Boa leitura!
Anelise on
Depois de ser ignorada desisto de bater na porta de seu quarto e volto para o meu, me jogo na cama sem entender o que houve.
Simplesmente não entendo, eu não lembro de ter feito algo para deixá-lo assim, ele estava tão bravo, o seu olhar era tão acusador, senti como se ele pudesse ler a minha alma. E mesmo sem entender me sinto tão culpada, sei que sou idiota por pensar assim já que não fiz nada mas a forma que ele me tratou... Suas palavras não saem de minha mente. "Eu não quero falar com você... Com licença...."; "Por favor me deixe em paz!"; "Apenas não me procure mais."
Meus olhos estão embaçados e lágrimas molham minhas bochechas, meu coração se aperta como a muito tempo não fazia. A pior coisa do mundo é quando alguém faz você se sentir especial, e derrepente, te deixa de lado.
Será que vou viver assim pelo resto da eternidade? Com o coração em pedaços.... Juro que teve uma hora que eu parecia que ia dar certo.
Passei um bom tempo chorando em silêncio, logo senti o cansaço me dominar, não queria dormir, amanhã eu iria acordar com os olhos inchados. Seco minhas bochechas com as costas das mãos e suspiro, preciso parar de chorar, eu não fiz nada para ele estar bravo comigo, tenho que falar com ele amanhã. Fecho os olhos e o cansaço me domina rapidamente.Saí de casa sem que me vissem, fazem várias luas desde que fujo no meio da noite para encontrá-lo, se o meu pai fosse um pouquinho mais compreensível, sei que ele faz tudo isso para me proteger mas eu também tenho uma vida, ela não consiste apenas em ser protegida, quero muito mais, quero mais que usar vestidos extravagantes, morar em mansões, frequentar festas chiques ou fazer parte da nobreza.
Se ao menos ele me ouvisse, ficou tão irredutível depois da morte da mamãe.
Parei de correr quando puder ouvir a água da cachoeira, andei a passos lentos até chegar perto de uma árvore, me sentei e encostei as costas nela. Olhei para cima, para as estrelas, a lua cheia reflete na água e ilumina onde seus raios de luz chegam.
O vento sopra me causando alguns arrepios, não está frio mas hoje uso um vestido ao envés da calça, camisa e botas que costumo usar para andar na floresta. O vestido é extremamente bonito, possuí um tom azul gelo do tom de meus olhos, o corpete delineia minha cintura mas por outro lado o espartilho extremamente apertado me sufoca, a saia rodada possui várias camadas variando entre tecido e tule branco que caem até depois da panturrilha, as alças do vestido caem em meus ombros e há um decote coração em cima. Meu cabelo está solto, a única coisa que fiz enquanto corria foi desmanchar o penteado que puxava os fios de meu cabelo, foi difícil tirar todos os grampos com luvas nas mãos.
Eu pareço bonita embaixo desses aparatos, mas não sinto como se fosse eu, essa não sou eu. Eu sou a garota que usa roupas masculinas e adora cavalgar e praticar esgrima, a garota que desafia as regras impostas por essa sociedade opressora e machista, a garota que odeia ser tratada como indefesa, a garota que atrai olhares de todos os homens da cidade e coloca todos os pretendentes pra correr, a garota que é filha de um dos homens mais poderosos da Europa, a garota que não aceita ser contrariada, a garota que quebra a maior quantidade de regras possíveis e não dá a mínima para o que pensão dela, a garota que ama cantar e dançar mais que tudo. Essa sou eu. Pelo menos por agora.
Sinto a presença de alguém, olho em volta e vejo olhos vermelhos me observando, quando percebe meu olhar, o lobo caminha em minha direção, sua pelagem cinza é iluminado pela luz da lua cheia. Ele chega bem perto e para a centímetros do meu rosto.
Eu sorrio, levanto a mão e toco sua pelagem quando ele começa a me cheirar, passo a mão em sua cabeça, ele então se afasta e vai para atrás da árvore, minutos depois ele se senta ao me lado em sua forma humana e já vestido.
- Você está deslumbrante.- Ele diz passando os braços ao meu redor e depositando um beijo em minha bochecha.
- Fico lisonjeada.- Digo sorrindo.
Ele sorri de lado.
- Você se produziu toda pra mim?- Ele pergunta com um sorriso malicioso.
- Não.- Digo curta.
- Ah não?- Ele pergunta desapontado.
- Teve um jantar lá em casa, meu pai mandou as servas me arrumarem.... Vim direto pra cá.
