Boa leitura!
Brenda on
Depois de muita enrolação da Anelise e do Lian nós finalmente entramos na boate, o caminho para cá teria sido calmo se não fosse o Lian que só sabe encher o saco. Tá pra nascer alguém mais insuportável.
O importante é que nós chegamos, depois de descer do carro, andamos até a entrada e entramos no salão, o som da música eletrônica predomina no local, a iluminação é feita por luzes coloridas que ficam piscando e se movendo, há várias pessoas dançando e bebendo, algumas até se pegando.
- E então?- Pergunto para Anelise.
Ela observa o local olhando ao redor, as vezes ela parece uma criança curiosa.
- É bem animado aqui.... Eu gosto.- Ela diz.
Eu sorrio.
- Eu não disse? Agora vamos dançar!- Falo.
- Por que não vamos beber alguma coisa?- Lian diz atrás da gente.
- Boa idéia.- Anelise diz.
Eu reviro os olhos, mas não digo nada, é melhor ignorar do que discutir a noite toda.
Vamos até o balcão e o barman logo faz nosso pedido, peço uma vodca, Anelise e Lian pedem um drink da qual eu não sei o nome.
- Eu já falei o quanto estão encantadoras hoje?- Lian pergunta.
- Que graça.... Muito obrigada gentil senhor.- Diz Anelise.
Eu reviro os olhos, pessoas ricas são cheias de charme barato, se fazem de bem educados só por aparência. Ainda bem que Anelise não é assim, já o Lian.... Não posso dizer muito, mal nos falamos se não for pra discutir, nem nos conhecemos na verdade.
- É são os seus olhos....- Digo debochada.
Anelise e Lian riem e eu sorrio, sempre me impressiono com minha capacidade de falar a primeira merda que vier na minha cabeça.
- Vou considerar seu sarcasmo como um obrigada.- Lian diz com um sorriso torto.
Tão gentil quanto uma onda, quando menos se espera, te derruba.
- Pense o que quiser...- Digo.
O barman serve nossas bebidas e o vejo dar uma piscadela para Anelise. É Peter, não sabe o que tá perdendo, desde que entramos, eu notei vários caras a comendo com os olhos, ela é muito bonita, queria eu ser bonita desse jeito, não que eu não seja mas olha pra ela. Se ela quisesse ficaria com o cara que quiser sem nenhum esforço.
Percebo então que Anelise e Lian trocaram alguns olhares cúmplices, então Anelise levanta uma sombrancelha divertida e se levanta após tomar seu drink num gole só.
- Eu já volto, vão dançando enquanto isso.- Ela diz e sai.
Olho para Lian ao meu lado, nossos olhares se encontram e eu logo foco na minha bebida.
- Bom, eu vou dançar.- Falo me levantando.
Saio de lá antes que ele tenha tempo de questionar e me dirijo para a pista de dança que já se encontra lotada.
Eu danço no meio da multidão, a música alta é contagiante, por um momento me esqueço de tudo, até que encontro o olhar de Lian que está sentado no balcão me encarando de uma forma estranha, me sinto quase que com vergonha, nunca o vi me olhar assim. Ele dá um pequeno sorriso ao notar meu olhar, vejo uma garota loira se aproximar dele e por algum motivo fico nervosa ao notar a parte do corpo dele que ela colocou a mão.
Rapidamente desvio o olhar e pego mais um copo de vodca, volto a dançar e não vejo o tempo passar enquanto bebo, fico cada vez mais zonza, não sei quanto tempo passa, sei apenas que estou bem longe de estar sóbria. Sinto mãos na minha cintura, olho para trás e vejo um rapaz loiro muito bonito, sorrio e começamos a dançar juntos, no meio do ato, ficamos de frente um para o outro ainda dançando, suas mãos descem pela minha cintura e chegam até minha bunda.
- Brenda!- Ouço a voz de Lian quando estávamos prestes a nos beijar.
Me separo do rapaz e olho para trás, vejo Lian próximo a nós parecendo sério.
- O que?- Pergunto seca.
- Podemos conversar?- Ele pergunta.
- Agora? Sobre o que? Eu tô ocupada não tá vendo?
- Precisamos conversar.- Ele diz e logo completa.- Em particular.
Ele olha para o rapaz, que logo se afasta.
- Tá maluco? Por que fez isso?- Falo brava.
- Você não devia ficar com qualquer um....
Ignoro completamente seu comentário, o álcool já havia começado a dar sinais.
- Não viu que ele era bonito? O que é tão importante pra me interromper?
