Capítulo 76

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"Preciso falar com você, estou aqui em frente ao portão. - Oliver."

Fico imóvel por um minuto. E no instante seguinte estou substituindo minha roupa confortável por outra mais apresentável. Um jeans escuro, uma blusa verde limão de alcinha e botas de couro. Me olhei no espelho e me surpreendi ao perceber que estava com uma aparência normal apesar de tudo, mantenho o cabelo preso em um rabo de cavalo e então, sem mais delongas, saio do quarto.

Caminho rapidamente pelo corredor e desço as escadas, ao chegar na porta agradeço mentalmente por não ter encontrado ninguém no caminho. Desço os degraus da entrada em um ritmo uniforme, apenas caminho até o portão disfarçando a ansiedade. Por sorte eu demorei um tempo me trocando, não vai parecer que vim correndo.

Quando chego até o portão logo avisto Oliver que se encontrava no outro lado da rua, estava encostado em uma moto com as mãos nos bolsos da jaqueta. Quando me vê, Oliver sorri alegremente, em seguida vem em minha direção, e eu fecho o portão após sair.

- Espero não estar atrapalhando.- Oliver diz.

- Você nunca atrapalha.- Digo sorrindo.- Muito pelo contrário.

Oliver sorri de lado.

- Queria saber se estava bem, não a vi nos últimos dias... Devo confessar que senti sua falta.- Ele confessa.

- Bem, você também sumiu nos últimos dias...

- Você me pegou.- Oliver ri.- Mas eu tinha um bom motivo, e não parece ser o seu caso...

Fico em silêncio, não sei o que dizer.

- Está livre agora?- Pergunta ele.

Olho para trás, para a mansão atrás do portão, e no mesmo instante, avisto Nicolae e Amélia pela janela, ambos com uma expressão séria no rosto, com o mesmo olhar dirigido a mim, decepcionado, julgador, acusador, como se eu fosse a uma coisa repugnante. Desvio o olhar dos dois e volto a olhar para minha frente. É quando encontro o olhar de Oliver sobre mim, Nicolae e Amélia, e por um momento parece entender a situação.

- Gostaria de me acompanhar?- Oliver estende a mão para mim. Seu olhar é gentil e atencioso.

Estendo a mão para Oliver e deixo que ele a segure. Oliver a segura com firmeza, como se a qualquer momento eu pudesse desaparecer.

- Eu adoraria.- Respondo por fim.

Oliver me conduz para o outro lado da rua, até sua moto. Ele me entrega seu capacete e me ajuda a colocá-lo, sobe na moto em seguida e pede para que eu faça o mesmo. Quando sento atrás dele, seguro com as mãos uma ponta de sua jaqueta um pouco envergonhada. Entretanto, Oliver segura minhas mãos e me faz abraçá-lo pela cintura.

- Não quero que caia.- Se justifica.

Ouço o motor da moto roncar abaixo de nós, um segundo depois estamos andando a toda velocidade, o que me deixa tensa e me faz abraçá-lo com mais força ainda devido ao impulso. Sinto seus músculos tensos, e seu cheiro de eucalipto é o único aroma que consigo sentir devido a proximidade entre nós.

Encosto a cabeça em seu ombro quando percebo que seu contato é a melhor sensação que senti nos últimos dias. Apesar da vergonha, gosto da sensação de abraçá-lo. E ele não parece se incomodar. Fecho os olhos e apenas aprecio o momento.

                         ....................

O ambiente era realmente agradável. Pessoas dão risada e parecem se divertir, cada mesa deve ter uma roda de amigos íntimos, mas aparentemente todos se conhecem. E para minha surpresa, a maioria era vampiro ou lobisomem, juntos. A iluminação é feita apenas por pequenas luminárias brancas, que também são utilizadas tanto para enfeitar quanto para iluminar o pequeno palco em frente as mesas. É uma lanchonete muito aconchegante.

  Uma Bartholy?Onde histórias criam vida. Descubra agora