?

Peter então me olha parecendo magoado e solta meu braço, e no mesmo instante, me senti arrependida pela minha atitude.

- Não, tem razão... Não posso lhe obrigar a ficar comigo.- Peter diz pegando sua mochila.- Vou lhe dar uma folga da minha companhia. Nos vemos depois.