Ele me olha de uma forma que eu não consigo decifrar, minha visão está borrada, dou um passo e cambaleio pra frente, Lian me segura e evita que eu caia.
- Está na hora de ir embora, você passou horas bebendo.- Lian diz.
Derrepente o chão some e me vejo sendo carregada, me dou conta de que Lian está me carregando.
- O que está fazendo?- Pergunto me atropelando com as palavras.
- Procurando a Anne pra gente ir.- Ele diz.
- Ela tá no balcão.... Com um garoto.- Falo ao me lembrar de ter a visto.
Ele para de andar e sigo seu olhar até Anelise.
- Anelise, eu vou levar Brenda pra casa antes que ela faça algo que vá se arrepender .- Lian murmura.
Ele fala tão baixo que me pergunto como ele espera que Anelise escute estando a cinco metros de distância, ainda mais com essa música alta. Mas então vejo Anelise virar para Lian e balançar a cabeça em sinal de positivo. Lian então se dirige para fora da festa comigo em seus braços.
- O que foi aquilo?- Pergunto.
Ele não me responde, apenas segue em direção ao seu carro.
- Eu duvido que ela tenha te escutado....- Digo novamente desnorteada.
- Você não precisa saber sobre isso agora... Está bêbada.
Ele me coloca no chão ainda com um braço ao meu redor, abre a porta do carro e me coloca sentada no banco do carona, rapidamente ele me prende com o sinto e fecha a porta. Lian entra no carro e sinto o motor ligar.
Meus olhos estão fechados, me sinto cansada e tonta, não quero nem ver amanhã, ninguém merece acordar de resaca. Acho que o carro está andando mas não tenho certeza, e estou com muita preguiça de abrir os olhos e conferir, sinto minha consciência sumindo até restar apenas a escuridão e a calma do sono.
Brenda off
Anelise on
Depois do barman ter trago nossas bebidas, bebo meu drink e me levanto para deixar Lian e Brenda sozinhos, eles precisam de privacidade para se acertarem. E eu não quero ficar de vela.
Ando pela festa notando vários olhares em mim, creio que muitos rapazes daqui são da universidade, alguns rostos são conhecidos. Não estou no clima para dançar, nem para festas, vim apenas porque Brenda insistiu e eu queria que ela se aproximasse de Lian, talvez se ele a vir com outro cara tome iniciativa.
Vou até o banheiro mas dou meia volta quando ouço gemidos vindos de lá, não sou obrigada a ver o que está acontecendo lá se for o que eu imagino.
Volto para o salão e me sento em uma parte afastada do balcão, o barman logo me serve um drink, o mesmo de agora a pouco, ele sorri e pisca novamente. Eu seguro o copo e noto um papel dobrado embaixo do mesmo, o pego e vejo um número no verso, olho para o barman que ainda me olha enquanto serve uma garota e sorrio.
Quem dera fosse tão fácil ficar com alguém dessa forma, sem ao menos saber seu nome, isso não está na minha educação. Ainda mais estando com alguém em sua cabeça.
Tomo meu drink enquanto tento esquecer o que houve, esse drink é realmente forte, é apenas o quinto copo e já sinto o álcool em meu organismo, estou vendo que vou sair daqui bêbada pra variar.
Queria apenas que Peter acreditasse em mim, não posso deixar de me sentir magoada, mas não com isso já que a culpa não foi dele e sim por ele ter escolhido ficar com a Dorothy. Pensei que nunca mais sentiria isso por alguém, ciúmes.... Não nessas proporções já que sou extremamente ciumenta, era assim apenas com Matteo.
Sou uma idiota de acreditar que Peter sentia algo por mim, ele nem se preocupou se iria ferir meus sentimentos, e sou mais idiota ainda por abrir meu coração a alguém que conheço a apenas alguns meses, depois de tudo que passei com Matteo me fechei para qualquer tipo de relacionamento amoroso, e agora que decidi tentar apenas me feri.
Meu copo estava novamente vazio, o empurro para frente e espero o barman voltar e o encher novamente. Derrepente um copo cheio é empurrado para minha frente, olho para o lado e vejo um rapaz sentado ao meu lado, ele me lança um pequeno sorriso de lado e indica o copo para que eu o pegue.
Ele é muito bonito, mas o que mais me chama a atenção é a forma que ele me olha, seu olhar é familiar, quase como se o conhecesse.
- Pra você...- Ele diz.
Sua voz é grave e aveludada, possue um timbre agradável de se ouvir, e me trás a sensação de frenesi, poderia ouvi-la por muito tempo, e uma sensação que desconheço se misturam com ela, quase como um déjà vu.