- O que houve?- Ele pergunta percebendo meu aborrecimento.
- Não se preocupe, não aconteceu nada.
- Então por que não vejo seu lindo sorriso?- Ele pergunta.
- Podemos mudar de assunto?
Ele me olha, sua mão segura meu rosto fazendo com que olhe em seus olhos.
- Tudo bem, mas pode falar comigo se quiser. Eu vou estar aqui para te ouvir.- Ele diz.
- Eu sei....
- Sabe que eu te amo né?- Ele sussurra.
Eu sorrio, ele se aproxima e junta nossos lábios em um beijo apaixonado e suas mãos me puxam para mais perto. É tão bom sentir o seu toque, o seu maravilhoso cheiro de eucalipto, o seu calor. Perto a total noção do tempo, não existe mais nada além de nós dois, a sensação de estar em seus braços é simplesmente inexplicável.
A cada segundo aquele beijo ficava mais profundo, como se dependessemos disso para viver.
Uma superfície macia se chocou contra minhas costas, e só então percebi que ele tinha me prensado entre seu corpo e a grama. Sem perder tempo, Oliver se encaixou entre minhas pernas, as mãos dele corriam livremente pelas minhas coxas e barriga, assim como as minhas exploravam seu tórax, abdômen e braços.
Seus dedos ágeis começaram a passar mais tempo do que deveriam brincando com a barra de meu vestido, fazendo minha respiração falhar com mais frequência ainda. Seus lábios desceram até meu pescoço, onde ele beijava e mordiscava deixando marcas que teria de esconder amanhã, sentia ondas de calor cada vez mais fortes percorrerem meu corpo a cada segundo.
Seus lábios voltaram a tocar os meus num beijo urgente e possessivo, sinto sua mão acariciar minha coxa nua subindo ainda mais a saia do vestido me fazendo arfar.
- Se não pararmos por aqui..... Eu não vou conseguir parar mais...- Ele murmura em meus lábios.
- Quem disse que eu quero que pare?- Murmuro de volta.
Sinto um pequeno sorriso se formar em seus lábios enquanto ele volta a me beijar.
Ele então se afasta de meus lábios e beija minha testa, sai de sima de mim e me ajuda a levantar, suas mãos seguram meu rosto e ele me olha.
- Eu duvido que tenha alguma chance do seu pai gostar de mim se ele descobrir que a possuí antes do casamento...- Ele murmura acariciando minha bochecha.
Eu suspiro.
- Não fique assim.... Sabe... Estive pensando e resolvi falar com ele, sobre.... Nós.
- O que?! Ficou maluco? Ele vai matar você!- Digo preocupada.
- Quem sabe ele não muda de idéia.... E além do mais, eu não gosto de me encontrar com você assim, sinto que é errado.
- Mas tanto o meu pai quanto sua alcatéia não permitiriam....- Falo.- Tenho medo do que pode acontecer.....
Passo os braços ao redor de sua cintura e ele me abraça.
- Eu sei mas.... Não vejo outra alternativa a não ser que você aceite a minha proposta de fugir....- Ele diz ao meu ouvido.
- Meu pai me procuraria até o fim do mundo se fugirmos....
- Eu te protegeria, iríamos para bem longe.- Ele sussurra.
O aperto ainda mais contra mim e escondo meu rosto na dobra de seu pescoço.
- Eu te amo...- Sussurro
- Eu também te amo... Não se preocupe com nada, vou falar com seu pai.
- Mas tome cuidado.... E me avise quando for, não quero que vá sozinho...- Digo.
- Como quiser.- Ele responde e deposita um beijo em minha cabeça.
- Não quero perder você....
- Você não vai...- Ele diz.Acordo assustada quase pulando da cama, olho ao redor e percebo que estou em meu quarto. Foi um sonho.... Um sonho muito estranho, foi como uma lembrança.... Não me recordo direito do que aconteceu mas parecia tão real.... Isso está começando a virar rotina, será que eu realmente tenho que me lembrar de algo?
Me sinto estranha, meu peito se aperta como se sentisse falta de algo, uma inexplicável saudade de algo ou alguém que não faço ideia do que ou quem seja ao mesmo tempo que sinto essa melancolia me invadir.
Preciso falar com Viktor sobre isso, não confio nele mas ele com certeza sabe de algo, e além disso, preciso lhe cobrar a sua parte do acordo, eu já estou fazendo a minha, ele tem que fazer a dele. E eu quero respostas.