- Por que?- Pergunto.
Ele retorna a olhar para mim, seus olhos escuros me examinam, ele possue a pele bronzeada, como se viesse de algum lugar quente, seu cabelo castanho está bagunçado lhe dando um ar despojado.
- Porque parece estar precisando mais....- Ele diz e bebe um gole da sua bebida.
- Obrigada mas não precisa.- Falo e empurro o copo em sua direção.
Não é porque ele é bonito que eu tenho que aceitar a bebida de um estranho. Ele levanta uma sombrancelha aparentemente surpreso mas então sorri.
- Não confia em mim?- Ele pergunta e então percebo um tom de deboche em sua voz, algo como uma piada interna.
- O que você acha?- Pergunto pergunta no mesmo tom.
- Você não parece ter um gênio forte, teve um dia ruim?- Ele pergunta sem rodeios.
O olho boquiaberta. Ele age como se fôssemos amigos de longa data, como se me conhecesse, sua presença me desconcerta de uma forma indescritível. Enquanto o observo, aquele sonho que tive passa pela minha cabeça, aquele em que a garota que se parecia comigo jogou um rapaz na água.
Devo estar ficando louca, o que ele tem haver com meus sonhos? Nada, então por que enquanto o olho vários flashes passam em minha mente?
- Está tudo bem?- Ele pergunta com um tom de preocupação.
Então noto que fechei os olhos e minhas mãos estão fechadas. Abro os olhos e o vejo que ele me olha preocupado, e que está mais perto do que antes, pois havia um banco entre a gente e agora não há mais nenhum já que ele se sentou nele.
- Sim está.- Respondo.
- Tem certeza? Você....
- Gostaria de ficar sozinha se você não se importa..- O interrompo.
- Está me mandando embora?- Ele pergunta parecendo ofendido.
- Basicamente....- Digo.- Mas não se sinta ofendido, eu quero ficar sozinha, mas eu também posso sair daqui se você não quiser ir.- Completo.
Ele me olha sem nenhuma expressão no rosto, mas por algum motivo sinto que seu olhar é melancólico, não aparenta mas é como se eu simplesmente soubesse.
- Eu cansei de beber, quer ir lá fora?- Ele pergunta largando o copo.
- Como?- Pergunto surpresa.
Eu não mandei ele ir embora.
Ouço Lian dizer que vai levar Brenda embora e aceno positivamente.
- Tem um food truck no outro lado da rua.- Ele diz.
- Ah é? Por que não chama sua namorada pra ir lá?- Falo.
- Eu não tenho namorada....- Ele diz.- E você? Tem namorado?
Desvio o olhar.
- Acho que não tenho mais um namorado.- Murmuro.
- Por que?
- Não importa.- Digo.
Ele não diz nada, por um momento eu quase pensei que ele tinha desistido.
- Então vamos.- Ele fala e eu olho para ele.- Apenas um hambúrguer, pode confiar em mim....
Ele se levanta e estende a mão pra mim, diante da minha hesitação, me lança um sorriso encorajador.
Me levanto e estendo minha mão e ele a segura, mas logo em seguida a solto e o olho desconfiada.
- O que você é?- Pergunto ríspida.
Ele suspira e passa a mão no cabelo.
- Um lobo....- Ele confessa depois de alguns segundos.
- E o que quer comigo?
- Calma eu não quero nada....- Ele diz levantando as mãos em sinal de rendição.- Também só percebi que você não era humana agora....
Sinto que ele não está dizendo a verdade, mas por algum motivo não me importo, sinto que posso confiar nele, não sei explicar o porquê disso.
- Você não gosta de lobos?
- Não tenho nada contra, a não ser que me ataquem.- Respondo.
- Digo o mesmo sobre vampiros morceguinha.
Olho pra ele, não consigo decifrar essa estranha familiaridade que temos. Mas não importa, não estou sóbria para pensar nas consequências de qualquer escolha que fizer agora, e estou cansada demais para julgar alguém a primeira vista.
- Obrigada pelo convite mas eu prefiro ir pra casa, eu não estou totalmente sóbria.- Digo.
- Tudo bem, te incomoda se eu te acompanhar?- Ele pergunta.- Já vou avisando que estou a pé.
Eu sorrio. É estranho a capacidade que esse estranho tem de me acalmar, é completamente anormal esse sentimento de cumplicidade que parecemos ter.
- Eu não sei se é uma boa idéia.- Admito.
- Por que não? Só vou acompanhá-la, nada de mais. Mas não tem problema se você não quiser.... Eu apenas gostaria de ter companhia por alguns minutos.- Ele termina de falar com ar melancólico em seus olhos.
Me pergunto porque ele ficou triste derrepente, ele deve ser um lobo solitário ou talvez apenas alguém que precisa da companhia de alguém que o ouça. Ou assim como eu, deve se sentir sozinho depois de alguma decepção.
- Tudo bem, se você quiser....- Digo.
Ele sorri.
- Vamos?
- Sim vamos.- Ele responde.
Caminhamos para fora da festa, ele me guia pela multidão de jovens que há na rua, conseguimos passar por eles e andamos pela rua quase deserta iluminada pelos poucos postes de luz e pela Lua minguante.
- A propósito, eu sou o Oliver.- Ele diz.- E você?
- Anelise.- Respondo.
- Anelise.... É um belo nome, combina com você.
É impressão minha ou estamos flertando?
- Obrigada...
- Mas eu prefiro morceguinha.- Ele diz.
- Como? Nem nos conhecemos e você acha que já tem toda essa intimidade...
- Claro que nos conhecemos.... Minha querida Tory....- Ele murmura.
- Quem?
- Não, nada....
Decido não perguntar, mal vejo o caminho a minha frente por conta da minha visão embaçada, imagine raciocinar direito.
- Você mora por aqui?- Pergunto.
- Sim.... Me mudei a algumas luas.- Ele diz.
- Sozinho?
- Não, com a minha família. Vamos passar algum tempo por aqui.
- Ahh.
- E você?
- Não faz muito tempo que vim pra cá, deve ter uns três meses.- Falo.
Enquanto jogamos conversa fora, logo chegamos na mansão Bartholy, sua companhia é muito agradável, quase esqueci que estava triste. Depois de vários tropeços na qual Oliver me segurou, ele me ajuda a subir as escadas e paramos de frente a porta.
- Acho que isso é um adeus.- Digo.
- Eu diria que tá mais para um até logo.- Ele retruca.
Eu sorrio.
- Claro....- Falo abrindo a porta.
- Foi um bom passeio. Espero que tenha gostado.
- Foi bem agradável, e obrigada por me acompanhar.- Digo.
- Imagina, agora.... Tenha uma boa noite.- Ele diz.
Me viro para trás e percebo que ele sumiu. Espero vê-lo novamente, mas nem sei se me lembrarei dele pela manhã.
Entro em casa e fecho a porta, cambaleio pelo hall e subo as escadas tentando não cair, me dirijo até meu quarto pelo corredor mas paro assim que vejo uma silhueta familiar em frente a porta do meu quarto.
- Quem era ele?- Ele pergunta.
Caminho até lá tentando não tropeçar nos meus próprios pés.
- Peter agora não..... Não estou com cabeça pra...
- E você acha que eu tenho? Eu passei o dia tentando falar com você! Sabe que horas são?! Três horas da manhã. TRÊS DA MANHÃ!
Dou um passo para trás assustada, nunca o vi assim.
- E onde você estava? Com aquele cara que te trouxe aqui! Aliás, que era?
- Que eu me lembre, não te devo satisfação! E você? Não quis ficar com sua querida Dorothy?- Digo com raiva.
Não consigo segurar e as lágrimas caem. Ele passa a mão no cabelo e suspira, ele se aproxima de mim e eu uso minha velocidade para chegar até a porta do meu quarto.
- Aneli....
Entro no quarto e tranco a porta sem virar para trás, ouço Peter bater na porta e me chamar mas o ignoro. Me sento no chão encostada na porta, tiro os sapatos e arremesso pelo quarto, abraço meus joelhos e escondo meu rosto. Apenas deixo as lágrimas caírem.
- Anne.... Abra a porta pra mim.- O ouço murmurar do outro lado da porta.- Me desculpe..... Não devia ter gritado com você.... Apenas me deixe entrar.
Sinto tanta falta dele que acho que se passaram anos ao invés de um dia que brigamos, queria tanto estar na proteção dos seus braços.
Se passam alguns minutos, tomo coragem e me levanto, respiro fundo e destranco a porta.....Me desculpem o capítulo não estar tão bom, foi uma semana muito corrida. Tentei fazer o melhor que podia, espero que tenham gostado.

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Uma Bartholy?
FanfictionDesde que nasceu, Anelise nunca foi uma garota normal, via e ouvia o que ninguém mais podia. Quando seus pais morreram anos atrás, foi transformada em vampira junto com seus irmãos, mas por obra do destino se viu sozinha por causa de desentendimento...