Tenho que parar de dar tanta atenção a esses sonhos, olho para o relógio e percebo que já é de manhã. Resolvo me levantar e vou para o banheiro, depois de me arrumar saio do quarto, preciso falar com o Peter o mais rápido possível.
Desço as escadas e ando até a sala de jantar, ela está vazia, não há ninguém aqui e a mesa está vazia, meu estômago ronca e minha garganta está seca, vou até o escritório e pego uma bolsa de sangue do estoque do Viktor, ele disse eu poderia pegar quando quiser. Caminho até a cozinha enquanto bebo o sangue, chegando lá a bolsa já está vazia, a jogo no lixo e como algumas besteiras que encontro.
Saio da cozinha e vou até a sala ver se encontro alguém, acabo dando de cara com quem eu precisava falar. Peter me ignora e está prestes a sair quando seguro seu braço.
- Peter espera...- Peço.
- O que foi?- Ele pergunta.
- Precisamos conversar....- Digo.
- Não temos nada para conversar.- Ele diz seco.
- Claro que temos! Você está me tratando mal e eu preciso saber o motivo!- Aponto.
Ele suspira e finalmente se vira ficando de frente pra mim.
- Anelise....
- Apenas me diz porque está bravo? Eu fiz algo que não lhe agradou? Foi algo que eu disse?
Anelise off
Peter on
Olhando para ela agora eu não consigo raciocinar direito, eu sei o que eu ouvi mas quando ela me olha com esse olhar melancólico, tenho vontade de a abraçar.
Ontem a noite quando ela foi falar ao telefone fiquei a esperando perto da escada, mas Lorie desceu e tive de colocá-la para dormir, depois disso eu queria ir até o quarto de Anelise. Não tinha um motivo para ir vê-la, mas queria estar com ela, desde que a conheci tenho essa necessidade de estar sempre ao seu redor, e isso aumentou ainda mais quando começamos a ter algo.
Quando tomei coragem fui até seu quarto, mas parei quando ouvi vozes, me aproximei para bater na porta quando ouvi aquelas palavras. Lian e Anelise conversavam, acho que nunca senti tanta raiva quanto quando escutei aquilo ao me aproximar da porta.
"Palavras são incapazes de expressar todo sentimento que tenho por você, eu estou completamente apaixonado por você... Eu te amo...", Ouvi Lian dizer, mas congelei quando ouvi a voz de Anelise, "Eu também te amo".
Senti meu coração ser partido ao meio, uma dor avassaladora tomou conta de mim, a partir daquele momento não consegui pensar com clareza, havia tristeza e raiva misturados. Uma parte de mim era tomada pela raiva e acreditava naquelas declarações, já a outra parte, me dizia que tudo não passava de um mal entendido, que eu devia falar com Anelise, que ela nunca partiria meu coração dessa forma.
Deixei a raiva falar mais alto e a tratei mal quando a vi, mas ontem e agora, a vendo em minha frente com os olhos cheios de lágrimas sinto que devo ouvi-la, mesmo estando magoado.
- Peter... - A ouço falar.
Dou um passo em sua direção e estava prestes a falar algo, quando alguém bate na porta. Anelise e eu olhamos para a porta, evidentemente surpresos, não é comum alguém vir aqui. Dou as costas para Anelise com intenção de ir até a porta.
- Espera, eu estou falando com você!- Ela diz.
- E eu estou indo atender a porta.
- Qual é o seu problema?! Você não pode simplesmente me dizer porque está bravo?
- Por que não pergunta pro Lian? Vocês são tão próximos, trocam até declarações de amor.- Falo irritado.
- O que?- Ela pergunta parecendo confusa.
- Não se faça de desentendida....
- Espera.... Você estava ouvindo minha conversa..? Mas.... Ele disse que...
- Eu sei o que ele disse. E também o que você respondeu.- Falo.
- Eu não acredito....- Ela diz sorrindo.- Foi um mal entendido.... Ele estava me contando que....
- Falamos sobre isso depois.- Digo.
- Como depois? Precisamos conversar agora, foi tudo um mal entendido.- Ela diz.
Caminho até a porta e a abro depois de alguns segundos. Aregalo os olhos quando vejo quem é.
- Dorothy?O que acharam?
Até o próximo capítulo🤗
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Uma Bartholy?
FanficDesde que nasceu, Anelise nunca foi uma garota normal, via e ouvia o que ninguém mais podia. Quando seus pais morreram anos atrás, foi transformada em vampira junto com seus irmãos, mas por obra do destino se viu sozinha por causa de desentendimento...